SOS Chuvas: Ação da Cidadania ajuda vítimas no Estado do Rio

Pelo menos 6 pessoas, incluindo uma criança de 2 anos, morreram no temporal desta quinta (7). Na cidade do Rio, 113 sirenes tocaram em comunidades

O forte temporal que caiu no Rio alagou ruas e deu um nó na cidade (Foto: Akemi Nitahara / Agência Brasil)
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Entra ano, sai ano e todo verão é sempre a mesma coisa. Chove forte por algumas horas e o Rio de Janeiro alaga e paralisa. Infelizmente, desta vez, além dos transtornos no trânsito e danos materiais, houve perdas humanas, causadas pela combinação entre desastre natural e descaso das autoridades. A forte chuva que caiu no Estado do Rio de Janeiro nesta terça-feira (7) deixou pelo menos seis pessoas mortas – entre elas, uma criança de 2 anos -, caos na mobilidade urbana e um rastro de destruição em vários bairros da capital e municípios fluminenses.

Para atenuar o drama das famílias vitimadas pelas chuvas, a Ação da Cidadania anunciou que está realizando um mapeamento de entidades para a doação de 2000 cestas básicas e 2000 kits de higiene e limpeza. A previsão é que as entregas sejam realizadas ainda esta semana, inicialmente para as comunidades do Jacarezinho e Manguinhos, e municípios de São Gonçalo e Itaguaí, alguns dos mais atingidos pelo temporal.

Na manhã desta quarta-feira (8), as 1000 refeições preparadas pela Cozinha Solidária da entidade foram distribuídas no Jacarezinho e em bairros de Duque de Caxias, Nova Iguaçu e São Gonçalo. Ao todo, foram distribuídas 1 tonelada de alimentos, incluindo refeições, alimentos não perecíveis e frutas. De água mineral, foram 275 litros. À tarde, a estimativa é que sejam entregues 700kg de comida e mais 275 litros de água.

A ação faz parte da campanha Emergências, lançada pela Ação da Cidadania em 2021, e que já enviou cestas, refeições prontas, materiais de higiene, limpeza e eletrodomésticos para os estados do Maranhão, Tocantins, Pará, Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro, Alagoas e Pernambuco. As doações podem ser realizadas pelo PIX: sos@acaodacidadania.org.br ou pelo site www.acaodacidadania.org.br.

Menina de 2 anos morre soterrada

Na cidade do Rio, uma menina de dois anos de idade morreu soterrada por um desabamento na comunidade da Chácara do Céu, no Alto da Boa Vista. Bombeiros encontraram a criança já sem vida, sob escombros.Em Saquarema, na Região dos Lagos, um homem de 27 anos morreu atingido por um raio, no bairro de Vilatur. As informações são da Secretaria Estadual de Defesa Civil.

Em todo o estado, o Corpo de Bombeiros atendeu mais de 240 ocorrências e pelo menos 60 pessoas ficaram presas ou ilhadas, sendo socorridas por equipes de resgate. Só na cidade do Rio, de acordo com o Centro de Operações da prefeitura, 113 sirenes da Defesa Civil foram acionadas em comunidades, devido ao risco de deslizamento de terra.

A recomendação era que as pessoas ficassem em locais seguros, evitando sair às ruas porque várias ruas e avenidas estavam interditadas. O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, pediu nesta quarta-feira (8) que as pessoas evitem circular pela cidade quando estiver chovendo muito.

“Nós devemos ter mais chuvas hoje. A cidade voltou a um certo estágio de normalidade, mas é óbvio que a chuva de ontem trouxe muito lixo, provocou bolsões d’água, alagamentos e entupimento de galerias, então com a chuva de hoje a gente pode voltar a ter problemas. Evitem deslocamentos durante chuvas fortes, fiquem atentos às informações da imprensa e do Centro de Operações”, disse Paes, em um vídeo publicado nas redes sociais.

Situação caótica afeta mobilidade do carioca

Devido ao temporal, a rotina da cidade mudou. A cidade estava em estágio de mobilização desde as 15h desta terça-feira, em função das condições do tempo. As chuvas provocaram alagamentos e transbordamentos de rios, deixando o município em estágio de alerta a partir das 17h40, quando o Sistema Alerta Rio, da Prefeitura do Rio de Janeiro, registrou chuvas acima de 25 milímetros (mm) nas estações Jardim Botânico (30,4mm), Vidigal (26,8mm) e Muda (25,8mm). O estágio de alerta é o quarto nível em uma escala de cinco e significa que uma ou mais ocorrências graves impactam a cidade ou há incidência simultânea de diversos problemas de médio e alto impacto em diferentes regiões.

O sistema de transporte por ônibus urbanos, trens e metrô praticamente paralisou. O Centro de Operações da prefeitura informou que já por volta das 18h30, em pleno horário de rush, o congestionamento do trânsito na cidade estava 133% maior. Vias importantes foram interditadas para a circulação de veículos como a Avenida Niemeyer, a Estrada das Furnas, a Estrada Grajaú-Jacarepaguá e a Praça da Bandeira.

No centro da cidade os ônibus urbanos pararam de circular. Todas as linhas do sistema de Veículos Leve sobre Trilhos (VLT), que circula pela região central da cidade, passando pela zona portuária, avenida Rio Branco e Aeroporto Santos Dumont, foram paralisadas com o temporal. Os trens da SuperVia também ficaram praticamente sem circular, devido aos bolsões d’água que atingiram a malha ferroviária em vários trechos

A Avenida Brasil, principal ligação com os bairros da zona portuária, norte e oeste, também ficou alagada. Os bairros de São Cristóvão e Méier, na zona norte, foram muito atingidos pela chuva. Taquara, na zona oeste, e Laranjeiras e Catete, na zona sul, ficaram completamente alagados. A região do tradicional bairro boêmio da Lapa foi uma das mais atingidas pelo alagamento, com muitos bolsões d’água. Houve registros de alagamento na Avenida Presidente Vargas e o canal do Mangue que acompanha a via quase transbordou perto da Passarela do Samba.

Alguns prédios também sentiram impactos da chuva. Na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), o teto não conseguiu impedir a entrada de grande quantidade de chuva. O Colégio Pedro II, unidade federal, decidiu suspender as aulas hoje diante da previsão de novas chuvas e também porque alguns funcionários e alunos ficaram presos em unidades escolares durante toda a noite.

No prédio da Petrobras, na rua do Senado, algumas áreas foram atingidas pela água e houve necessidade de desligamento de parte da energia do edifício e de evacuação dos funcionários ontem. Hoje, os servidores desta unidade trabalharão de casa. O teto de gesso do shopping Nova América, em Del Castilho, na zona norte, desabou devido ao temporal, mas ninguém ficou ferido. A área foi isolada. O centro de compras permanece aberto ao público.

Na Rua dos Inválidos, na Lapa, um casarão tombado pelo município foi atingido por desabamento parcial do imóvel vizinho. Ele integra o conjunto do antigo cortiço Chora Vinagre, tombado pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH).

As chuvas também prejudicaram o abastecimento de água em 13 bairros na zona oeste da cidade. A concessionária Rio+Saneamento informou que o fornecimento foi reduzido devido a alterações na qualidade da água captada na estação de tratamento de Guandu.

Previsão de mais chuvas nos próximos dias

Nesta quarta-feira (8), a cidade amanheceu em estágio de mobilização, o segundo nível em uma escala de cinco (o primeiro é normalidade e o último estágio é de crise). Há previsão de chuva moderada a forte para esta quarta-feira no Rio, segundo o Centro de Operações.

A meteorologia aponta que até semana que vem cariocas e fluminenses viverão dias de muita chuva moderada a forte em todas as regiões do estado. O Centro Estadual de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden-RJ) monitora as condições meteorológicas e os níveis pluviométricos, enviando alertas para as regiões em caso de riscos.

A capital, a Baixada Fluminense, as regiões metropolitana, serrana e nas Baixadas Litorâneas apresentavam risco hidrológico alto e muito alto e também havia risco geológico nas regiões metropolitana, serrana e nas Baixadas Litorâneas. O cenário atual é de núcleos de chuva moderada a muito forte na capital, região metropolitana, Baixada Litorânea, e nas regiões Norte e Noroeste do Estado.

Obras prometidas para conter a força dos temporais

Desabamento causado por chuvas fortes em São Gonçalo, em 2022 (Foto: Prefeitura de São Gonçalo)

Em novembro de 2022, a Prefeitura do Rio anunciou que fará 235 obras com investimento total de R$ 1,2 bilhão para minimizar os impactos das chuvas na cidade. O Plano Verão 22/23 prevê as principais ações preventivas, entre elas, a contenção de encostas, dragagem de rios e limpeza de ralos, para o período. O documento foi elaborado por mais de 30 órgãos municipais, secretarias e subprefeituras.

Das 235 obras de risco hidrológicos e geológicos, 112 serão realizadas em bairros da zona oeste (49,15% do total), 81 na zona norte (35,04%), 31 na zona sul (14,95%) e 11 (0,85%) no Centro. O mapa com todas as obras está disponível no site do Escritório de Dados da Prefeitura do Rio.

Segundo a prefeitura, do total de obras, 102 estariam concluídas até dezembro e contribuirão para a recuperação de encostas e desobstrução de canaletas de drenagem em morros e importantes avenidas da cidade, como na Rocinha, no Santa Marta, na Avenida Niemeyer e na Estrada Grajaú-Jacarepaguá, além de reduzir alagamentos e eliminar pontos críticos de drenagem, como no Jardim Maravilha, em Guaratiba, na Comunidade do Rollas, em Santa Cruz, e em Vila Ieda, em Campo Grande.

“Esse plano é um conjunto de intervenções que procura resolver problemas estruturais da cidade, um esforço para minimizar os impactos das chuvas mais fortes. É um trabalho que tem que ser permanente. Nossa maior preocupação é preservar vidas. Estamos batendo o recorde, dos últimos 10 anos, de investimentos em limpeza de ralos e desassoreamento de rios. No total, vamos investir R$ 1,2 bilhão em 235 obras espalhadas pela cidade”, afirmou o prefeito Eduardo Paes, na ocasião.

Segundo o prefeito, havia “um investimento recorde em obras de contenção”. A prefeitura mapeou 103 comunidades na cidade com alto risco geológico. “Mas quero reiterar um apelo para quem mora em comunidades que, quando tocar uma sirene da Defesa Civil, não pague para ver, não espere ter um deslizamento porque depois a gente não vai recuperar as vidas perdidas. Respeite as sirenes e vá para uma área segura”, disse Paes.

Chuvas em São Paulo

Uma pessoa morre e outra segue desaparecida após a forte chuva que atingiu a Grande São Paulo ontem (7). O corpo de um jovem, que foi arrastado pela força das águas próximo a um córrego em Quitaúna, em Osasco, foi encontrado na manhã desta quarta (8) e os bombeiros estão em busca de uma pessoa desaparecida no Parque São Lucas, na zona leste paulistana.

Chuvas em São Paulo
Chuvas em São Paulo – Reprodução/Eduardo Viné Boldt/TV Brasil

Levantamento da Defesa Civil do estado de São Paulo, divulgado no dia 1º, mostrou que 24 pessoas morreram por causa das chuvas desde o início de dezembro. Desde então, ocorreram pelo menos mais duas mortes causadas pelas chuvas.

Durante a madrugada desta quarta (8), o Corpo de Bombeiros recebeu 76 chamados para queda de árvores, 158 enchentes e dez chamados para deslizamentos.

Com informações da Agência Brasil

 

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