Após mais de 30 anos lutando contra o câncer, a jornalista Susana Naspolini, de 49 anos, faleceu nesta terça-feira (25) no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde estava internada há mais de uma semana. . A repórter da TV Globo no Rio de Janeiro lutava contra a doença desde os 18 anos, quando recebeu o primeiro diagnóstico de câncer, sob a forma de um linfoma de Hodgkin.

Aos 37 anos, Susana foi diagnosticada com tumor maligno na mama e, em seguida, um câncer na tireóide. Em 2016, a doença voltou como câncer de mama. Em 2020, soube que estava com câncer na bacia, começando um novo tratamento.

“Nos meus diagnósticos de câncer (linfoma, tireoide, duas vezes na mama e mais recentemente na bacia), meu primeiro impulso foi chorar e me desesperar. Mas refleti que estou tratando o câncer desde os 18 anos. Hoje tenho 48. Se lá, aos 18, eu tivesse me desesperado, como teria sido?”, refletiu Naspolini, em entrevista ao Extra.

Apelo emocionado da filha Júlia, de 16 anos

notícia da morte da jornalista foi dada por sua filha Júlia, de apenas 16 anos, em uma postagem no Instagram. “Oi, amigos, Julia aqui. É com o coração doendo que venho contar pra vocês que a mamãe não está mais com a gente. Ela lutou muito, nossa guerreira! Agradeço muito pelas orações, muito mesmo, muito obrigada, mas infelizmente não deu”, informou a filha de Susana.

Na sexta-feira (21), Júlia havia feito uma postagem na mesma rede social pedindo orações diante do grave estado de saúde da mãe. Na postagem, a jovem explicou que os médicos já não sabiam mais o que fazer para aplacar o avanço da doença.

“Acabei de conversar com o médico dela. Ele disse que o estado dela é muito, muito grave, gravíssimo. Ela estava com metástase no osso da bacia, tinha se espalhado pela medula óssea desde julho, então ela vem com uma quimioterapia mais forte, que foi o que a fez perder o cabelo. O câncer se espalhou por vários outros órgãos, o fígado está muito comprometido, eles dizem que não sabem mais o que fazer, se tem algo a mais para fazer. O estado dela é muito grave e eu não sei o que fazer. A única coisa que eu consigo pensar em fazer é pedir orações para você”, disse Júlia.

Gratidão por estar viva, mesmo nas adversidades

Na entrevista ao Extra, ela deixou clara a sua gratidão por estar viva, mesmo diante de tantas adversidades.

“Deus não nos chama porque estamos com 90 anos, mas porque chegou a nossa hora. E Ele é tão sábio que a gente nasce sem saber qual é o nosso dia. Por isso, a gente tem que viver todo dia como se fosse o último. A maioria empurra o assunto morte para baixo do tapete. Mas ter consciência da morte não deve gerar medo, e sim gratidão por cada dia vivido”.

Susana falou ainda sobre a morte e o seu reencontro com pessoas que lhe eram profundamente caras, como o pai Fúlvio, e o marido Maurício Torres, que faleceu em 2014, em decorrência de falência múltipla de órgãos gerada por um quadro infeccioso. Maurício, de 43 anos, era jornalista e pai de Júlia.

“Além de uma vontade de sermos melhores como pessoas, para partirmos bem quando chegar a nossa vez. Vou encontrar meu pai, meu marido”, disse a jornalista ao Extra, em sua última entrevista ao jornal em setembro de 2021. Na época, a repórter da Globo lançava o livro “Terapia com Deus”, quatro meses após a perda do seu pai.

‘Eu escolho ser feliz’: jornalista relata sua fé em livro

Em 2019, Naspolini lançou o livro “Eu escolho ser feliz”, uma autobiografia que tratava da sua luta contra o câncer e o seu posicionamento de otimismo face às dificuldades geradas pela doença. O amor pela vida foi a marca de Naspolini, em sua “bio” no Instagram, a jornalista escreveu: “Repórter da TV Globo, apaixonada pela vida e a minha FÉ é o que me faz seguir em frente!”.

A jornalista era uma pessoa com grande fé em Deus e gostava de demonstrar isso por meio de relatos e agradecimentos. Nos momentos mais difíceis pedia por orações. Susana sempre informava os fãs sobre o seu real estado de saúde. Ela acreditava que também poderia ajudar outras pessoas desta forma.

“Imediatamente quando posto, começa uma onda de energia. Isso dá força, dá um gás. Falar com as pessoas é uma forma de desmitificar a doença. Tudo que é compartilhado na vida fica melhor. Inclusive essas histórias. Porque, quando a gente conta, a gente está se ouvindo. Aprendemos com os outros e damos um sentido para os sofrimentos que passamos. Se o meu sofrimento servir pra ajudar alguém que está vivendo isso agora, eu já entendi por que passei por aquilo,” compartilhou Susana.

Apesar de ter enfrentado tantas adversidades relacionadas à saúde, Susana Naspolini não se considerava uma pessoa forte. Ela atribuía à sua fé, a resiliência e a alegria que tinha para enfrentar todos os seus duros problemas.

“Eu não sou forte coisa nenhuma. Sozinha eu já teria ficado no meio do caminho há muito tempo. Tenho plena convicção de que, se estou tocando a vida, trabalhando, cuidando da minha filha e sendo feliz, é porque Deus me dá essa força”, confessou a jornalista.

Mesmo nos momentos finais, jornalista mantinha otimismo

Em março deste ano, a jornalista comentou sobre o seu tratamento de quimioterapia venosa, diante da persistência da doença.

“Não era a notícia que eu queria estar dando. Queria dizer: ‘Olha, acabou o tratamento, não tem mais nada’, mas ainda não foi dessa vez. Mas esse dia vai chegar. Tenho muita certeza disso. Eu estou meio triste ainda porque não contava com essa rasteira. Queria seguir meu trabalho, mas não é como a gente quer. Estou dando essa parada obrigatória,” disse a repórter.

Susana Naspolini teve que raspar o cabelo em razão da quimioterapia, em agosto deste ano. O momento foi eternizado em sua rede social. Naspolini ainda enfrentaria sucessivas internações por causa da doença. Em setembro, a repórter festejou uma alta recebida, após ter ficado internada por conta de uma infecção. Na ocasião, Naspolini publicou:

“Os braços abertos são para abraçar os técnicos em enfermagem, enfermeiros, médicos, meninas da copa e da limpeza, por todo carinho q me deram!! Com certeza ajudou muito no tratamento! Também quero abraçar a Pastoral de Saúde do hospital que todos os dias me levou o principal alimento e principal remédio: a Eucaristia!! E claro, os braços abertos são para dar um abraço bemm apertado em todos vocês que torceram pela minha alta!! Obrigada mesmo! Agora vamos em frente, juntos…! Obrigada meu Deus, por tudo!!!”

As informações são do jornal O Globo.

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