Tontura, desequilíbrio e vertigem são queixas de saúde comuns da população idosa, que soma mais de 32 milhões de pessoas no País, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E quanto mais avançada a idade, maior é a prevalência desses sintomas.
Estudos brasileiros indicam que 45% dos idosos convivem com a tontura e que pelo menos 80% das pessoas acima de 75 anos já tenham vivenciado algum episódio do tipo. A alteração no equilíbrio corresponde a 85% das causas de quedas de pessoas com 65 anos ou mais, conforme pesquisas médicas.
Para chamar a atenção para a necessidade de idosos investigarem e tratarem o problema, a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) promove, de 22 a 28 de abril, a Semana da Tontura, com o tema “Tontura é coisa séria: equilíbrio na terceira idade”.
O evento marca o Dia Nacional da Tontura, celebrado dia 22 deste mês e tem por objetivo alertar a população sobre os perigos desta condição. Em Curitiba, o Hospital Paranaense de Otorrinolaringologista (IPO), principal referência em otorrinolaringologia da América Latina, vai promover uma grande ação de conscientização sobre o tema,
40% dos idosos sofrem com quedas
A tontura é a maior causa de queda entre idosos, especialmente acima dos 80 anos. Segundo dados do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), 40% dos idosos com 80 anos ou mais sofrem quedas todos os anos.
A alteração no equilíbrio corresponde a 85% das causas de quedas de pessoas com 65 anos ou mais. Esse tipo de acidente é a terceira causa de mortalidade entre as pessoas com mais de 65 anos no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. Além disso, o número de mortes de idosos tendo como consequência a queda praticamente duplicou entre 2013 e 2022.
O Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros, divulgado em 2023 pelo Ministério da Saúde, indicou que a prevalência de quedas na população idosa brasileira em áreas urbanas é de 25%.
No mundo, 3 milhões de idosos são tratados todos os anos em serviços de emergência devido a lesões causadas por quedas, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDD), agência americana referência na condução de pesquisas e combate a diversas enfermidades.
“A tontura piora a qualidade de vida em qualquer idade, mas o que mais preocupa em relação a esse quadro em idosos é provocar quedas. Por isso, sensações de desequilíbrio e sentir que se está flutuando ou que o ambiente ao redor está girando, não devem ser menosprezadas”, revela Márcio Salmito, presidente da Academia Brasileira de Otoneurologia, braço acadêmico da ABORL-CCF.
Ele lembra que a população idosa está crescendo e vivendo mais. Por isso, é fundamental uma melhor compreensão dos distúrbios de equilíbrio desse grupo, garantindo conhecimento, acessibilidade e tratamento para que se obtenha qualidade de vida, independência e autonomia a este que tende a se tornar majoritário em nosso país”, finaliza Márcio Salmito.
Mais de 60 tipos de doenças podem causar tontura
A tontura pode estar presente em mais de 60 tipos de doenças e afeta aproximadamente entre 15% e 20% da população global, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Entre os idosos, o sintoma pode aparecer devido a problemas no sistema vestibular (do labirinto), como a doença de Menière, doenças emocionais e psicológicas, como a ansiedade e depressão, e alterações cardiovasculares, como arritmias e até mesmo infarto.
Diversas condições podem causar o desequilíbrio em idosos, entre as quais, alterações da visão, como o glaucoma; doenças crônicas e problemas metabólicos, como diabetes; problemas neurológicos, a exemplo de traumatismo craniano, Parkinson e esclerose múltipla, além da simples fraqueza muscular decorrente da idade.
“A tontura também pode ser um efeito colateral devido ao uso excessivo de fármacos, principalmente em quem faz uso de várias classes de medicamento e de forma contínua”, complementa Salmito.
De acordo com o médico otorrinolaringologista do IPO, Alexandre Gasperin, são mais de 70 doenças, somente da parte periférica do corpo, que têm como sintoma a tontura.
“Além da área periférica do sistema de equilíbrio existe a parte neurológica, que pode causar tonturas também. É preciso sempre ter em mente que tonturas são sintomas, não são uma doença. Um profissional qualificado vai identificar a causa e indicar o tratamento, que é individualizado caso a caso. A recorrência das tonturas indica que o tratamento não está correto”, alerta o especialista.
Diagnóstico e tratamento
Entender a origem da tontura nem sempre é uma tarefa simples e dependerá de uma ampla avaliação do histórico clínico do paciente para descobrir o fator principal por trás das crises. Até mesmo o significado da palavra tontura, para diferentes pacientes, pode ser difícil de descrever.
“Muitas pessoas erroneamente chamam o sintoma tontura de labirintite, sem perceber que existem diversas outras doenças possíveis. Por esse motivo, é crucial consultar um especialista, pois ele possui a expertise necessária para avaliar detalhadamente e solicitar exames apropriados,” esclareceu o especialista.
Em algumas situações, é necessária a realização de exames de sangue, de imagem e testes vestibulares (do labirinto) e auditivos, entre outros recursos. O tratamento pode incluir medicações, mudanças de hábitos, terapias de reabilitação e manobras específicas.
“Para o tratamento, cada caso tem a sua particularidade, por isso o acompanhamento deve ser individualizado e pode incluir medicações, mudanças comportamentais e tratamentos de reabilitação. O tratamento correto é prescrito após o diagnóstico médico do quadro”, complementa o especialista.
Medidas simples que podem evitar as quedas
Na maioria dos casos, as quedas, que são uma das causas mais frequentes de trauma entre os idosos, podem ser previstas e evitadas. Confira algumas medidas simples que podem evitar as quedas:
Escadas: providenciar iluminação suficiente para que seja possível enxergar todos os degraus. Instale corrimão em ambos os lados para permitir o apoio indispensável. Evite piso escorregadio ou coloque um carpete preso nos degraus.
Cozinha: não guarde alimentos e utensílios em locais altos. Não utilize cadeiras ou bancos para tentar acessar armários. Limpe imediatamente o chão ao derramar algo. Evite cera e tapetes.
Banheiro: utilize um distribuidor de sabão líquido ao invés de sabonete solto. Instale corrimão na banheira e nas paredes do banheiro. Coloque adesivos antiderrapantes em áreas úmidas e nunca tranque a porta do banheiro.
Calçados: evite usar saltos e chinelos, opte por um calçado firme no pé. Utilize calçadeira para auxiliar a colocar o sapato.
Orientações gerais: não pule refeições, estômago cheio é importante. Use óculos, se necessitar, mas remova os de leitura ao caminhar. Não corra para atender o telefone ou a campainha. Conserte o assoalho se tiver tábuas soltas. Mantenhas os números de emergência, entre eles os de hospitais e de parentes e amigos, bem ao lado do telefone. Evite usar roupas muito compridas.
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Com Assessorias