A apresentadora Sabrina Parlatore recorreu a uma tecnologia importada para vencer um dos efeitos colaterais mais indesejados no tratamento do câncer. Ao se submeter a sessões de quimioterapia e radioterapia em 2015 para cura de um câncer de mama, ela conseguiu minimizar bastante a perda do cabelo com uso de uma touca térmica de fabricação inglesa. A novidade que promete resfriar o couro cabeludo, agora com tecnologia 100% nacional, será apresentada esta semana durante o XX Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica, que acontece entre os dias 24 e 29 outubro no Hotel Windsor na Barra da Tijuca.
A Fabinject, empresa criadora do Capelli-Freddo, é uma das expositoras do evento. A fabricante garante que o aparelho atua fortemente na autoestima das mulheres que estão em tratamento de câncer de mama, pois contribui para a redução da perda dos cabelos durante o processo de quimioterapia, com a vantagem de proporcionar melhores resultados e mais conforto para a paciente.
“Além de fragilizadas com a doença e em alguns casos também com a retirada dos seios, os efeitos colaterais na pele e nos cabelos ajudam a agravar ainda mais um quadro de desânimo e baixa auto-estima. Mas no que diz respeito à perda dos fios, as pacientes já podem dar um suspiro de alívio”, afirma o renomado oncologista Hezio Jadir Fernandes Junior, diretor do Instituto do Câncer, que conhece a eficácia do Capelli Freddo.
O equipamento funciona com temperaturas realmente muito baixas e já é apontado como uma das armas hoje para evitar a alopecia com resultados melhores que os proporcionados pelas antigas técnicas. O sistema de resfriamento do couro cabeludo é feito através da circulação de ar extremamente frio por uma touca térmica com alertas internas que garantem fluxo turbulento com respostas superiores aos tradicionais métodos de resfriamento.
“As toucas de resfriamento importadas são muito pesadas e, para alcançar o resultado desejado, precisam estar muito grudadas ao couro cabeludo. Para isso, elas são presas com um sistema semelhante ao de um capacete, machucando o pescoço e causando dor de cabeça”, afirma Gianmaria Cominato, diretor da Fabinject.
Segundo ele, a nova tecnologia levou dois anos para ser desenvolvida. A ideia era oferecer algo que fosse menos doloroso e com resultados superiores. “A nossa touca não precisa estar colada ao couro – a paciente consegue até colocar um fone de ouvido – é bem menos pesada e ainda temos a opção de cinco tamanhos diferentes”, destaca.
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Mais sobre a touca 100% nacional
A Capelli é uma touca rígida, feita em plástico de engenharia ABS, revestida de espuma térmica de células fechadas, que deve ser acoplada através de mangueira condutora ao equipamento gerador de ar extremamente frio, o Freddo Durante os testes iniciais do produto, comparando-se com os métodos atuais, a superioridade de performance de Capelli – Freddo na manutenção do cabelo dos pacientes foi absurda.
Conseguiu-se um sistema silencioso, confiável, sem consumíveis, de baixo consumo energético, de baixíssima necessidade de intervenção da equipe médica, fácil de operar e confortável ao paciente, que supera em performance os métodos historicamente utilizados. Todo este sistema foi patenteado e devidamente registrado na Anvisa e certificado pelo Inmetro.
Freddo é um resfriador de pele largamente utilizado na área de dermatologia e cirurgia vascular, com mais de 1.500 equipamentos em uso no Brasil e no exterior. É o único aparelho que consegue funcionar por horas seguidas, de maneira ininterrupta. Esta performance é obtida através da escolha dos melhores materiais e fornecedores do mercado mas principalmente de seu sistema patenteado de auto secagem. A temperatura do ar gerado pelo Freddo varia entre -20°C a -35°C. Frio extremo, circulante, que mantém a temperatura do couro cabeludo entre 9°C e 17°C.
Como funciona – A touca Capelli foi projetada para garantir fluxo de ar turbulento durante todo o tratamento, mantendo 100% de resfriamento em 100% dos pacientes. Não há necessidade de faixas sub-jugulares nem braços que segurem a mangueira que conduz o ar frio à touca, garantindo assim maior conforto e mobilidade ao paciente. Deitado ou sentado.
Contra-indicações – As contra-indicações do uso da touca incluem sensibilidade ao frio, doença de aglutinina a frio, crioglobulinemia, xriofibrinogenemia e pacientes com câncer ligado ao sistema circulatório ou com neoplasia hematológica, se a quimioterapia for administrada como tentativa de cura.
Efeitos de longo prazo – Os efeitos em longo prazo do resfriamento do couro cabeludo e do risco de metástase no couro cabeludo não foram totalmente estudados.
História do resfriamento do couro cabeludo na quimioterapia
Vários estudos científicos e várias patentes publicadas ao redor do mundo, desde os anos 1970, mostram que o resfriamento do couro cabeludo auxilia no tratamento de alguns tipos de câncer a fim de se evitar a perda de cabelos. No início, usavam-se toucas plásticas aonde se colocava gelo picado.
Posteriormente, foram criadas as toucas de gel em forma líquida. Este gel, muito comum em bancos de bicicleta, sendo maleável e não congelando facilmente, foi e ainda é um método relativamente eficaz de resfriamento, desde que mantido a temperaturas extremamente baixas (freezers comuns não são capazes de cumprir esta função), e trocadas de tempos em tempos por decorrência do seu aquecimento. Este método, em particular, demanda muita disciplina e atenção da equipe médica e do próprio paciente. Sendo assim, vários estudos comprovam a baixa performance na maior parte dos casos em que este método é escolhido.
Vieram então os equipamentos que resfriam liquido e fazem este líquido circular em uma touca especial de silicone acoplada ao couro cabeludo do paciente. Como se trata de resfriamento por contato, através de uma serpentina de silicone, este método não se acopla em 100% do couro cabeludo, para 100% dos pacientes. São muito comuns as reclamações de partes calvas e partes com manutenção do cabelo, mesmo em pacientes jovens. Além do fato de que a touca, para manter o acoplamento, deve ser bem apertada através de uma cinta sub-jugular. Estas toucas também são relativamente pesadas e como o tratamento demanda um longo período de acoplamento, a reclamação torna-se freqüente.
Nos dois casos citados acima, touca de gel e equipamento de líquido circulante, as toucas possuem durabilidade baixa, tendo que ser trocadas em curtos períodos de tempo, e todo administrador deve levar em conta estes custos de reposição. Durante este período, também foi desenvolvido um sistema de resfriamento do couro cabeludo através de ar resfriado em touca flexível, que não obteve muito sucesso no mercado pelo fato de a temperatura do ar não ser baixa o suficiente e por manter áreas dentro da touca com “ar viciado”, ou seja, diferenças de temperaturas internas à touca, regiões onde o ar estava mais frio e regiões onde estava mais quente.
Atendimento na rede privada x pública
De acordo com a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), que organiza o XX Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica, o Brasil tem-se mostrado capaz de acompanhar de perto os principais avanços da especialidade, apesar de todas as limitações econômicas que enfrenta. “A fração da população que dispõe de bons planos de saúde ou que não enfrenta limitações financeiras recebe os mesmos tratamentos que seriam realizados em bons centros da Europa e dos Estados Unidos. Em grande parte, isso se deve ao esforço permanente de atualização dos oncologistas brasileiros e à disposição de atuar de forma integrada a outras especialidades médicas, especialmente as cirúrgicas e a radioterapia”, ressalta.
Apesar de se orgulhar da qualidade com que tratamos a população com acesso à medicina privada, o mesmo não se pode dizer do trabalho no sistema público. “Com frequência, a excelência na área privada realça os entraves das soluções oferecidas pela rede pública: dificuldades para diagnóstico que levam a estadiamentos iniciais mais avançados, filas para início de tratamentos e demora na incorporação de medicamentos”, ressalta, em nota.
Por conta disso, o tema desta edição do Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica — ‘Em Busca de Mais Valor’ — traduz a preocupação de não apenas manter a qualidade da assistência prestada, mas também de contribuir de forma significativa para identificar as terapias que deveriam ser estendidas para a rede pública, tornando-se acessíveis a todos aqueles que se beneficiariam de forma significativa delas.
“Está claro que o recurso é finito, especialmente no sistema público. Portanto, para que mais pacientes vivam por mais tempo e com melhor qualidade de vida, devemos fazer escolhas racionais, baseadas na eficácia comprovada de cada terapia disponível. Acreditamos que as diferenças entre os cidadãos atendidos pelos dois sistemas podem ser reduzidas, especialmente se fizermos melhor uso dos recursos disponíveis. É nosso dever colaborar para essa discussão, buscando identificar o valor de cada terapia”, informa a SBOC, em nota.
Por isso, ao mesmo tempo em que apresentará os principais avanços da oncologia mundial e as contribuições mais relevantes da oncologia nacional, o XX Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica convida a todos para uma reflexão permanente sobre o impacto de cada uma delas na vida dos pacientes.