Passada a euforia do Carnaval, é hora de contabilizar o prejuízo das aglomerações para a saúde pública. Entre os dias 9 e 18 de fevereiro, período que engloba o feriadão da folia, o Estado do Rio de Janeiro registrou 10.381 novos casos e 21 mortes por covid-19. Neste período, foram registradas 26 internações. As informações são do Painel de Monitoramento da Covid-19, da Secretaria Estadual de Saúde (SES).

Desde o início do ano, foram registrados 19.715 casos e 101 óbitos, sendo 208 internações. Só para efeito de comparação: a dengue que tem assustado a população do Estado do Rio fez até o momento quatro vítimas fatais. A taxa de mortalidade por Covid-19 é de 451 a cada 100 mil habitantes, o que corresponde a uma letalidade de letalidade de 2,67%.

Desde março de 2020, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a pandemia do novo coronavírus, o estado contabilizou 2.912.334 casos, com 77.866 óbitos e 198.238 internações.

Divulgado nesta segunda-feira (19), o novo Boletim InfoGripe da Fiocruz, referente ao período anterior ao Carnaval (4 a 10 de fevereiro), já apontava crescimento nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) associados à Covid-19 e início do processo de retomada do aumento das internações pela doença. São Paulo, Rio de Janeiro e estados do Centro-Sul – Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul – são os destaques.

Previsão de alta nas internações nas próximas semanas

Como o período da análise da Fiocruz foi o da semana pré-Carnaval, eventuais internações que possam vir a ocorrer em decorrência de infecções no período só vão aparecer nas próximas semanas, como explica Marcelo Gomes, pesquisador do Programa de Computação Científica (Procc/Fiocruz) e coordenador do InfoGripe. 

“Entre a pessoa desenvolver os primeiros sintomas e surgir um quadro grave o suficiente para necessitar a internação, leva por volta de uma semana ou pouco mais de uma semana. Então, apenas nas próximas semanas poderemos começar a observar possíveis consequências em termos de internações. Por enquanto, ainda é efeito pré-Carnaval e início de 2024”, disse o pesquisador.

Para quem brincou no carnaval, a recomendação é ficar atento a eventuais sintomas de resfriado ou quadros parecidos com gripe. Em caso positivo, orientação é fazer o teste.

“Para quem brincou o Carnaval ou convive com pessoas que aproveitaram a festividade, é importante ficar bastante atento a eventuais sintomas de resfriado ou quadros parecidos com uma gripe. Em caso positivo, a orientação é buscar um posto de atendimento, fazer o teste, e se isolar”, afirmou Marcelo Gomes.

Ainda segundo ele, mesmo que o teste para Covid-19 eventualmente dê negativo – pois eventualmente há os falsos negativos – é importante fazer o isolamento. “O isolamento e o uso de uma boa máscara, para quem está com sintomas, funciona tanto para Covid-19 quanto para a gripe, para a influenza. Prevenção é sempre mais importante e sempre mais fácil”, ressalta.

Fiocruz aponta aumento de casos de Covid-19 no Centro-Sul

O novo Boletim Infogripe é referente à Semana Epidemiológica (SE) 6, de 4 a 10 de fevereiro, e tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até 14 de fevereiro. No quadro nacional, mantém-se o sinal de crescimento na tendência de curto prazo (últimas três semanas) e queda na tendência de longo prazo (últimas seis semanas).

“Nas últimas oito semanas, a incidência e mortalidade de SRAG mantêm o padrão típico de maior impacto entre crianças pequenas e idosos. A incidência de SRAG por Covid-19 continua afetando mais crianças de até 2 anos e a população a partir de 65 anos. Já a mortalidade da SRAG tem se mantido significativamente mais elevada nos idosos, com predomínio de Covid-19″, aponta.

Nesta atualização, sete estados apresentam sinal de crescimento de SRAG na tendência de longo prazo: Acre, Amazonas, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Tocantins. Os dados de faixa etária e resultados laboratoriais sugerem que o aumento nesses estados está associado à Covid-19.

Aumento de casos entre idosos na cidade do Rio

Entre as capitais, quatro apresentam sinal de crescimento: Cuiabá, Manaus, Palmas e São Paulo. Em todas elas o aumento pode ser atribuído à Covid-19. A cidade do Rio de Janeiro também apresenta crescimento com provável associação com a Covid-19, porém restrito à população idosa e sem gerar aumento no dado da população em geral.

Também se observa ligeiro crescimento associado à Covid-19 na população idosa do Rio de Janeiro e Minas Gerais, o que não se reflete nos agregados estaduais. O estudo revela que os estados do Norte, que foram os últimos a passar pelo ciclo recente de aumento de SRAG por Covid-19, por volta da virada do ano e estavam há semanas em alerta –, mostram um sinal de possível interrupção e até indícios de queda.. Em Manaus, há sinal de desaceleração ou possível interrupção do aumento.

Nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul também é possível observar leve aumento recente nos casos de SRAG positivos para influenza A (gripe), em volume significativamente mais baixo do que para Covid-19. No Sul e Sudeste são observadas algumas internações pelo vírus influenza – em volume muito menor do que a Covid-19. Outros vírus respiratórios com destaque para a incidência de SRAG nas crianças pequenas são o VSR e o rinovírus.

Resultados positivos de vírus respiratórios e óbitos

Referente ao ano epidemiológico 2024, já foram notificados 7.260 casos de SRAG, sendo 2.755 (37,9%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 3.020 (41,6%) negativos, e ao menos 1.062 (14,6%) aguardando resultado laboratorial.

Referente aos casos de SRAG de 2024, independentemente da presença de febre, já foram registrados 509 óbitos, sendo 287 (56,4%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 180 (35,4%) negativos e ao menos 25 (4,9%) aguardando resultado laboratorial.

Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos como resultado positivo para vírus respiratórios foi de influenza A (7,3%), influenza B (0,4%), vírus sincicial respiratório (11%) e Sars-CoV-2/Covid-19 (65,6%). Entre os óbitos, a presença desses mesmos vírus entre os positivos foi de influenza A (2,4%), influenza B (0,0%), vírus sincicial respiratório (0,8%) e Sars-CoV-2/Covid-19 (91,9%).

Dados de positividade para semanas recentes estão sujeitos a grandes alterações em atualizações seguintes por conta do fluxo de notificação de casos e inserção do resultado laboratorial associado. Dentre os casos positivos do ano corrente, 6,5% são influenza A, 0,4% influenza B, 10,7% vírus sincicial respiratório (VSR) e 66,2% Sars-CoV-2 (Covid-19).

Dentre os positivos do ano corrente, 4,2% são influenza A, 0,3% influenza B, 1,7% vírus sincicial respiratório (VSR) e 89,2% Sars-CoV-2 (Covid-19). Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos foi de 2,4% para influenza A, 0,0% para influenza B, 0,8% para vírus sincicial respiratório e 91,9% para Sars-CoV-2 (Covid-19).

Com informações da Fiocruz e da SES/RJ

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