Por Andrea Ladislau*

Muito se fala em somatização, mas o que poucas pessoas sabem é que, grande parte dos sinais de doenças emitidos pelo nosso corpo, podem ter uma origem emocional. Os sinais e sintomas da somatização de sentimentos podem ser muito variados, tanto em quantidade, quanto em intensidade, afinal estamos falando de um transtorno que pode percorrer um espectro muito grande.

Os problemas podem surgir desde pequenas reações rápidas, como ficar vermelho ao sentir vergonha, ou com o coração acelerado ao ficar nervoso e assim por diante, até chegar em pontos mais drásticos, como as dores físicas. Esses são sintomas que precisam gerar alerta nas pessoas, porque em muitos momentos as pessoas acham que não se trata de nada grave.

Na verdade são conflitos psicológicos que necessitam de certa atenção. Ou seja, o que não é resolvido mentalmente pode afetar o corpo físico. Um dos principais motivos que podem desencadear doenças físicas é o quanto o indivíduo está vulnerável e desprotegido.

Sintomas como medo, tristeza, raiva, culpa, mágoa, frustração e sentimento de rejeição deixam a pessoa muito carregada. O corpo e a mente não foram feitos para carregar sentimentos ruins e, quando eles se acumulam, o corpo encontra formas de manifestar os problemas — dando origem às doenças.

Sentimentos que produzem doenças

Sentimentos e emoções negativas alteram a produção de hormônios e fazem com que o cérebro produza uma série de substâncias que desestabilizam o funcionamento do corpo, gerando doenças físicas e psicológicas e até desconfortos estéticos relacionados à aparência. Por isso, é comum vermos pessoas sentindo dores físicas quando estão passando por algum problema emocional.

Estudos comprovam que todas as doenças são originadas pelas emoções e sentimentos em desequilíbrio. Os problemas de saúde são manifestações do inconsciente, que está sinalizando situações mal resolvidas, emoções em fragilizadas ou em excesso, resistência às mudanças ou padrões limitantes de comportamento.

De qualquer forma, existem sintomas mais comuns nas pessoas que costumam somatizar sentimentos e são esses: coração acelerado, famosa taquicardia; dores musculares, principalmente nas costas; enxaqueca ou dores na cabeça; manchas na pele ou irritação; boca ressecada; enjoo constante; suor excessivo em diversos lugares.

Se você está alimentando muitos sentimentos negativos em relação à sua vida, talvez seja a hora de fazer uma revisão antes que o corpo se manifeste por meio de doenças. A falta de consciência e de ação pode piorar ainda mais as coisas, uma vez que dar força a esses sentimentos pode fazer com que eles acabem se tornando uma constante em sua vida.

Causas emocionais que podem estar ligadas a doenças

Algumas pesquisas fazem a correlação das doenças do corpo com as queixas emocionais. Tanto que os profissionais da saúde mental trabalham sempre percebendo e fazendo a investigação psicossomática com base nos sintomas físicos relatados. Abaixo. alguns exemplos das causas emocionais que podem estar ligadas a algumas doenças: 

  • Amigdalite: emoções reprimidas, criatividade sufocada;
  • Anorexia: ódio extremo de si mesmo;
  • Apendicite: medo da vida, bloqueio do fluxo de coisas positivas;
  • Arteriosclerose: resistência em ver o bem;
  • Asma: sentimento contido e choro reprimido;
  • Bronquite: ambiente familiar “inflamado”, com muitos gritos e discussões;
  • Câncer: mágoa profunda, tristezas mantidas por muito tempo;
  • Colesterol: medo de aceitar alegria;
  • Derrame (AVC): resistência, rejeição à vida;
  • Diabetes: tristeza profunda (vida sem doçura);
  • Diarreia: medo, rejeição, fuga (eliminar o que está ruim por dentro);
  • Dor de cabeça: autocrítica, falta de autovalorização;
  • Enxaqueca: medos sexuais, raiva reprimida, excesso de perfeccionismo;
  • Fibromas: alimentar mágoas causadas pelo parceiro;
  • Frigidez: medo e negação do prazer;
  • Gastrite: incerteza profunda e ideias mal digeridas;
  • Hemorroidas: medo de prazos determinados, raiva reprimida, excesso de perfeccionismo;
  • Hepatite: raiva, ódio e resistência às mudanças;
  • Insônia: medo e culpa;
  • Labirintite: medo de não estar no controle;
  • Meningite: tumulto interior e falta de apoio;
  • Nódulo: ressentimento, frustração, ego ferido;
  • Problemas de pele (acne): individualidade ameaçada, falta de aceitação de si mesmo;
  • Pneumonia: desespero, cansaço da vida;
  • Pressão alta: problema emocionalmente duradouro e não resolvido;
  • Prisão de ventre: problemas passados não resolvidos, medo de não ter dinheiro suficiente;
  • Problemas nos pulmões: medo de absorver a vida;
  • Quistos: alimentar mágoa, falsa evolução;
  • Resfriados: confusão mental, desordem, mágoas;
  • Reumatismo: sentir-se vítima, falta de amor e amargura;
  • Rinite alérgica: congestão emocional, culpa e mania de perseguição;
  • Problemas renais: crítica, desapontamento e fracasso;
  • Ronco: teimosia e apego ao passado;
  • Sinusite: irritação com pessoas próximas;
  • Problemas na tireoide: humilhação;
  • Úlceras: medo e crença de não ser bom o bastante;
  • Varizes: desencorajamento e sensação de estar sobrecarregado.

Transtornos psíquicos podem afetar a pele

Além de todas essas possíveis manifestações fisiológicas, os aspectos de beleza também sofrem alterações em função de transtornos psíquicos. Temos, por exemplo, as psicodermatoses, que são algumas doenças e problemas de pele desencadeadas e, até mesmo agravadas por fatores psicológicos, como ansiedade, TOC (transtorno obsessivo-compulsivo) e até depressão.

Também podemos destacar as famosas acnes, tão comuns principalmente nos mais jovens, que podem piorar seu aspecto físico quando a pessoa entra em um processo de estresse elevado, acrescido de momentos de tristeza, alterações de humor e a tão temida baixa autoestima, que é estimulada por um gatilho estético e psíquico.

A explicação deve-se ao fato de que o estresse piora o funcionamento do sistema de defesa do organismo, fazendo com que a pele, em conflito com as possíveis bactérias, tenha os poros inflamados e entupidos. Ainda falando de estética e beleza, cabelos e unhas também podem ser extremamente influenciados por nossas emoções.

O aspecto visual destes está associado a tensão provocada nos hormônios e na circulação do sangue pelo corpo. Se esse fluxo sanguíneo for menor, os fios terão maior dificuldade em se fixar e, automaticamente, teremos a manifestação de uma queda de cabelo fora da normalidade aceitável.

Eu tenho UCE – Urticária Crônica Espontânea. E você, sabe o que é isso?

‘Tudo que não se resolve na mente, reflete no corpo’

Enfim, o que devemos fazer? Devemos buscar entender, investigar e trabalhar o autoconhecimento para que não sejamos surpreendidos por doenças físicas que possam nos debilitar ainda mais. A Psicanálise já diz: Tudo o que não se resolve na mente, reflete no corpo.

E é a mais pura verdade. Devemos trabalhar nossas emoções e sentimentos. Usar a nossa inteligência emocional para nos libertar do que faz adoecer. A somatização nos traz alertas simples onde devemos aprender a cuidar das emoções e buscar uma vida mais saudável e com equilíbrio.

Essa, certamente, é a chave para a solução de muitas doenças do corpo que são geradas pelos transtornos emocionais. Preencher os seus vazios e buscar o autoconhecimento traz a eficácia desta prevenção. Tudo está dentro de nós, só precisamos aprender a cuidar dos pensamentos que produzimos.

A negatividade não pode dominar o ritmo de vida do indivíduo. Por isso, produza mais produtividade e aprenda a compreender seu vazio, seus medos e suas faltas. Desta maneira fica mais fácil controlar os sentimentos.

*Andrea Ladislau é pós-graduada em Administração Hospitalar e Psicanálise e doutora em Psicanálise Contemporânea. Possui especialização em Psicopedagogia e Inclusão Digital. É também graduada em Letras e Administração de Empresas, palestrante, membro da Academia Fluminense de Letras e escreve para diversos veículos. Na pandemia, criou no Whatsapp o grupo Reflexões Positivas, para apoio emocional de pessoas do Brasil inteiro.

Contatos: Instagram: @dra.andrealadislau / Telefone: (21) 96804-9353 (Whatsapp)

Andrea Ladislau colabora para a seção Palavra de Especialista uma vez por mês. Dúvidas e sugestões para palavradeespecialista@vidaeacao.com.br.

Leia mais artigos de Andrea Ladislau

Body Checking: quando o espelho vira um aliado da neurose
Ômicron: como lidar com a positividade que ninguém quer?
O ano termina, nasce outra vez… e o que você fez ou vai fazer?
O legado emocional e afetivo deixado pela pandemia
Felipe Neto e a Síndrome de Burnout associada à depressão
Borderline: a linha tênue entre a euforia e a depressão
Como o câncer de mama impacta a saúde emocional
Entenda a importância da terapia na prevenção do suicídio
Nomofobia: quando a conexão virtual vira síndrome
Síndrome do Pensamento Acelerado: uma nova epidemia
Cancelamento: que cultura é essa que nos dá autoridade para julgar alguém?

 

Shares:

Posts Relacionados

6 Comments

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *