Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 42% da população do planeta sofrem com algum tipo de dor e até 92% vai ter o problema ao menos uma vez na vida. Aproximadamente 1,5 bilhão de pessoas convivem com dores crônicas no mundo, o que faz da dor uma das principais causas de incapacitação global. Essa condição afeta não apenas o corpo, mas também o bem-estar emocional, social e econômico de milhões de pessoas.

Haleon Pain Index, estudo desenvolvido pela Haleon globalmente desde 2014, examina profundamente os efeitos da dor na vida das pessoas. A quinta edição do estudo revela que 9 em cada 10 entrevistados convivem com algum tipo de dor diária. Além disso, o impacto social e econômico da dor aumentou em quase 25% nos últimos anos, evidenciando a urgência de uma abordagem mais adequada e acessível para o tratamento da dor.

De acordo com o Estudo Epidemiológico da Dor (Epidor) realizado pela Faculdade de Saúde Pública da USP, 22% das pessoas no Brasil sofrem de dor nos membros inferiores, 21% nas costas e 15% de dor de cabeça. A coordenadora do estudo, Maria do Rosário Dias de Oliveira Latorre, destaca que muitas pessoas não buscam tratamento, mesmo sofrendo com dor.

O estudo revelou que 45,1% das pessoas com dor nas costas e 54,6% das pessoas com dor nos membros inferiores não utilizam nenhum tipo de tratamento. Infelizmente, muitas pessoas não buscam tratamento adequado devido a crenças equivocadas, como a ideia de que a dor vai passar sozinha ou que o uso de analgésicos anti-inflamatórios pode ser prejudicial.

dor pode impactar significativamente a qualidade de vida das pessoas, causando dificuldade de vários tipos, desde um simples desconforto, até dificuldades para dormir, trabalhar, estudar e socializar, podendo chegar à depressão, ansiedade e isolamento social. 

Outras consequências podem ser a prática de polifarmácia (condição em que um paciente toma vários medicamentos simultaneamente); hospitalização e internação prolongada, causando aumento da demanda por serviços de saúde.

Diferença entre doença crônica e aguda e impacto nos idosos

De maneira simplificada, a dor pode ser classificada como aguda ou crônica. A dor aguda possui uma função protetora que sinaliza o cérebro sobre a presença de estímulos prejudiciais, por exemplo, queimaduras, cortes e quedas. Ela é caracterizada por curta duração, geralmente causada por uma doença ou lesão, sem continuidade ou regularidade.

Já a dor crônica é aquela que pode durar por mais de três meses ou além do tempo esperado de cura, causando alterações na função e estrutura do sistema nervoso central, o que deixa o indivíduo mais sensível a estímulos dolorosos. A dor crônica é considerada a própria doença, tal como enxaqueca, fibromialgia, dor lombar e artrite.

O desafio é ainda maior entre os idosos, devido às alterações fisiológicas inerentes ao próprio envelhecimento, comorbidades, uso de diversos medicamentos e insuficiência social e familiar, de acordo com a geriatra e presidente da Comissão de Dor da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), Bianca Figueiredo de Barros.

A dor crônica é considerada a própria doença, acomete quase 50% das pessoas idosas, com impacto negativo na qualidade de vida e funcionalidade. A dor descompensada causa declínio progressivo na reserva fisiológica, ampliando a fragilidade”, afirma.

Fibromialgia: a dor complexa que afeta mais as mulheres

dor crônica é um dos principais desafios enfrentados por pacientes reumáticos. De acordo com a Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), as doenças reumáticas em geral provocam muitas dores e são uma das maiores causas de afastamento do trabalho e de aposentadorias por invalidez e afetam mais de 15 milhões de brasileiros.

Entre as principais doenças reumáticas estão Artrite Reumatoide, Osteoartrite/Artrose, Espondiloartrites, Lombalgia, Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), Fibromialgia, Osteoporose, Gota, Febre Reumática, Vasculites, Doença de Sjögren, Doença de Behçet e Esclerose Sistêmica (ES).

Entre as doenças reumáticas que causam dor, a fibromialgia talvez seja a mais emblemática. Síndrome que se caracteriza por dores generalizadas, principalmente na musculatura, apresenta vários sintomas como fadiga, distúrbios no sono, alterações de memória e atenção, ansiedade, depressão e alterações intestinais. “A fibromialgia resulta de uma alteração do sistema nervos que faz com que ele passe a ter uma percepção de dor amplificada. Associa-se também a estresse crônico”, explica Martinez.

A doença é bastante comum e está presente em pelo menos 5% dos pacientes que procuram assistência médica e entre 10 e 15% dos pacientes que vão ao consultório de um reumatologista.  Afeta mais as mulheres, entre 30 e 60 anos, porém existem casos em pessoas mais velhas e até em crianças e adolescentes.

Falar sobre a dor é o primeiro passo para o alívio

Muitas vezes, a dor é enfrentada em silêncio, quando, na verdade, falar sobre ela é o primeiro passo para o alívio. Por isso, promover o diálogo sobre a dor e incentivar a busca por tratamento adequado são passos essenciais para quebrar estigmas e garantir que mais pessoas encontrem soluções eficazes.

Falar sobre a dor é o primeiro passo para superar as barreiras que muitas vezes impedem as pessoas de buscar o alívio necessário. Ninguém deve enfrentar a dor sozinho,” enfatiza Andrés Zapata, médico da Haleon, alerta que é essencial desmistificar essas ideias e promover a importância do tratamento precoce para evitar complicações.

Essas crenças podem levar ao agravamento da dor e ao desenvolvimento de consequências sistêmicas, como aumento do estresse e impacto negativo na qualidade de vida e cronificação de uma dor que era leve”, afirma.

Preste atenção aos sinais do seu corpo e adote hábitos que podem aliviar o desconforto, como exercícios leves, alongamentos e boas noites de sono. Não ignore a dor; converse com um profissional de saúde para entender sua origem e obter o tratamento adequado. A chave é agir cedo, para que a dor não limite sua qualidade de vida”.

Tratamento da dor e uso adequado de analgésicos

Segundo ele, o tratamento rápido e adequado da dor pode melhorar significativamente a qualidade de vida, permitindo que as pessoas vivam com mais bem-estar. Zapata também ressalta que a prontidão em procurar ajuda e a adesão ao tratamento são cruciais para uma recuperação eficaz e evitar consequências negativas no corpo geradas pela dor:

O sucesso no alívio da dor depende do uso adequado de medicamentos de venda livre (MIPs), da busca rápida por ajuda médica quando necessário e do comprometimento com o tratamento prescrito, pois essas ações combinadas ajudam a prevenir complicações e a melhorar a qualidade de vida. Essas crenças podem levar ao agravamento da dor e ao desenvolvimento de consequências sistêmicas, como aumento do estresse e impacto negativo na qualidade de vida e cronificação de uma dor que era leve”.

Medicamentos isentos de prescrição, como os analgésicos disponíveis em farmácias, desempenham um papel importante no alívio de dores leves a moderadas, como dores de cabeça, dores musculares e cólicas menstruais. No entanto, é fundamental que as pessoas conversem com profissionais de saúde sobre suas dores, para identificar a causa subjacente e garantir que o tratamento seja o mais adequado.

Dia Mundial da Dor

O Dia Mundial da Dor é uma data dedicada à conscientização sobre o impacto global da dor crônica e à necessidade de discutir abertamente esse tema. O mês já é bastante conhecido como de conscientização sobre osteoporose e artrite reumatoide, mas também traz essa importante data criada para conscientizar a sociedade e mobilizar esforços para combater os impactos da dor crônica, um problema de saúde pública que afeta milhões de pessoas em todo o mundo.

 Nossa missão é promover o diagnóstico precoce e oferecer o acesso ao tratamento adequado, pois a dor não tratada pode comprometer seriamente a qualidade de vida das pessoas”, afirma o reumatologista José Eduardo Martinez, presidente da SBR. “Conscientizar a população e os profissionais de saúde sobre essa realidade é essencial para que possamos avançar na oferta de cuidado integral aos pacientes”, completa.

Com assessorias

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