Apostar em esporte não é custo, é investimento social. E não é só para melhorar a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas, mas também para mudar vidas. E é com esse intuito que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou, ainda em 2004, o programa Bolsa Atleta, que tem feito a diferença na trajetória de muitos atletas brasileiros – além de, é claro, de trazer mais medalhas para o Brasil e animar a torcida.

Hoje, o benefício é dado a 80% dos atletas que representam o Time Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris 2024. “Tem várias faixas salariais, mas todo mundo ganha. Fizemos isso porque quando o atleta fica famoso ele tem patrocínio, mas enquanto não é famoso as vezes ele não tem um tênis para andar, a menina não tem um lugar para jogar bola, para saltar, para dançar”, disse Lula, ao cumprimentar a judoca Beatriz Souza pela conquista da primeira medalha de ouro pelo Brasil em Paris.

Além do ouro, Bia e Rebeca Andrade têm em comum o fato de serem beneficiárias do Bolsa Pódio, a mais alta modalidade do benefício.  A ideia é permitir que os bolsistas foquem em seus treinamentos e competições. Desde 2012, é permitido que o bolsista tenha outros patrocínios para a sua atividade. Sargento do Exército, Bia Souza integra o Programa de Atletas de Alto Rendimento do Ministério da Defesa. Já Rebeca é contratada do Flamengo, onde treina.

Em seu primeiro ano, o Bolsa Atleta concedeu 975 bolsas. Dezenove anos depois, em 2024, atingiu o recorde absoluto: 9.097 atletas contemplados, levando em conta 8.738 das categorias convencionais e 359 do Bolsa Pódio, a mais alta, que começou a ser paga a partir de 2013. Neste ano, eles estão em 27 das 39 modalidades que estão sendo disputadas pelo Brasil nas Olimpíadas.

A delegação do Brasil nas Olimpíadas de Paris conta com 276 atletas, dos quais 241 são beneficiados atualmente pelo Bolsa Atleta, o que representa 87,6% do total do time nacional. Se for levado em conta os atletas que já receberam o apoio do Governo Federal em algum momento da carreira, o número sobe para 271 (98,1%).

Bolsa Atleta RJ beneficia Rebeca Andrade e Rafaela Silva

As atletas brasileiras Rebeca Andrade e Rafaela Silva fizeram história ao conquistarem medalhas nos Jogos Olímpicos de Paris. Rebeca conquistou a tão sonhada medalha de ouro na ginástica, enquanto Rafaela, competindo no judô, conquistou a medalha de bronze. Essas vitórias celebram o talento excepcional das atletas, mas também destacam a importância das políticas públicas voltadas para o esporte no Rio de Janeiro.

Filhas de famílias muito humildes, ambas conseguiram se dedicar a suas modalidades esportivas graças ao apoio financeiro do Estado. Elas fazem parte da equipe de mais de 550 atletas e paratletas que contam com o apoio foram beneficiadas pelo programa Bolsa Atleta RJ, um programa semelhante ao federal, oferecido para atletas que vivem no estado. Os auxílios financeiros que variam de R$ 500 a R$ 5 mil para atletas e paratletas, desde a base até o alto rendimento.
Em Tóquio, quando conquistou a prata, Rebeca Andrade se tornou a primeira mulher do país a ter uma medalha olímpica na ginástica artística. A maior medalhista do Brasil em Jogos Olímpicos atingiu um novo patamar ao conquistar seis medalhas, incluindo dois ouros, três pratas e um bronze. Mas quando começou, não foi fácil. Nascida em Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, Rebeca é filha de empregada doméstica e cresceu numa casa de um cômodo que dividia com a mãe e sete irmãos no Rio de Janeiro. Rebeca recebeu o benefício estadual entre os anos de 2022 e 2023, quando migrou para o Bolsa Pódio, do governo federal.
Eu sei o quanto é importante ter esse apoio do Bolsa Atleta, faz muita diferença. A gente consegue comprar material, aparelhagem, tudo o que precisamos. E para a base é extremamente crucial a gente continuar acreditando no potencial de quem está começando agora. É muito bom saber que as pessoas confiam no nosso trabalho e acreditam que a gente pode chegar em outro lugar, alcançar voos mais altos. Foi muito bom participar do programa”, declarou Rebeca em 2023, quando migrou do programa estadual para ser atleta do Flamengo.

“Quero inspirar e motivar outras crianças e jovens a mudarem de vida também”

Rafaela Silva hoje faz parte do programa e representa o TIME RJ na cidade luz

O programa Bolsa Atleta RJ – que hoje contempla 538 pessoas – tem sido fundamental para o desenvolvimento de talentos esportivos, garantindo que atletas como Rebeca e Rafaela possam se dedicar integralmente ao treinamento e à preparação para competições de alto nível.  Nascida na Cidade de Deus, Zona Oeste do Rio, Rafaela é um exemplo ativo e fonte de inspiração para outros beneficiados pelo Bolsa Atleta.

Quando eu comecei, minha família não tinha dinheiro e até você chegar na seleção adulta, todas as despesas são por sua conta. Eu acredito que para você fazer algo bem feito, precisa ter uma segurança, uma rede de apoio, e o Bolsa Atleta nos permite isso. O programa nos dá todo suporte para a nossa preparação e para o desempenho  ser o melhor papel possível dentro das modalidades”, disse a judoca Rafaela Silva, medalha de bronze nos Jogos Olímpicos Paris 2024.

Com oito anos, ela começou a praticar judô no Instituto Reação, ONG criada pelo ex-judoca Flávio Canto. Desde então, perdeu a conta de quantas oponentes levou ao chão no tatame. Primeira brasileira a conquistar medalha de ouro em Mundial de Judô (2013) e em Olimpíadas (Rio 2016), ela é reconhecida por onde passa.

Em abril deste ano, Rafaela foi campeã do Campeonato Pan-Americano e da Oceania de Judô, realizado no Rio, ao vencer a canadense Christa Deguchi, atual campeã mundial e número um do mundo. Atualmente, Rafaela ocupa o sexto lugar no ranking mundial e disputa lugar entre os cabeças de chave na França, na categoria até 57kg. Aos 32 anos, conquistou a medalha de bronze inédita por equipes no Judô, ao derrotar a Itália por 4 a 3.

Eu não conhecia a arte marcial, mas me apaixonei rapidamente pelo judô, pela parte competitiva do esporte. E pelo que eu faço no tatame virei uma referência. Desde então, tenho conseguido inspirar outras pessoas. Assim como o judô transformou a minha vida, espero continuar a inspirar e motivar outras crianças e jovens a mudarem de vida também. É muito gratificante”, destacou Rafaela Silva.

Ao lado de Rafaela Silva (judô), as trajetórias de Marcus D’Almeida (tiro com arco) e Ygor Coelho (badminton) são a prova de que o esporte é uma valiosa ferramenta de inclusão e transformação social, capaz de mudar vidas. E também são exemplos de como o projeto ajuda a levar talentos brasileiros para as Olimpíadas. O Time RJ, que recebe o Bolsa Atleta e está em Paris, também é representado por Guilherme Caribé, na Natação.

Há ainda uma equipe de nove atletas paralímpicos, que vão disputar as Paralimpíadas 2024, na capital francesa. Brenda Freitas e Sérgio Fernandes, no Judô; Diana Barcelos e Jucelino da Silva, no Remo; Emanoel Victor, Fábio Bordignon e Washington Júnior, no Atletismo; Lidia Cruz, na Natação, e Diogo Rebouças, no Vôlei sentado.
Marcus D’Almeida, atleta olímpico do tiro com arco, é outro beneficiado pelo Bolsa Atleta RJ (Foto: Gaspar Nobrega)

De Maricá, Região Metropolitana do Rio, o arqueiro, de 26 anos, chega a Paris com status de favorito ao pódio. Número 1 do mundo no tiro com arco, o atleta ainda comemora a conquista que considera a maior da carreira – a Final da Copa do Mundo, disputada no México, em agosto de 2023.

Eleito o melhor atleta masculino do país no Prêmio Brasil Olímpico, do Comitê Olímpico do Brasil (COB), o arqueiro apelidado de “Robin Hood Brasileiro” tem consciência de que “grandes poderes vêm grandes responsabilidades”. Aos 26 anos, ele encabeça a lista de favoritos, com um único alvo na mira.

Ano de Olimpíada é o mais importante para nós, atletas. E ter o apoio do Bolsa Atleta é fundamental, pois podemos focar apenas na preparação. Esse apoio é crucial, principalmente em ano olímpico, que exige muito trabalho. Então, o atleta hoje que tem apoio do programa, tem tranquilidade para trabalhar e treinar. Por isso, me preparei muito para fazer o melhor em Paris – destacou Marcus.

Prodígio na modalidade, Marcus conquistou três medalhas de ouro nos Jogos Sul-Americanos de 2014 e, no mesmo ano, foi vice-campeão da Copa do Mundo, na Suíça, quando tinha apenas 16 anos. O atleta fluminense repetiu o desempenho no Mundial de 2021 e ficou com a medalha de bronze no torneio disputado em 2023, em Berlim, debaixo de muita chuva. Às vésperas da terceira Olimpíada, ele chega forte à disputa de arco recurvo.

Marcus vive em Maricá, município que abriga o Centro de Treinamento da Seleção Brasileira de Tiro com Arco, e é um dos com 538 atletas ativos no Bolsa Atleta RJ, programa gerido pela Secretaria de Esporte e Lazer, que concede apoio contínuo a atletas de diferentes categorias, com valores que variam de R$ 500 a R$ 5 mil, de acordo com pré-requisitos do edital.

Talento no badminton descoberto em comunidade do Rio

Da comunidade da Chacrinha para o mundo: Ygor Coelho tem influenciado positivamente inúmeros jovens e crianças (Foto: Gaspar Nobrega)

Da comunidade da Chacrinha para o mundo. A história de Ygor Coelho tem influenciado positivamente não apenas os moradores do local, mas milhares de entusiastas de badminton. Da Associação Miratus, ONG criada por seu pai, Sebastião Coelho, nasceu o projeto que garantiu a estreia olímpica do Brasil e de Ygor nos Jogos do Rio 2016.

É com grande satisfação que celebrei a vaga nas Olimpíadas de Paris. Sou grato ao programa Bolsa Atleta. E não apenas por me ajudar, mas também a outros atletas a realizarem sonhos. Tem campeão mundial, sul-americano, nacional. Agradeço ao Governo do Estado por todo o trabalho que tem feito pelo esporte do Rio de Janeiro”, destacou Ygor.

Após apresentar a modalidade para milhões de brasileiros há oito anos, Ygor quer continuar a fazer história em Paris. Embora tenha passado em branco nas Olimpíadas do Rio 2016, ele conquistou o carinho na arquibancada do Riocentro e levantou os torcedores nos dois jogos que disputou.

No Pan-Americano de Lima 2019, faturou a inédita medalha de ouro para o país, mas, em Tóquio 2020, foi eliminado na primeira fase com uma vitória e uma derrota. Número 48 do Ranking Olímpico, Ygor foi beneficiado pela regra que limita o número de vagas aos Comitês Olímpicos Nacionais (CONs).

‘A Bolsa Atleta faz parte da minha história’, diz Caio Bonfim

Caio Bonfim: principal atleta da marcha atlética do país, duas vezes bronze em mundiais, e há 17 anos com o Bolsa Atleta: ‘essencial’ (Foto: Abelardo Mendes Jr. / Min. Esporte)

Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris serviram como ponto de partida para uma discussão sobre investimentos federais no esporte envolvendo dois atletas que disputam as provas – o corredor da marcha-atlética Caio Bonfim e a ginasta Jade Barbosa e a atleta paralímpica do tênis de mesa Carla Maia, que disputará os Jogos de Paris, além do ex-atleta olímpico do taekwondo Diogo Silva.

O brasiliense Caio Bonfim, de 33 anos, que treina em Sobradinho (DF), disputa sua quarta edição dos Jogos Olímpicos. Para ele, o apoio que recebe do Bolsa Atleta fez a diferença em sua carreira na marcha atlética. “Comecei em 2007 e sou contemplado com a Bolsa Atleta desde então. Ela faz parte da minha história. Hoje participo da minha quarta Olimpíada graças a esse apoio”, conta Bonfim.

O Bolsa Atleta é um programa incrível. Sem ele, 80% da Seleção Brasileira, da Seleção Olímpica, não ia conseguir se manter dentro do status que têm de melhores do mundo, de estar dentro de um ranking, de ter nível competitivo. É uma das políticas mais importantes do Ministério do Esporte”, ressalta Diego Silva, quarto colocado nas Olimpíadas de Atenas 2004 e Londres 2012, e que recebeu o Bolsa Atleta desde o início do programa, em 2005.

Rejuste depois de 14 anos

Em julho, os integrantes do Bolsa Atleta receberam um incentivo extra para competir em Paris. Lula recebeu atletas olímpicos, paralímpicos e dirigentes no Palácio do Planalto onde, além de desejar boa sorte nas competições na França, assinou o decreto que reajustou o Bolsa Atleta em 10,86%, após 14 anos sem reajustes no programa. Mesmo assim, o programa ainda está longe do seu ápice que foi durante o governo Dilma Rousseff (PT) que registrou R$ 247 milhões de desembolso.

Acontece que após a derrubada de Dilma, o governo Michel Temer promoveu cortes que chegaram a 90%. Apesar de ter havido um reajuste em 2019, uma pesquisa realizada pela Universidade de Brasília (UnB) em parceria com o Instituto Federal de Goiás (IFG) revelou que Temer (2016-2019) e Jair Bolsonaro (2019-2022) foram os que mais diminuíram o investimento público federal no esporte. Os cortes foram realizados de forma significativa no Bolsa Atleta e em recursos para os jogos Olímpicos.

Ficamos muito felizes em saber que no ano comemorativo de 20 anos da Bolsa, a Bolsa recebeu um reajuste. Isso era uma reivindicação antiga dos atletas. A inflação foi consumindo nosso poder de consumo. O reajuste é fundamental para que a manutenção desses atletas em nível internacional se mantenha”, elogia Diogo Silva, ex-atleta olímpico do taekwondo, atualmente coordenador-geral de Esporte de Base e de Alto Desempenho do Ministério do Esporte.

O dinheiro é depositado em conta específica do atleta na Caixa Econômica Federal. A partir da assinatura do termo de adesão, os contemplados recebem o equivalente a 12 parcelas do valor definido em cada categoria. Quem faz parte do “atleta base” ou do “atleta estudantil” recebe R$ 410 mensais. O “atleta nacional” ganha R$ 1.025 e o “atleta internacional”, R$ 3.437.

O “atleta olímpico e paralímpico”, por sua vez, é subsidiado com R$ 3.437. Já a Bolsa Pódio prevê repasses de até R$ 16,5 mil mensais e é voltada a atletas com mais chances de assegurar medalhas nos grandes eventos internacionais, posicionados entre os 20 melhores do ranking mundial de suas modalidades.

Incentivo também para atletas paralímpicos

O Brasil é uma das potências mundiais nos Jogos Paralímpicos. Na última edição, em Tóquio 2021, o país terminou a competição na 7ª colocação na classificação final, com 72 medalhas, e estabeleceu um recorde absoluto de ouros, com 22 medalhas douradas, além de 20 pratas e 30 bronzes.

Eu também comecei a receber a Bolsa Atleta no primeiro ano. E aí a bolsa foi evoluindo conforme eu fui evoluindo no esporte. Comecei a receber o Nacional, que é quando você fica entre os três primeiros no campeonato mais importante do pais da modalidade. Depois fui para a Bolsa Internacional e hoje sou Bolsa Pódio. É maravilhoso porque beneficia diretamente o atleta, não tem intermediário”, define a a atleta paralímpica do tênis de mesa Carla Maia,

O secretário Nacional de Paradesporto do Ministério do Esporte mostrou-se otimista para os Jogos na França. A expectativa é grande porque a gente vem numa evolução. Em Atlanta, em 1996, o Brasil foi 37º no quadro de medalhas. A partir daí, a gente foi galgando posições. Nas últimas Paralimpíadas, em Tóquio (2021), o Brasil foi o 7º. Eu espero que o Brasil fique entre os cinco melhores em Paris”, diz Fábio de Araújo.

Fonte: Ministério dos Esportes, GovRJ e Extra Classe
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