O apresentador Fausto Silva, de 73 anos, apareceu em vídeo emocionante nesta quinta-feira (31) para agradecer à família do doador de seu novo coração. Faustão está internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, desde o dia 5 de agosto e passou por um transplante cardíaco no último dia 27.

“Sinto como se o meu coração batesse ainda mais forte, é uma sensação única. Tiveram que tirar um monte de entulho de dentro de mim, e colocaram um coração novo, de um garotão de 35 anos. É algo que me faz sentir muito vivo”, disse o apresentador.

O vídeo foi publicado no perfil “Faustão do meu Coração”, criado pela família para divulgar a importância da doação de órgãos. O apresentador faz um “agradecimento especial” a José Pereira da Silva, pai de Fábio, de 35 anos, que doou o órgão assim que a morte cerebral do filho foi decretada.

“Ele teve uma grandiosidade incrível, uma generosidade absurda e proporcionou que eu continuasse vivo. Eternamente grato ao José Pereira da Silva, um homem simples…”, disse o apresentador, com a voz embargada.

Fábio Cordeiro da Silva, morador da cidade de Santos, em São Paulo, morreu no sábado (26), vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) isquêmico, enquanto trabalhava como azulejista. Além do coração, a família do atleta autorizou a doação de outros órgãos.

“Graças à imensa generosidade do pai, do Wellington, o irmão, da viúva, Jaqueline, eu estou vivo”, disse Faustão. “Nós ficamos contentes, o Faustão foi muito prestativo. E o Fábio era um menino bom, trabalhador, muito querido. Mas a vida é assim”, disse José, a um programa de TV.

Fábio era jogador de futebol de várzea e muito conhecido no litoral paulista, por suas passagens por clubes de diversas cidades, como Praia Grande, Itanhaém e São Vicente. Sonhava em ser atleta profissional e chegou a fazer testes em grandes times, como o Palmeiras. Além do futebol, Fábio praticava surf e capoeira.

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Agradecimentos aos médicos e ao SUS

Durante entrevista ao portal UOL, em uma de suas primeiras declarações após a cirurgia, Fausto elogiou muitas vezes o trabalho dos médicos e o Sistema Único de Saúde (SUS), que controla os transplantes de órgãos no país.

Só tenho a agradecer aos meus médicos e ao SUS. Tudo isso também é graças ao SUS. Não é porque eu tenho dinheiro que estou bem. Tudo isso que fiz também é feito no SUS, e isso precisa ser valorizado. É importante que todos se informem sobre, e essa será agora a minha missão”. 

Faustão fez um apelo por mais doações de órgãos.Meu primeiro pensamento foi: eu preciso motivar a doação de órgãos. O Brasil tem que ser o primeiro lugar do mundo. Tem que existir mais projetos. Precisamos fazer alguma coisa para melhorar isso, e pensarmos nos próximos. Precisamos usar a fé na doação. Se eu não tivesse fé, não estaria vivo.”

“Por mim, eu saía daqui amanhã”, afirma o apresentador

Segundo o último boletim médico, divulgado na quarta-feira, o apresentador apresenta “função cardíaca normalizada e estável”. Foram retirados o dreno e alguns cateteres e Faustão também iniciou a fisioterapia. “Está se comunicando normalmente e se mostra muito disposto, após 72 horas desde a realização do transplante de coração”.

A equipe médica ainda não falou sobre alta. Faustão deverá permanecer hospitalizado para monitorar o risco de infecção ou de rejeição do coração transplantado. Mas, se dependesse dele, Faustão afirmou que receberia alta hospitalar já na sexta-feira (1º).

“Estou me sentindo ótimo. Por mim, eu saía daqui amanhã, estou abismado com a minha recuperação. Ontem parecia que eu estava num dia normal na minha vida. Sentei, andei, conversei. É um absurdo poder fazer tudo isso. Não tenho nada para reclamar. Sinto apenas uma leve dor nas costas, é um detalhe perto de tudo que aconteceu”, afirmou o apresentador.

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“Eu também dei sorte nessa fila de transplantes”, diz Faustão

No vídeo, Faustão aparece sentado, e agradece a toda torcida por sua recuperação. Com a voz rouca, explica: “Estou com a voz assim porque fui intubado. Não sinto nada, nenhuma dor. Estou completamente recuperado”.  O apresentador também comentou sobre os boatos em torno da rapidez com que recebeu o transplante.

“Eu sei que a internet tem um monte de m* falando, os caras falando bobagem. Se tivesse preocupado com isso, não teria nem começado a minha carreira. Importante é você que gosta de mim, tenho que dar uma satisfação. Estou aqui muito emocionado, a recuperação é fantástica”, disse.

Faustão disse que considera uma pessoa de sorte ao conseguir prioridade na fila do SUS. “Para que todo mundo tenha a certeza do que é um transplante, dos 200 e poucos transplantes, 60 esperaram menos de um mês. Eu dei sorte também nessa fila”. E prometeu lutar pela causa: “Agora é motivar todo mundo a fazer do país primeiro doador de órgãos do mundo. Tendo que conscientizar.”

Luciana Cardoso, mulher de Faustão, também fez um agradecimento.

“Foi um domingo abençoado para nossa família. Desde o primeiro dia de internação de emergência já sabíamos da necessidade do transplante (…) “[Quero] agradecer a essa família abençoada que, em um momento de dor e sofrimento, disse ‘sim’ e permitiu que não só o Fausto pudesse ter mais tempo ao lado dos filhos, como tantos outros receptores que hoje estão comemorando essa superação.”

Como foi o processo de doação e transplante do coração de Faustão

A Central de Transplantes do Estado de São Paulo contatou o Hospital Albert Einstein na madrugada de domingo para informar sobre o novo coração. Após a avaliação de compatibilidade do órgão, a cirurgia foi realizada e durou cerca de 2h30. 

Conforme a Central, durante a mesma madrugada, o sistema localizou 12 pacientes que atendiam aos requisitos para o transplante. Faustão, no entanto, ocupava o segundo lugar entre os casos prioritários.

A gravidade do caso é um dos principais critérios para a prioridade no transplante. O apresentador estava fazendo diálise para ajudar no funcionamento dos rins e usando medicamentos para ajudar o coração a bombear sangue. Luciana Cardoso, mulher de Faustão, publicou uma carta aberta de agradecimento nas redes sociais. 

“Nos mantivemos em silêncio, como é característica da família, até que a internação se tornou pública. A princípio, achamos que preservar o quadro clínico e a necessidade do transplante seria a melhor opção. Mais uma vez, as coisas tomaram outro rumo e o transplante foi anunciado por uma rádio. Com toda transparência que nos é característica, confirmamos a notícia.”

Com informações do UOL e GShow

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