câncer de colo de útero é uma doença causada pelas infecções persistentes do vírus HPV (Papilomavírus Humano), transmitido sexualmente, sendo o terceiro mais comum entre mulheres no Brasil, excluídos os tumores de pele não melanoma. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) projeta que 17 mil pacientes serão diagnosticadas com a doença no triênio 2023 e 2025.

Apesar desta grande incidência, há ainda muitas dúvidas sobre características, formas de transmissão, diagnóstico, entre outras. Por isso, a campanha de conscientização para a prevenção do câncer do colo de útero, terceira neoplasia mais comum entre as mulheres brasileiras, excluindo os tumores de pele não melanoma, tem ganhado cada vez mais espaço.

De acordo com estudo publicado no New England Journal of Medicine, a aplicação da vacina contra o HPV pode reduzir a incidência do câncer de colo de útero em até 90%. Mesmo com tantos benefícios, a adesão ao imunizante ainda é baixa, seja por desconhecimento da população ou preconceito.

Neste Janeiro Verde, de conscientização sobre o câncer de cólo do útero, conheça alguns mitos e verdades, com a  ginecologista do Grupo Alliar Raquel Coelho , e Neila Speck, médica especialista em ginecologia e patologia do trato genital inferior e presidente da Comissão Nacional Especializada de Trato Genital Inferior da Febrasgo.

Ter HPV é igual a ter câncer

Mito. Nem todo o caso de infecção por HPV irá evoluir para câncer de colo de útero. “Desenvolvem o pré-câncer ou o câncer aquelas mulheres que tiverem uma infecção persistente por HPV, por determinados tipos desse vírus, e com condições imunológicas inadequadas. Na maioria dessas infecções, o próprio sistema imunológico elimina espontaneamente”, explica Dra Nélia.

Câncer de colo de útero pode não ter sintomas

Verdade. Na maioria dos casos, a doença pode ser assintomática. “Porém, com a evolução da doença, há situações em que ocorre sangramento irregular ou dor; sangramento e secreção vaginal anormal; dor abdominal associada com queixas urinárias ou intestinais; sangramento menstrual mais prolongado; sangramento após a relação sexual e dores durante a relação”, alerta a médica.

O câncer de colo de útero não pode ser evitado

Mito. De acordo com a médica Neila Speck, essa doença é totalmente evitável, e pode ser prevenida com exames eficazes de diagnóstico e vacina.

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exame preventivo pode diagnosticar o HPV

Verdade. A ginecologista Raquel Coelho afirma que a doença pode ser subclínica, ou seja, sem lesões, verruga ou outros aspectos perceptíveis a olho nu. Dessa forma, ela reforça a importância da consulta de rotina ao médico para a realização de exames preventivos, entre eles o Papanicolau. Sexualmente transmissível, o HPV também está relacionado a outros tipos de câncer, como vagina, vulva, ânus e pênis.

Existe um exame de PCR para detectar o HPV que ajuda na prevenção

Verdade. Atualmente, existem testes sensíveis que detectam a infecção por HPV mesmo antes mesmo do surgimento de lesões precursoras e do próprio câncer de colo de útero. Dessa forma, é possível saber se a mulher está em risco ou não de desenvolver a doença.

“São testes para identificação do DNA viral, conhecidos como teste de genotipagem de HPV, que utilizam uma análise de biologia molecular por PCR (reação em cadeia de polimerase). O exame permite que, quando o resultado da mulher dá negativo para todos os tipos de HPV de alto risco, pode aguardar cinco anos para refazê-lo”, ”, explica a Dra. Neila Speck.

Esses testes de biologia molecular são iguais ao Papanicolau

Mito. Os testes de PCR para HPV mostram se a mulher possui o vírus, e não necessariamente se já está doente. “O vírus pode estar quieto no organismo, o que chamamos de infecção latente, e nunca se manifestar. Sabemos que aquela mulher que fica com vírus latente por muitos anos pode estar em risco maior de desenvolver um câncer de colo de útero do que aquela que elimina o vírus.

Então, o teste de biologia molecular é mais sensível e identifica a mulher já contaminada sem a doença. Por sua vez, o Papanicolau rastreia a presença de lesões pré-cancerosas, e não o vírus, e identifica a mulher que pode estar no começo do câncer de colo de útero, porém ele pode falhar no diagnóstico em até 50% das vezes”, afirma a Dra. Neila Speck.

vacinas também são eficazes na prevenção de câncer de colo de útero

Verdade. Além dos exames, as vacinas também são capazes de proteger contra alguns tipos de HPV. De acordo com a Dra. Neila Speck, no Brasil, a vacina quadrivalente (que engloba 4 tipos de HPV) está disponível no SUS para meninas e meninos de 9 a 14 anos, imunodeprimidos (HIV, transplantados de órgãos ou medula, oncológicos), mulheres e homens até os 45 anos e pessoas que sofreram violência sexual até os 45 anos.

A imunização deve acontecer, preferencialmente, entre 9 e 14 anos, quando é mais eficaz, segundo o Ministério da Saúde. Já temos uma vacina que engloba 9 tipos de HPV, porém esta vacina só está disponível em clínicas particulares. Em bula, esta vacina é aprovada para ambos os sexos de 9 a 45 anos.

vacina do HPV é apenas para meninas e mulheres

Mito. De acordo com a médica, esse é um ponto importante, já que muitos homens não têm esse cuidado e prevenção. “A vacina HPV Quadrivalente é indicada para meninas e mulheres de 9 a 45 anos de idade e meninos e homens de 9 a 26 anos de idade. Fora dessa faixa de idade, é possível se vacinar com prescrição médica”, explica.

Nos postos de saúde, o imunizante é fornecido até 14 anos, mas na rede particular está disponível para os demais casos, com a aplicação de duas ou três doses, de acordo com a faixa etária.

Quem já teve HPV não precisa se vacinar

Mito. Quem já teve HPV pode e deve tomar a vacina. A ginecologista ressalta que, muitas vezes, não se sabe qual o tipo do vírus afetou o paciente, por isso é importante tomar a vacina para estar protegido com anticorpos contra outros subtipos, que também podem causar câncer.

“Nossa recomendação é que todos tomem a vacina o quanto antes, para que possam gerar uma melhor resposta imune para produção de anticorpos. Essa é a forma mais eficaz para prevenir o câncer e as verrugas genitais, pois o uso do preservativo por si só pode não ser capaz de proteger contra a doença”.

a vacina irá estimular um início precoce da vida sexual

Mito. Segundo Raquel, muitos estudos apontam que o início da atividade sexual tem sido cada vez mais cedo tanto para meninos quanto para meninas. Para a médica, a aplicação da vacina não seria uma forma de incentivo e sim de proteção e segurança para esses jovens.

Ela ressalta também que o imunizante é seguro, com grande eficácia e poucos efeitos colaterais observados (eventual dor e vermelhidão no local da aplicação, dor de cabeça, febre).

infecção pelo HPV tem tratamento

Verdade. Em relação aos tratamentos, existem várias opções, mas os principais são os de aplicação local, como uso de medicações tópicas, cauterização química ou a laser ou até realização de cirurgia, dependendo do grau de comprometimento. A médica lembra que as lesões podem voltar ou aparecer novas, causadas por diferentes subtipos, por isso é essencial esse acompanhamento do ginecologista e o rastreio.

“Temos a prevenção primária com a vacina, e a prevenção secundária com o diagnóstico precoce por meio dos testes de alta performance, principalmente os de biologia molecular. Mulheres, visitem seus ginecologistas de confiança regularmente, e façam seus exames preventivos. E pais, levem seus filhos para se vacinar. A prevenção é a melhor forma de acabar com essa doença”, finaliza a médica Neila Speck.

Com Assessorias

 

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