Apesar dos avanços nos últimos 15 anos para o tratamento e prevenção do Acidente Vascular Cerebral (AVC), as estatísticas globais demonstram que 1 em 4 adultos acima dos 25 anos terão um ‘derrame’ ao longo da vida. Mais de 12 milhões de pessoas ao redor do mundo terão o primeiro AVC neste ano e 6,5 milhões de pessoas morrerão em decorrência dele, de acordo com a Organização Mundial de AVC.

Quando falamos em AVCs, cada segundo é importante. A rapidez no reconhecimento e no início do tratamento de um AVC pode fazer a diferença entra a vida e a morte. Por isso, é fundamental que toda e qualquer pessoa saiba reconhecer essa doença em seus primeiros sinais. Especialistas explicam como reconhecer os sinais de um AVC e como reduzir o risco da doença que representa um dos principais agravos de saúde, podendo levar à morte ou incapacidade física e neurológica.

“Dizemos com frequência que o ‘tempo é valioso para o cérebro,’ o que significa que, quanto mais rápido for restabelecido o fluxo sanguíneo para ele, melhores serão os resultados para o paciente,” afirma o Dr. James Meschia, neurologista da Mayo Clinic, na Flórida. “Um AVC é um ataque no cérebro,” afirma Kelly Flemming, neurologista da Mayo Clinic, em Rochester. “Recomendamos vivamente que todas as pessoas possam reconhecer os sinais de um AVC e chamar o serviço de emergência imediatamente.”

É importante que todos estejam atentos aos sintomas do AVC que pode afetar qualquer pessoa em qualquer idade. Quando uma pessoa sofre um AVC perde até dois milhões de neurônios por minuto. Por isso, a principal mensagem da campanha do Dia Mundial do AVC (29 de outubro) deste ano é: “Minutos podem salvar vidas”.#precioustime, proposta pela Organização Mundial do AVC. Esta mensagem é voltada para a atenção e detecção dos primeiros sinais de um AVC, que pode ser decisivo para o acesso ao tratamento precoce.

Em todo o país, reduzir o tempo para atendimento às vítimas de AVC e poder oferecer um prognóstico melhor, com menos sequelas e mais qualidade de vida, é um desafio. No Hospital de Urgências de Goiás (Hugo), o “Projeto Angels” implantado em julho pretende disponibilizar atendimento de emergência para reduzir mortes e incapacitações provocadas pelo AVC.

O serviço está em desenvolvimento no hospital como projeto piloto desde o mês de março, e já socorreu 18 pacientes em situação de risco. A partir de agora, o protocolo será instalado em definitivo no hospital. A emergência do hospital começou a contar com a presença de neurologista 24 horas por dia, 7 dias da semana. Entre março e julho, foram realizados 18 trombólises – processo pelo qual se dissolve um trombo formado na corrente sanguínea.

Reconheça os sinais

Os sinais que uma pessoa pode apresentar ao sofrer um AVC incluem problemas repentinos de equilíbrio ou coordenação; visão turva ou dupla; queda facial em um dos lados; incapacidade de levantar ambos os braços sem que um ou ambos caiam; e fala desarticulada ou dificuldade para falar.

“Sintomas com paralisia de um lado do corpo, boca torta, dificuldade para falar ou entender a linguagem, dificuldade repentina para enxergar ou dor de cabeça súbita podem ser sinais e sintomas do AVC ”, explica Gisele Sampaio, professora do Departamento de Neurologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp) e membro do comitê diretivo da campanha nacional.

O rosto pode apresentar um lado caído. Para observar, peça que a pessoa sorria e repare se há um lado da face que permanece imóvel. No braço, a fraqueza é o sinal de alerta. Solicite que a pessoa faça o movimento de dar um abraço e será possível notar que ela não terá forças para subir os braços. A fala é mais um indício e para observá-lo basta ouvir se ela sai com dificuldade, de maneira arrastada ou enrolada.

Ao identificar um ou mais desses sinais, os especialistas recomendam ligar para o serviço de urgência médica (SAMU 192) ou um número de emergência imediatamente e avisar se tratar de um possível AVC. “É fundamental que as pessoas anotem o horário que surgiram os sinais na pessoa com suspeita de estar sofrendo um AVC,” afirma o Dr. Meschia.

Segundo ele, o tempo é um dos principais fatores para tratar os AVCs isquêmicos e se for necessário administrar tratamentos úteis, como drogas para desobstrução de coágulo, isso poderá ser feito segura e eficazmente.

“Caso a droga seja administrada muito tardiamente, a situação pode piorar. Por outro lado, se ela for prontamente administrada, as condições da pessoa podem melhorar consideravelmente, e o déficit causado pelo AVC poderá ser reduzido”, destaca o especialista.

Com a disseminação desse tipo de informação para a população cada pessoa pode fazer diferença e representar a salvação de uma vida ao se deparar com um caso de Acidente Vascular Cerebral.

SAMU – Sorriso, Abraço, Música e Urgência

Em caso de suspeita de AVC é importante levar a pessoa ao hospital o quanto antes, de forma emergencial. Qualquer minuto faz diferença nesta situação. Caso não seja possível realizar isso de forma imediata, a primeira coisa a ser fazer é ligar para a ambulância pelo 192 e informar todos os dados possíveis. Quanto mais rápido o atendimento, mais chances de tratamento e de evitar sequelas. O tempo é precioso!

O diagnóstico precoce garante mais chances de tratamento e cura. Por isso, o reconhecimento dos sinais dessa doença, que acomete todas as idades, é muito importante. O reconhecimento precoce do AVC é muito importante e pode ser realizado com a escala S.A.M.U. A sigla significa Sorriso, Abraço, Música e Urgência para avaliar os sintomas do AVC.

Nesse caso, se o paciente apresentar uma alteração no sorriso – como um sorriso torto -, uma alteração em relação ao abraço – onde a pessoa ao levantar os dois braços apresenta diminuição da força em um dos braços -, alteração na fala ou no reconhecimento de uma música ou qualquer um desses três sinais é um motivo de urgência para procura de uma unidade de saúde.

“O S.A.M.U. significa: S de Sorria, A de Abraço, M de Música e U de Urgência; ou seja, se o paciente apresentar uma alteração no sorriso, um sorriso torto onde um lado não mexe, por exemplo; uma alteração em relação ao abraço, que pode ser detectado quando a pessoa ao levantar os dois braços apresenta diminuição da força em um dos braços ou, quando um dos braços não se move; uma alteração na música ou mensagem, o paciente não consegue reconhecer a mensagem, a fala, ou, não consegue falar. Qualquer um desses três sinais é um sinal de urgência e esse paciente pode estar com AVC, logo, ele deve ser encaminhado mais rápido possível para um serviço especializado”, esclarece o fisioterapeuta Gabriel Pinheiro, coordenador do serviço de Fisioterapia do Hospital Adventista Silvestre do Rio de Janeiro.

Unifesp faz campanha de conscientização

Ainda em comemoração ao Dia Mundial de Combate ao Acidente Vascular Cerebral (AVC), lembrado no último sábado (29/10), a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) vai realizar uma campanha de conscientização em seus ambulatórios, esclarecendo dúvidas e conscientizando os pacientes sobre as formas de prevenção e reconhecimento dessa doença cerebral, causada por interrupção de fluxo em vasos sanguíneos do sistema nervoso central e que pode levar à morte.

Durante a semana, serão distribuídos panfletos com dicas práticas para reconhecer e agir na melhor forma de socorro. A data foi criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2006 numa parceria com a Federação Mundial de Neurologia e, desde então, é usada não somente para disseminação de informações para pacientes como também para preparar os profissionais de saúde de forma a melhor orientar seus pacientes na conduta e prevenção do AVC.

Sobre o AVC  

O Acidente Vascular Cerebral (AVC), conhecido popularmente como derrame, ocorre a partir de alterações do fluxo de sangue no cérebro que podem sofrer entupimento ou rompimento. A doença pode ser dividida em dois tipos: o acidente vascular cerebral isquêmico, considerado o mais comum, e o acidente vascular cerebral hemorrágico, mais grave e fatal.  

“Existem diversos fatores de risco, como a pressão alta (hipertensão arterial sistêmica), o tabagismo, taxas de colesterol elevadas, diabetes, pessoas que têm uma vida de muito estresse ou são sedentárias e as que já são pré-dispostas com algumas doenças que alteram a coagulação do sangue e doenças do coração que levam a alterações do ritmo do cardíaco (arritmias) estão entre as mais propensas ao AVC”, analisa o fisioterapeuta.

Tipos de AVC

AVC tem duas causas principais. A causa mais comum, o AVC isquêmico, ocorre quando o vaso sanguíneo que leva sangue ao cérebro é bloqueado. Cerca de 87% dos AVCs são deste tipo, já os 13% restantes são AVCs hemorrágicos, causados pelo vazamento de sangue no cérebro ou pelo rompimento de uma artéria que chega ao cérebro.

’Com o AVC ocorre um déficit neurológico súbito causando problemas nos vasos cerebrais que podem sofrer entupimento ou rompimento, dividindo o Acidente Vascular Cerebral em dois tipos: o acidente vascular cerebral isquêmico e o acidente vascular cerebral hemorrágico e em média 80% dos AVC´s são isquêmicos’’, explica o fisioterapeuta.

Tipos de prevenção de AVC

Ainda que muitas coisas tenham mudado ao longo dos anos quanto à maneira pela qual os profissionais de saúde respondem ao AVC, as medidas preventivas para a redução dos riscos ainda continuam sendo constantes e nunca foram tão importantes. “Isso inclui o controle da pressão sanguínea, mantendo o seu nível ideal em (ou menor que) 120/80 mmHg,” afirma o Dr. Flemming.

“Outras recomendações quanto ao estilo de vida incluem evitar o tabagismo, alimentar-se com uma dieta saudável e com baixos níveis de colesterol, além de praticar exercícios físicos regularmente,” afirma o Dr. Meschia. “Idealmente, cerca de 150 minutos por semana com uma intensidade moderada, pelo menos,” afirma o Dr. Meschia.

AVCs e gripe

Um estudo publicado no começo deste ano na Stroke, uma revista da Associação Cardíaca Americana, descobriu que, entre um grupo de pessoas hospitalizadas pelos mais diversos motivos, aquelas que sofreram de doença semelhante à gripe em um período de um mês de hospitalização representaram 38% de probabilidade de ter um AVC em comparação com as outras pessoas que não tiveram aquela doença. Receber a vacina contra a gripe no ano que antecedeu a hospitalização diminuiu o risco de a pessoa ter um AVC em 11%.

As pessoas com mais de 50 anos que foram hospitalizadas e aquelas que estão recebendo os cuidados em casa com alto risco de gripe tinham taxas mais baixas de morte, ataque cardíaco, acidente isquêmico transitório e parada cardíaca caso tivessem sido vacinados contra gripe, de acordo com um estudo apresentado na reunião de Ciências Cardiovasculares Básicas da Associação Cardíaca Americana de 2020.

“A vacinação contra gripe reduz, de fato, o risco de AVC,” afirma Gyanendra Kumar, neurologista da Mayo Clinic, no Arizona. “Com a redução do risco de desenvolver gripe, também há a redução de um indivíduo idoso ficar imobilizado e desidratado (aspectos que combinam com a possibilidade de contrair uma infecção como a gripe são considerados fatores de risco para a formação de coágulos com AVC).

Doenças como a gripe submetem o corpo a um aumento do risco de AVC e ataques cardíacos devido à liberação de substâncias químicas inflamatórias, como as citocinas, que danificam o revestimento interno dos vasos sanguíneos e até mesmo o coração. Assim, isso provoca uma cascata de eventos que levam à formação de coágulos.”

Com Assessorias e site do Hugo

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