O oncologista Daniel Herchenhorn, no IV Congresso Internacional Oncologia D'Or (Foto? Bruno de Lima/Divulgação)
O oncologista Daniel Herchenhorn, no IV Congresso Internacional Oncologia D’Or (Foto? Bruno de Lima/Divulgação)

Vai longe o tempo em que o câncer era considerado uma doença que muita gente nem pronunciava o nome. Graças aos avanços da Medicina e das novas tecnologias, vêm aumentando progressivamente, pelo menos nos últimos 10 anos, as possibilidades de tratamento, com mais chances de cura, sobrevida e qualidade de vida em muitos casos. Entre as novidades, estão a imunoterapia, a cirurgia robótica e até um supercomputador.

Mas nem sempre as novas tecnologias no combate ao câncer estão disponíveis no Brasil. Para Carlos Gil Ferreira, diretor institucional do Grupo Oncologia D’Or e pesquisador do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), um dos desafios para fechar a conta entre custo e benefício de tecnologias de saúde avançadas, e já amplamente usadas fora do país, é o desenvolvimento industrial.

“Em todo o mundo, o diagnóstico molecular, por exemplo, já é uma indústria com empresas competitivas investindo nesse mercado. Aqui no Brasil não temos isso e esse é um bonde que estamos perdendo”, finaliza.

Os avanços em diagnóstico e tratamento do câncer estarão em pauta nesta sexta-feira e sábado, dias 28 e 29, no Rio de Janeiro, durante o IV Congresso Internacional Oncologia D’Or, que reúne especialistas no diagnóstico da doença no Brasil e no mundo. São 17 painéis que abordarão os principais tipos de câncer – mama, tórax, gastrointestinal, tumores urológicos e ginecológicos, hematologia, entre outros.

Imunoterapia é a esperança contra o câncer

Alguns dos temas de destaque desta edição envolvem os benefícios da tecnologia no tratamento contra a doença e o novo momento da imunoterapia no Brasil.  A estimulação do sistema imunológico tem revolucionado o tratamento de vários tipos de tumores, em especial os localizados no pulmão. Segundo especialistas, os medicamentos imunoterápicos educam os mecanismos de defesa do organismo ao atacar apenas as células cancerígenas.

O evento abordará os resultados no combate ao câncer de pulmão de pequenas células que, segundo ele, têm incidência de cerca de 10% no Brasil. “Depois de décadas, parece que vamos avançar no tratamento desse tipo de câncer de pulmão, uma doença muito relevante, que está diretamente ligada ao tabagismo”, explica Carlos Gil Ferreira, que falará sobre o tema.

Já na luta contra o câncer de mama, a imunoterapia será analisada pelo coordenador de oncologia mamária do Grupo Oncologia D’Or, Gilberto Amorim. Ele mostrará que o tratamento no combate a este tipo de neoplasia tem avançado no país e os próximos passos. O módulo de Mama também contará com a palestra do especialista Sheldon Feldman, chefe da divisão cirúrgica de mama do New York Presbyterian Hospital.

O americano é líder na inovação e no desenvolvimento de novas técnicas cirúrgicas minimamente invasivas e ferramentas de diagnóstico para o câncer de mama. Ele estará presente no dia 29 de outubro para falar sobre tema “A epidemia de mastectomias: poupadoras de mamilo, redutoras de risco contra-lateral; futuras abordagens e terapias intra-ductais”.

Supercomputador e cirurgia robótica

Entre as novidades no diagnóstico do câncer, está o supercomputador Watson, criação da IBM para diagnósticos clínicos, que surge como uma possibilidade de analisar as variações genéticas da doença utilizando uma vasta base de dados. O equipamento consegue sugerir um tratamento mais adequado ao paciente, ajudando o médico na tomada de decisões, somando-se ao trabalho e a avaliação técnica do especialista.

Recentemente, o Watson foi capaz de analisar diversas variações genéticas de um tumor, utilizando uma base de dados de 20 milhões de artigos científicos sobre a doença. O resultado foi um diagnóstico mais preciso e uma sugestão de tratamento personalizado.  A técnica tem sido capaz de trazer diversos benefícios, tanto para a comunidade médica quanto para a população em geral. Entretanto, existem questionamentos sobre o tema: até que ponto a tecnologia interfere na relação entre especialista e paciente?

Já a cirurgia robótica, outro importante destaque desta edição, é uma realidade mundial e tem sido cada vez mais utilizada para o tratamento de tumores no Brasil, principalmente nos de próstata, rim e bexiga. “Atualmente, cerca de 80% das cirurgias para câncer de próstata são realizadas utilizando a plataforma robótica”, destaca Rodrigo Frota, coordenador do Programa de Urologia Robótica da Rede D’Or São Luiz, no Rio.

O americano Monish Aron, codiretor de cirurgia robótica do Hospital Universitário da USC Norris Comprehensive Cancer Center, nos Estados Unidos, também está presente para falar sobre a técnica para doenças localizadas e fará uma análise sobre o futuro deste procedimento no mundo.

Atendimento integral ao paciente

Neste primeiro dia do evento foi apresentado o sistema de cuidado coordenado, adotado há um ano no Instituto de Oncologia do Vale – IOV, clínica do Grupo Oncologia D’Or em São Paulo, que permite prestar um atendimento integral e de qualidade ao paciente oncológico. O método visa acompanhar o passo a passo do paciente desde o início do tratamento até o momento da alta, fazendo com que ele não tenha que se preocupar com as questões operacionais e burocráticas comuns dos procedimentos oncológicos.

Segundo Carlos Frederico, diretor executivo do IOV, o cuidado coordenado é um plano de cuidado multidisciplinar integrado. “É um sistema de cuidado do paciente ao longo do tempo, por meses ou até anos. Realizamos o monitoramento dos nossos pacientes continuamente para garantir que todas as etapas do cuidado ocorram de forma suave e tranquila, evitando atrasos, perda de exames, erros de agendamento e procedimento, entre outros”, informa o especialista.

A novidade foi apresentada durante o II Simpósio Multidisciplinar, que destaca a importância do atendimento integral ao paciente oncológico. Neste sábado (29), o vice- presidente de Qualidade e orientações da American Society of Clinical Oncology (ASCO), Robert Miller, fará uma apresentação sobre a importância do programa QOPI, lançado em 2010 pela ASCO com o objetivo de aprimorar a avaliação da qualidade dos cuidados médicos prestados ao paciente com câncer.

Mais sobre o evento

Para Daniel Herchenhorn, coordenador científico do Congresso e oncologista clínico do Grupo OncologiaD’Or, o programa do congresso deste ano valoriza a multidisciplinaridade com discussões de casos clínicos envolvendo oncologistas clínicos, cirurgiões, hematologistas, pesquisadores, patologistas, entre outros profissionais. Em 2015, o evento reuniu um público recorde de aproximadamente 1.500 participantes e mais de 2.000 inscritos.

Organizada pelo Grupo Oncologia D’Or, a quarta edição do congresso reúne ícones da especialidade, como o alemão Sebastian Stintzing, perito em câncer colorretal e médico sênior no Departamento de Hematologia e Oncologia do Hospital Universitário de Munique, da Universidade de Munique; Cora Sternberg, especialista em câncer de próstata e Chefe do Departamento de Oncologia Médica no San Camillo-Forlanini Hospital, na Itália; e o americano Sheldon M. Feldman, líder em cirurgia minimamente invasiva e ferramentas de diagnóstico em câncer de mama do New York-Presbyterian/Columbia e New York-Presbyterian/Lawrence Hospital.

Conheça a programação completa do III Congresso Internacional Oncologia D’Or: http://www.oncologiador2015.com.br/

Fonte: Grupo Oncologia D’Or, com redação

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