Nesta terça-feira (2/12), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a fabricação, venda e consumo de mais três suplementos no país, determinando a apreensão imediata dos produtos. Entre eles está o Erenobis, que continha ora–pro–nóbis, ingrediente vetado desde abril de 2025 por falta de evidências de segurança e eficácia.
Também foram retirados do mercado o Prostatril, que usava falsamente um registro da Anvisa, e o Óliver Turbo, que atribuía efeitos terapêuticos proibidos para suplementos, como melhora de foco e desempenho nos estudos.
Ao banir mais três suplementos no país, a Anvisa expõe um problema crescente de saúde pública: fórmulas clandestinas e adulteradas que podem causar lesão hepática e intoxicações graves. Especialistas detalham riscos, sinais de alerta e critérios para identificar produtos inseguros.
Suplementos sem controle de qualidade são uma das principais causas de lesões hepáticas induzidas por substâncias químicas. Segundo a médica hepatologista Patrícia Almeida, membro da Sociedade Brasileira de Hepatologia, esses produtos podem desencadear quadros graves.
Suplementos sem controle de qualidade ou com composição desconhecida podem causar DILI, levando a hepatite tóxica aguda, colestase, insuficiência hepática com necessidade de transplante urgente, além de hepatite crônica e até cirrose quando o uso é contínuo.”
A médica explica que o dano ocorre porque tais produtos podem gerar estresse oxidativo, lesão mitocondrial e produção de metabólitos tóxicos, mecanismos semelhantes aos observados em intoxicações por medicamentos.
Natural não é sinônimo de seguro
Muitos consumidores acreditam que suplementos naturais são inofensivos, mas a hepatologista destaca que isso é um mito perigoso. “Natural não significa seguro. Pois, existem plantas naturalmente tóxicas ao fígado e muitas fórmulas são adulteradas com substâncias farmacológicas como anabolizantes, efedrina ou sibutramina. Além disso, não há padronização de dose, e eles podem conter metais pesados,” esclarece a médica.
Os primeiros sintomas de dano hepático tendem a ser discretos e facilmente confundidos com outras condições. “Mal-estar, fadiga intensa, náuseas, perda de apetite, urina escura, icterícia e coceira são sinais que devem acender alerta. Nos exames, é comum encontrar elevação de enzimas como ALT, AST, FA e GGT”, explica a hepatologista.
Riscos nutricionais e metabólicos
De acordo com Amanda Figueiredo, nutricionista clínica pela USP, suplementos sem registro podem conter ingredientes proibidos, concentrações inadequadas, microrganismos, metais pesados e até fármacos escondidos no rótulo. Isso coloca o consumidor em risco de intoxicações, alergias, sobrecarga hepática e renal, além de interações perigosas com medicamentos”.
Ela explica ainda o risco específico do ora–pro–nóbis industrializado, encontrado em um dos suplementos retirados do mercado. “Quando um ingrediente não é autorizado pela Anvisa, significa que não há comprovação científica suficiente sobre segurança e dose adequada. No caso do ora–pro–nóbis industrializado, isso inclui risco de toxicidade, efeitos gastrointestinais, alergias e sobrecarga hepática”.
Como identificar reações adversas
Dor de cabeça, náuseas, alterações no apetite, palpitações, diarreia, erupções na pele e mal-estar podem indicar reações ao suplemento. “Em casos mais graves, icterícia, urina escura e fadiga intensa podem sugerir lesão hepática. Ao notar sintomas após iniciar um suplemento, é preciso suspender imediatamente e buscar avaliação”, explica Amanda Figueiredo.
Orientações antes de suplementar
É fundamental fazer avaliação clínica e nutricional, realizar exames, verificar interações medicamentosas e confirmar qualidade e procedência do produto. “Suplemento não substitui alimentação adequada e não deve ser usado para compensar erros alimentares”, reforça a nutricionista.
Ela acrescenta. “Desconfie de promessas de emagrecimento rápido, cura ou aumento de performance, isso nunca é permitido em suplementos.”
A hepatologista Patrícia Almeida também sugere um checklist prático ao avaliar um rótulo: registro válido, CNPJ, lista completa de ingredientes, concentração exata dos ativos, ausência de alegações milagrosas e número de lote e validade.
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Entenda
A Anvisa determinou a apreensão e a proibição dos suplementos Prosatril e Erenobis, fabricados pela empresa Ms Comércio de Produtos Naturais Ltda. Com isso os produtos não podem mais ser comercializados, distribuídos, fabricados, importados, divulgados e consumidos desde esta terça-feira (2).
Os suplementos estão sendo vendidos e anunciados sem possuir registro, notificação ou cadastro na Anvisa. Além disso, o Erenobis possui a planta Pereskia aculeata (ora-pro-nóbis) como ingrediente, o que não é permitido”, diz Anvisa.
A utilização da planta ora-pro-nóbis em suplementos alimentares foi proibida pela agência, em abril deste ano, por falta de evidências que comprovem a sua eficácia e segurança.
Outro produto atingido pela medida é o Óliver Turbo, suplemento da empresa Instituto Oliver Cursos Preparatórios Ltda., que deve ser apreendido. A ação fiscal proibiu ainda a sua comercialização, distribuição, fabricação, importação, divulgação e o seu consumo, também por não ser registrado e notificado na Anvisa.
Com Assessoria e Agência Brasil








