A vida de Nery de Souza, de 59 anos, mudou após o transplante de rim, o mais comum entre os transplantes de órgãos vitais no Brasil e que pode dar uma nova chance para quem sofre de insuficiência renal crônica. Ele fazia hemodiálise há 5 anos em Toledo (PR) e desde que foi submetido ao procedimento no Hospital Angelina Caron, experimenta uma nova vida.
“Antes era uma preocupação com a comida e agora me alimento normalmente. Venho no ambulatório buscar os meus remédios e nunca deixo de agradecer por tudo que a equipe do Dr. Carlos Marmanillo fez por mim e pelo atendimento de todos aqui. Fiz o transplante em outubro de 2020. Vida que segue”, disse ele.

De acordo com dados do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT), mais de 5,3 mil transplantes renais foram realizados no país entre janeiro e dezembro de 2022. O procedimento de alta complexidade é considerado essencial para milhares de pessoas que sofrem de insuficiência renal crônica, uma condição que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. A gravidade da doença resultou na escolha do dia 9 de março como o Dia Mundial do Rim, a fim de chamar a atenção para o assunto.

A insuficiência renal é uma doença crônica que se desenvolve gradualmente e pode ser causada por várias razões, incluindo diabetes, hipertensão, doença renal policística, dentre outras. O transplante de rim é a terapia mais indicada para pacientes que sofrem de insuficiência renal crônica, pois o novo rim substitui a função do órgão doente.

“O procedimento oferece várias vantagens em relação à diálise, que é a terapia de substituição renal mais comum. Em primeiro lugar, os pacientes que passam por um transplante têm uma melhor qualidade de vida em comparação com aqueles que estão em diálise”, explica Carlos Marmanillo, chefe do Serviço de Transplante Renal do Hospital Angelina Caron.

Demanda maior que a doação de órgãos

Mesmo com os avanços da medicina, milhares de pessoas ainda precisam de transplante de rim e a demanda de doentes por um novo órgão é muito maior do que a oferta. O médico reforça que o número de doadores de órgãos no Brasil, apesar das boas taxas de alguns estados como o Paraná, é insuficiente para atender à necessidade, o que exige investimento público e da sociedade em prevenção e conscientização.

“Temos a Central de Transplantes do Paraná como um exemplo bem-sucedido na conscientização para a doação de órgãos, além de alta taxa de sucesso nos transplantes. Aumentar a taxa de doação de órgãos significa reduzir o tempo de espera dos pacientes que aguardam por um transplante renal.”

850 milhões de pessoas sofrem de alguma doença renal

No cenário mundial, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 850 milhões de pessoas sofram de alguma doença renal. Segundo a entidade, a taxa de doação de órgãos varia significativamente em todo o mundo, e muitos países enfrentam desafios semelhantes ao Brasil em relação à falta de doadores.

No Brasil, a taxa de doação de órgãos tem aumentado gradualmente nos últimos anos, e o país tem feito esforços significativos para melhorar a disponibilidade de órgãos doados. “Mas ainda há muito a ser feito para garantir que todos os pacientes que precisam de um transplante renal possam receber um órgão a tempo”, comenta Marmanillo.

Consumo excessivo de bebidas alcoólicas é uma das principais causas

O consumo excessivo de bebidas alcoólicas é uma das principais causas de insuficiência renal crônica. O álcool é metabolizado pelos rins e o consumo excessivo de álcool pode levar à inflamação e à formação de cicatrizes, o que prejudica a função renal.

Além disso, o consumo excessivo de álcool também pode aumentar a pressão arterial, interferir na absorção de medicamentos usados para tratar doenças renais, levando à complicações.

“A prevenção de doenças renais passa por limitar o consumo de bebidas alcoólicas e adotar um estilo de vida saudável. Além disso, é importante lembrar que, mesmo que uma pessoa não tenha problemas renais, o consumo excessivo de álcool pode causar danos irreversíveis a vários órgãos e sistemas do corpo, incluindo o fígado, o coração e o cérebro”, reforça.

Quatro transplantes de rins em 24 horas

A doação insuficiente de órgãos para o grande número de candidatos a transplante não é o único problema do Brasil. Poucos hospitais estão capacitados para fazer esse tipo de procedimento de alta complexidade. Segundo dados da Central de Transplantes do Paraná, que divulga anualmente o compilado estadual, o Hospital Angelina Caron (HAC) realizou mais de um quarto de todos os procedimentos feitos no estado no ano passado. Foram 119 transplantes em 12 meses.

Em uma das fases mais agudas da pandemia da Covid-19, o HAC fez nada menos do que quatro transplantes de rim em apenas 24 horas. O médico João Nicoluzzi, coordenador da Central de Transplantes do HAC, observa que, além de corpo médico preparado, existe uma logística complexa envolvida nesse processo. “Seguramente, poucos hospitais no país possuem salas e logística disponíveis para realizar tantos procedimentos em um mesmo dia”, pontua.

Fonte: Hospital Angelina Caron, com Redação

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