Apesar de registrar 14 mil novos casos em 2017 no Estado do Rio de Janeiro e 70 mil em todo o Brasil, a tuberculose ainda é vista por muita gente como uma doença do passado. Segundo dados do Ministério da Saúde, este é um sério problema da saúde pública, com profundas raízes sociais. Atualmente a taxa de mortalidade é de 4 para cada 100 mil habitantes – só no Brasil, 4,5 mil vão a óbito todos os anos.
A doença atinge principalmente homens, que representam 67% dos casos notificados. Neste sábado (24) é lembrado o Dia Mundial de Combate à Tuberculose, marcando o início da Semana Nacional de Mobilização e Luta Contra a Tuberculose. VIDA & Ação traz um raio X completo sobre a doença e mostra ações para conscientização e enfrentamento.

Rio é a capital com mais casos

A doença  infecciosa e transmissível que afeta principalmente os pulmões atinge pelo menos 10 milhões de pessoas em todo o mundo anualmente, e leva mais de um milhão à morte, de acordo com o Ministério da Saúde. Ainda segundo o MS, a faixa etária de maior incidência é dos 20 aos 40 anos de idade, sendo a maior parte dos casos registrados em homens. A capital brasileira com maior incidência de acometidos é o Rio de Janeiro e Brasília é a que tem o menor número de diagnósticos.
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde, o Rio de Janeiro tem um histórico recorrente de altos números de casos de tuberculose devido às características demográficas, a alta densidade populacional e baixa condição socioeconômica das localidades. “A situação da tuberculose no Estado do Rio pode ser explicada pela alta densidade demográfica, já que a convivência muito próxima por tempo prolongado facilita a infecção. Mais de 86% dos casos estão concentrados na Região Metropolitana”, explicou o subsecretário de Vigilância em Saúde, Alexandre Chieppe.
O abandono do tratamento ainda é o maior desafio enfrentado pelos profissionais de saúde para conter o avanço da doença.  “O tratamento da tuberculose é longo, com duração mínima de seis meses, e é muito importante que não seja interrompido. É preciso conscientizar a população, pois o abandono da medicação pode levar ao retorno da doença, com uma forma mais resistente. A tuberculose tem cura e o diagnóstico precoce é fundamental, tanto para o melhor tratamento para o paciente, quanto para reduzir a possibilidade de que mais pessoas sejam contaminadas”, reforçou o secretário de Saúde do Rio.

Novo tratamento disponível no SUS

O Ministério da Saúde anunciou nesta sexta-feira (23) que pacientes com tuberculose terão acesso a um novo tratamento com menor quantidade de comprimidos, passando de três para uma ingestão diária. Isso será possível com a nova apresentação do medicamento Isoniazida de 300 mg, que além de permitir redução dos comprimidos, favorece a adesão ao tratamento.
O medicamento estará disponível a partir de maio na rede pública. Para a implantação da Isoniazida 300mg, o Ministério da Saúde vai financiar uma pesquisa, desenvolvida pela Universidade Federal do Espírito Santo e com apoio de pesquisadores externos nos estados do Espírito Santo, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e no Distrito Federal.

O Ministério da Saúde vai começar a distribuição pelos estados participantes da pesquisa: Espírito Santo, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e no Distrito Federal. Para isso, a pasta adquiriu 5 mil caixas, que correspondem a 2,5 milhões de comprimidos. O objetivo é conhecer o processo de utilização do medicamento, bem como a sua oferta em tempo oportuno pelos serviços de saúde.

Veja depoimentos de pacientes que se curaram ou estão em tratamento

Teste rápido para tuberculose

 Em 2014, o Ministério da Saúde implantou no país a Rede de Teste Rápido para Tuberculose (RTR-TB), que utiliza a técnica de biologia molecular PCR em tempo real. Denominado “Teste Rápido Molecular (TRM), conhecido como Xpert MTB/Rif ®”, o teste detecta a presença do bacilo causador da doença em duas horas e identifica se há resistência ao antibiótico rifampicina, um dos principais medicamentos usados no tratamento.

Foram distribuídos 248 equipamentos para laboratórios de 128 Municípios, em todas as unidades da federação. Os municípios escolhidos notificam, anualmente, cerca de 65% dos casos novos de tuberculose diagnosticados no país. O investimento inicial do Ministério da Saúde para estas ações foi de cerca de R$ 17 milhões.

Para monitorar a implantação desta rede, mensurar a realização dos testes e auxiliar a vigilância epidemiológica da doença, o Programa Nacional de Controle da Tuberculose publicou, em dezembro de 2015, um relatório em que estão descritas as principais atividades desenvolvidas pelos programas de controle da doença (nacional, estadual e municipal) e laboratórios municipais e centrais no primeiro ano de implantação da RTR-TB.

Além disso, o Ministério da Saúde vai adquirir 70 mil frascos-ampolas do PPD, produto utilizado no teste tuberculínico para auxiliar no diagnóstico da infecção latente pelo Mycobacterium tuberculosis (ILTB). O quantitativo é suficiente para atender a demanda nacional e melhorar o rastreamento da doença.

Opas explica as causas

Campanha marca Dia Mundial de Combate

Para marcar o Dia Mundial de Combate à Tuberculose e estimular a adesão ao tratamento da doença, reduzindo a taxa de abandono, o Ministério da Saúde lança a campanha “Tuberculose tem cura. Todos juntos contra a tuberculose”. Para isso, o tratamento precisa ser feito até o final. O Brasil conseguiu atingir as Metas dos Objetivos do Milênio (ODM) de combate à tuberculose com três anos de antecedência e, em 2015, aderiu ao compromisso global de redução de 95% dos óbitos e 90% do coeficiente de incidência da doença até 2035.

Acesse a campanha ‘Tuberculose tem cura. Todos juntos contra a tuberculose’

A campanha vai ao ar entre os dias 23 e 30 de março e visa conscientizar as pessoas a procurarem a unidade de saúde para o diagnóstico e os pacientes a realizarem o tratamento completo, para atingir a cura. Além disso, pretende alcançar, prioritariamente, os homens entre 30 e 40 anos de idade, das classes C, D e E por meio de um filme com um jingle e peças para internet, outdoors, tv aberta, rádio, jornal e revista.

Fiocruz iluminada de vermelho

Para marcar a data, a Fiocruz iluminou o Castelo Mourisco com a cor vermelha. A cor vermelha, associada à Luta Contra a Tuberculose, remonta a uma decisão da International Union Against Tuberculosis and Lung Diseases (The Union), que padronizou a representação gráfica da cruz dupla em vermelho com fundo amarelo, utilizado desde 1920. Em 2002 foi eliminado o fundo amarelo e a insígnia re-estilizada, mantendo-se a cruz vermelha. A cruz de barra dupla, ou a Cruz de Lorena, é um antigo símbolo cristão e foi proposta pelo médico francês Gilbert Sesiron como símbolo internacional da luta contra a tuberculose em 1902, durante a Conferência Internacional sobre Tuberculose, realizada em Berlim. A motivação de Sesiron foi dar a representação de Cruzada ao combate contra a tuberculose.
Nesta sexta-feira (23), o Centro de Referência Professor Hélio Fraga da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (CRPHF/ENSP), promove o debate ‘Ética, Formação e Prática em Saúde’, com a palestra do pesquisador da ENSP e coordenador do Programa de Bioética, Ética Aplicada e Saúde Coletiva (PPGBIOS), Sergio Rego. Segundo o pesquisador do CRPHF, Pablo Dias Fortes, “o intuito do evento é ser uma oportunidade para refletir sobre um tema de vital integridade para o SUS, perante o compromisso de aprimorar a capacidade de julgamento em relação às decisões que constituem o cotidiano dos serviços de saúde”.

Ação no West Shopping

Ação no West Shopping sobre tuberculose

Neste dia 23 de março (sexta-feira), das 10h às 20h, o West Shopping em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, realizará uma ação de conscientização, em parceria com a Coordenadoria de Saúde – CAP 5.2, de Campo Grande, em apoio ao Dia Mundial de Combate à Tuberculose. Profissionais da saúde percorrerão o mall do empreendimento e abordarão clientes e colaboradores para falar sobre a importância do diagnóstico e tratamento da doença. Atuberculose é uma patologia infecciosa e transmissível, que afeta prioritariamente os pulmões, embora possa acometer outros órgãos e sistemas.

Durante a ação, os agentes vão distribuir folders sobre a doença com dados sobre os principais sintomas e dicas de prevenção. As pessoas que desejarem mais informações, serão encaminhadas a um lounge, localizado no 1º piso, onde um enfermeiro estará presente para orientar sobre a doença e a maneira correta para se fazer o agendamento junto às Clínicas da Família.

Saiba mais sobre a doença

tuberculose é uma doença infectocontagiosa, causada pelo Mycobacterium tuberculosis – Bacilo de Koch -, e afeta principalmente os pulmões, sendo também possível acometer outros órgãos e sistemas do corpo, como ossos, rins e meninges (membranas que envolvem o cérebro). A forma pulmonar é a mais frequente (cerca de 89 % dos casos) e a responsável pela transmissão da doença. Ao final do tratamento, a pessoa está curada, mas já ao final da segunda semana, com poucas exceções, ela deixa de transmitir a doença.  “A tuberculose acomete pessoas com baixa imunidade, como principalmente pacientes HIV positivos, que tenham alguma doença pulmonar, câncer, anemia ou diabetes. Geralmente essas pessoas têm a imunidade enfraquecida e estão mais suscetíveis a adquirir e desenvolver a doença”, explica o médico pneumologista Sérgio Pontes, da Aliança Instituto de Oncologia. 

 

Transmissão – O médico pneumologista Sérgio Pontes, da Aliança Instituto de Oncologia explica que a doença é transmitida pelo ar, através do contato com secreções contaminadas ou portadores da doença. “Acredita-se que cada pessoa infectada com a bactéria, se não tratada, pode contaminar em torno de 15 pessoas no intervalo de um ano”, aponta. A tuberculose não é transmitida por objetos compartilhados, como copos, talheres e pratos.

Sintomas – A transmissão da doença ocorre quando uma pessoa com tuberculose pulmonar, que esteja em fase de transmissão, permanece por tempo prolongado em ambiente com pouca ventilação e sem entrada de sol, em contato com pessoas que não estão doentes. Conforme o médico, os principais sintomas são: tossefebre e sudorese. “Na maioria das vezes, a febre é baixa e aparece no final da tarde, já a sudorese, vem à noite. A tosse pode ser seca ou com catarro e ter ou não a presença de sangue. Os indícios podem estar associados ainda à falta de apetite, emagrecimento intenso, sinais de desânimo e prostração”, destaca Pontes.

Prevenção – Para prevenir as formas graves da doença, é necessário imunizar as crianças no primeiro ano de vida com a vacina BCG. É importante também evitar aglomerações, especialmente em ambientes fechados, mal ventilados e sem iluminação solar por tempo prolongado.  Confira dicas do pneumologista para evitar o contágio da tuberculose:

– Mantenha a vacinação em dia, a BCG, que inclusive está no calendário de imunização é uma forma de proteção;
– Evite contato com pessoas que foram diagnosticadas com tuberculose ativa e não estão em tratamento
– E, por último, mantenha hábitos saudáveis de vida

Tratamento – Toda tosse que durar mais de três semanas deve ser avaliada. É importante que o paciente procure  o posto de saúde mais próximo de sua casa para passar por uma consulta. O tratamento é feito na rede pública de saúde e é composto por quatro medicamentos diferentes, que são ingeridos juntos, uma vez por dia. O tratamento da tuberculose é gratuito e oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

“A terapia, envolve algumas medicações e antibióticos por pelo menos seis meses, a depender da situação do paciente. Claro que há efeitos colaterais, como enjoos e mal-estar, mas é muito importante não interromper o tratamento, e depois de 15 dias tomando a medicação regularmente, o paciente não transmite mais a doença, podendo conviver com outras pessoas sem o menor problema”, argumenta Pontes.

 

Entenda os números no país

Dados do Ministério da Saúde apontam que em 2017, foram registrados 69,5 mil casos novos e 13.347 casos de retratamento (abandono ao tratamento) de tuberculose no Brasil. Em 2017, o coeficiente de incidência da doença foi de 33,5/100 mil habitantes em 2017. Os estados com maior proporção de retratamentos foram Rio Grande do Sul (23,3%), Rondônia (19,9%) e Paraíba (19,5%).

Nesse mesmo ano, o percentual de cura de casos novos foi 73%, maior do que se comparado ao ano de 2015 (71.9%). Os estados do Acre (84,2%), São Paulo (81,6%) e Amapá (81,7%) alcançaram os maiores percentuais de cura no mesmo ano. Em relação ao abandono, em 2016, o percentual foi 10,3%, duas vezes acima da meta preconizada pela OMS, que é abaixo de 5%. Em 2016, foram registrados 4.426 óbitos por tuberculose, resultando em um coeficiente de mortalidade igual a 2,1 óbitos/100 mil habitantes, que apresentou queda média anual de 2,0% de 2007 a 2016.

No ano passado, o Ministério da Saúde lançou o Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose como Problema de Saúde Pública, que ratifica o compromisso com a OMS de reduzir a incidência da doença na população mundial, que hoje é de aproximadamente 100 casos para cada 100 mil habitantes. A meta é chegar, até o ano de 2035, a menos de 10 casos por 100 mil habitantes. Juntamente com a redução da incidência, o Brasil também assume o compromisso de reduzir o coeficiente de mortalidade para menos de 1 óbito por 100 mil habitantes.

Ação para combater a doença nas cadeias

A população carcerária é outro grande desafio no combate à doença. Os ambientes possuem pouca ventilação e muitos dos pacientes já entram infectados no sistema. Para enfrentar o problema, a SES-RJ firmou uma parceria com a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), para identificar os pacientes contaminados antes da entrada no sistema prisional. “Junto com a Seap vamos trabalhar para que o diagnóstico da tuberculose seja feito antes da inserção do indivíduo no sistema. Assim o tratamento é iniciado, reduzindo as chances de contaminação”, afirmou o secretário de Estado de Saúde, Luiz Antônio Teixeira Júnior.
Seminário Tuberculose - 2
A ação foi anunciada durante o seminário “Tuberculose em Foco: um desafio para o Estado do Rio de Janeiro” (foto), realizado a terça-feira (20), com o objetivo de auxiliar os municípios no combate ao abandono do tratamento da doença. O evento, que marcou o Dia Mundial de Luta contra a Tuberculose, reuniu representantes das secretarias municipais de saúde no auditório do Laboratório Central de Saúde Pública Noel Nutels (Lacen).

Da Redação, com assessorias

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