Antes mesmo da chegada oficial do verão, prevista para 21 de dezembro, especialistas da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) – que realiza a campanha Dezembro Laranja, de conscientização sobre o câncer de pele – alertam para o aumento involuntário da exposição solar, especialmente devido às ondas de calor ocorridas em todo o país desde a primavera.

“Embora os raios UV sejam mais intensos durante esta estação, é vital manter a conscientização e a prevenção do câncer de pele durante todo o ano, independentemente das condições climáticas”, afirma a dermatologista Mayla Carbone, membro da SBD.

Ela esclarece que a pele é vulnerável a dois tipos de radiação ultravioleta que penetram a atmosfera terrestre: UVA e UVB. E destaca que, embora a radiação UVC também seja emitida pelo sol, esta é absorvida pela camada de ozônio, não alcançando a superfície da Terra.

As radiações UVA e UVB podem danificar o DNA das células cutâneas, aumentando o risco de tumores, manchas na pele, envelhecimento precoce e queimaduras. Por isso o uso regular de protetor solar surge como uma estratégia fundamental na prevenção do câncer de pele”, afirma.

Peles negras também precisam se proteger

Flávia Vilella, médica especialista em Dermatologia, de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, também destaca a importância do cuidado redobrado para pessoas de pele mais clara, que têm menor proteção natural contra os raios ultravioleta.

“Quem tem a pele mais clara precisa de cuidados redobrados, pois possuem menos melanina, tornando-se mais suscetíveis aos efeitos nocivos da radiação UV”.

Mas, ao contrário do que muitas pessoas ainda pensam, apesar de serem mais resistentes à ação dos raios UV, pessoas de pele negra não podem se descuidar, principalmente no verão. “Geralmente, indicamos o FPS 30 para peles escuras, já que o próprio pigmento da pele negra é um fator de proteção”, afirma Viviane Scarpa, dermatologista da SBD.

“A pele negra possui maior quantidade de melanina, uma proteína que funciona como uma espécie de protetor natural da pele. Mesmo assim, ela exige cuidados diários para mantê-la saudável, livre de manchas e do envelhecimento, como o uso de protetor solar”, completa a dermatologista da SBD, Gabriela Guerra.

Protetor varia de acordo com o tipo de pele

Para evitar esse acúmulo da radiação UV, a recomendação esperada das dermatologistas é a aplicação constante de protetores com os fatores que defendem contra os raios UVA e UVB. E isso varia de acordo com o tipo de pele. Por isso, a Dra. Gabriela, dividiu nos seguintes grupos:

• Fototipos 1 e 2: são pessoas de peles muito claras, que costumam ter sardas e não conseguem se bronzear, ficando apenas vermelhas. Esses fototipos demandam um fator de proteção FPS de 60 ou mais.

• Fototipos 3 e 4: vêm de uma pele um pouco mais morena e que se bronzeia com mais facilidade, requerendo um fator FPS de 50 ao começar a se expor ao sol, e um fator 30 depois de já adquirida uma cor.

Fototipos 5 e 6: são caracterizados por peles escuras, que não sofrem com queimaduras, mas ainda necessitam de proteção contra o câncer de pele. Nesses casos, o fator de proteção deve ser de, no mínimo, 15.

A Dra. Viviane chama atenção para os tipos de solução. “Se sua pele do rosto é oleosa, procure filtros solares específicos para pele oleosa. Se você tem melasma ou manchas na pele, prefira os filtros solares com cor para a face. Já para corpo, os veículos em creme são bem tolerados. Atenção aos filtros solares em spray que não devem ser utilizados na face e, quando aplicados no corpo, você deve borrifar bem próximo à pele e espalhar o produto com as mãos para uma proteção uniforme e homogênea”.

Um protetor solar para cada tipo de pele

A dermatologista Mayla Carbone ressalta que para uma proteção efetiva, é essencial escolher um protetor solar fotoestável e que ofereça proteção contra a luz visível, além de considerar as necessidades específicas de cada tipo de pele. “A escolha do protetor ideal pode variar entre fórmulas físicas, químicas ou mistas”, explica. As opções recomendadas incluem:

Pele oleosa: protetores em gel ou com alta concentração de água, proporcionando um toque mais seco.

Pele seca: protetores cremosos, ricos em óleo, que hidratam enquanto protegem.

Pele mista: produtos com alta concentração de água e óleo, mas com um toque aveludado.

Peles sensíveis: fórmulas desenvolvidas para peles delicadas, que acalmam e protegem.

Cuidados com a pele independem de idade, profissão ou sexo

Vanessa Casteli, médica dermatologista pela SBD, lembra que a pele é o maior e mais exposto órgão humano, exigindo cuidados especiais e constantes, independentemente da profissão, sexo ou idade. “O protetor solar deve ser reaplicado a cada duas horas e a consulta com o dermatologista deve estar em dia”, esclarece.

Algumas pessoas têm a predisposição de desenvolver a doença. Flávia Villela, médica especialista em Dermatologia, de Ribeirão Preto, interior de São Paulo comenta sobre a maior propensão dos homens ao câncer de pele devido à exposição solar e aos cuidados geralmente menores em comparação às mulheres.

Os especialistas da SBD também enfatizam a importância do uso contínuo de filtros solares não só na praia, mas também no dia a dia, aplicando-os pela manhã e reaplicando durante a tarde. Segundo Mayla, alguns protetores solares são enriquecidos com Vitamina C, potencializando seus efeitos e estimulando a produção de colágeno, além de combater os radicais livres.

“Também há excelentes produtos com ácido hialurônico, que promovem hidratação, e outros com ingredientes que tratam acne, clareiam manchas e controlam a oleosidade”, explica Mayla.

Cuidados com a pele vão além do protetor solar

Mas os cuidados com a pele vão além do simples uso do protetor solar. Flávia Villela destaca a importância dos cuidados preventivos como uma forma eficaz de evitar problemas futuros. Segundo ela, além do uso imprescindível do protetor solar, existem medidas fundamentais para manter a saúde da pele em dia.

“A limpeza diária com produtos adequados, a hidratação constante, a retirada adequada da maquiagem, o uso de água termal para proteger a hidratação e a utilização de produtos noturnos com substâncias reparadoras são passos essenciais para uma pele saudável”, enfatiza.

Ela lembra que o tratamento do câncer de pele pode incluir medicação, cirurgia e até quimioterapia. Por isso a prevenção ainda é a melhor forma de lidar com o câncer de pele e pode ser feito por todos.

“A prevenção e o cuidado com a pele são fundamentais para uma vida saudável. Utilizar sempre filtro solar com FPS 50 ou mais é primordial, assim como buscar orientação profissional e manter a saúde da sua pele em dia”, afirma a dermatologista.

4 Cuidados paralelos ao protetor

A cartilha já é antiga, mas vale mais do que nunca para proteger a pele contra o câncer:

  1. Evitar exposição prolongada ao sol entre 10h e 16h;
  2. Procurar lugares com sombra;
  3. Usar proteção adequada, como roupas, bonés ou chapéus de abas largas, óculos escuros com proteção UV, sombrinhas e barracas;
  4. Aplicar e reaplicar filtro solar com fator de proteção 30, no mínimo.

Atenção às pintas que aparecem de uma hora para outra

Especialistas alertam para a atenção a sintomas atípicos da pele, que podem levar à necessidade de investigações mais profundas. A dermatologista Flávia Villela alerta sobre os primeiros sinais do câncer de pele, que podem se manifestar por meio de pintas que surgem rapidamente na pele com formação irregular, múltiplas cores na mesma lesão, descamação, sangramento ou lesões que não cicatrizam.

“Esses sinais devem ser observados com atenção, pois a detecção precoce é fundamental para um tratamento eficaz. Pintas também necessitam de uma atenção maior, principalmente para aqueles que possuem um número significativo delas. Visitas regulares ao dermatologista são essenciais para avaliar e mapear as lesões existentes, identificando aquelas com potencial de risco”, explica a médica.

Nem toda pinta é sinal de câncer de pele, mas é preciso estar atento a elas. Cinco letrinhas são úteis nessa tarefa de autocuidado: ABCDE. A de assimetria (pintas, manchas ou feridas com formas assimétricas); B de borda (bordas irregulares); C de cor (duas ou mais cores); D de diâmetro (maior que 5 milímetros); E de evolução (mudança de tamanho, forma e cor ao longo do tempo).

Lesões “estufadas” e brilhantes, que sangram facilmente, podendo ser castanhas, rosadas ou multicoloridas, necessitam de avaliação médica o mais rapidamente possível. Pintas pretas ou castanhas/marrons em formato irregular ou que crescem de tamanho também podem ser sintomas da doença. E mais: feridas que não cicatrizam, mesmo as mais pequeninas, principalmente se vierem acompanhadas de coceira, crostas e sangramentos.

“É fundamental conscientizar sobre a importância da prevenção e da detecção precoce do câncer de pele. A maior parte das pintas é benigna, mas aquelas que apresentam características suspeitas devem ser avaliadas por um especialista”, ressalta a médica.

Dezembro laranja

Em dezembro a cor laranja ganha um significado especial. É nesse período que a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) promove o Dezembro Laranja, uma campanha dedicada à conscientização e prevenção do câncer de pele, um dos tipos mais comuns de câncer no Brasil. Desde 2014, essa ação tem sido crucial para alertar e orientar a população sobre os cuidados necessários para manter a saúde da pele.

“No Dezembro Laranja, enquanto laço temático, ressaltamos a importância da prevenção ao câncer de pele, especialmente para aqueles que desempenham suas funções expostos aos raios solares. Mas o compromisso com a saúde do maior órgão do corpo deve ser levado a sério o ano todo, por todos”, diz Vanessa Casteli. 

Com informações de assessorias

 

 

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