Aos 17 anos, Roni Mauro perdeu os pâncreas e ficou diabético. Aos 29, perdeu o rim e teve que fazer hemodiálise na clínica de diálise de Macaé, no interior do Estado do Rio de Janeiro. Roni precisou fazer um transplante de rim, amputar as pernas por causa da diabetes, além de uma série de complicações. A diabetes, ao lado da hipertensão, é uma das principais causas de doença renal crônica grave, que levam à necessidade de diálise.

Estima-se que 850 milhões de pessoas tenham algum tipo de comprometimento nos rins no mundo inteiro. As doenças renais crônicas provocam pelo menos 2,4 milhões de óbitos por ano e já são a sexta causa de morte que mais cresce. Já a lesão renal aguda afeta mais de 13 milhões de pessoas em todo mundo e 85% desses casos estão concentrados em países de baixa e média renda.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia, há mais de 126 mil pessoas em tratamento de hemodiálise no país e cerca de 40.300 novos pacientes dão início à terapia todos os anos. Ainda assim, a taxa de mortalidade anual entre aqueles que dialisam é de 20%.

Apesar da crescente carga de doenças renais no mundo, a disparidade e a desigualdade na saúde renal ainda são comuns. Doenças renais crônicas e lesões renais agudas estão associadas às condições sociais nas quais as pessoas nascem, crescem, vivem, trabalham e envelhecem, incluindo a pobreza, discriminação de gênero, falta de educação, riscos ocupacionais e poluição, entre outros.

Com o tema “Saúde do rim para todos, em todos os lugares”, o Dia Mundial do Rim, comemorado este ano em 14 de março, chama a atenção para a importância do órgão e é dedicado à prevenção de doenças e à discussão das disparidades no acesso ao tratamento da insuficiência renal, além de incentivar hábitos de vida saudáveis.

O Ministério da Saúde alerta a população, os profissionais de saúde e os gestores públicos de saúde para a importância da prevenção e do diagnóstico precoce da Doença Crônica Renal (DCR). De acordo com a pasta, a doença renal é silenciosa, não apresenta sintomas e tem registrado crescente prevalência, alta mortalidade e elevados custos para os sistemas de saúde no mundo.

No Brasil, o envelhecimento populacional aliado às Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), a exemplo da hipertensão e a diabetes, se apresentam como importantes fatores de risco”, informa o ministério. Veja mais em saude.gov.br

Dieta menos salgada é recomendada

A  principal função dos rins é filtrar o sangue para controlar a quantidade de água e de sal no corpo, eliminar toxinas, ajudar a controlar a hipertensão arterial e produzir hormônios que impedem a anemia e a descalcificação óssea, além de eliminar medicamentos e outras substâncias ingeridas. “Justamente por acumularem todas essas funções é fundamental manter a saúde dos órgãos”, frisa Claudia Gusmão.

Para prevenção, uma das principais dicas é adotar uma dieta menos salgada, explica a nefrologista. “Usar menos sal e controlar a pressão arterial; seguir uma dieta balanceada; reduzir o consumo de açúcar, realizar exames regularmente, praticar exercícios físicos e manter o corpo hidratado são essenciais para manter os rins saudáveis”, conclui, alertando ainda para o uso indiscriminado de anti-inflamatórios, que podem causar insuficiência renal.

Outras medidas de prevenção são o rastreio de doenças renais; a prevenção ou o retardamento de doenças renais em estágio terminal, por meio de exames de sangue e urina; a garantia de acesso universal a serviços básicos e avançados de saúde de que os pacientes renais necessitam e a quebra de barreiras socioeconômicas no acesso da população aos serviços de saúde.

“A prática regular de exercícios físicos, uma boa alimentação e o controle de doenças crônicas como o diabetes e a hipertensão são as medidas mais concretas que todos podem adotar para cuidar bem dos rins. Além disso, os médicos devem solicitar exames de urina (EAS) e verificar com regularidade os níveis de creatinina dos pacientes para prevenir e retardar doenças renais”, destaca Ana Beatriz Barra, gerente médica da Fresenius Medical Care, que oferece produtos e serviços de diálise.

“A minha dica e minha mensagem para toda população é a prevenção. Cuide do seu corpo. Alimente-se bem. Tenha uma vida mais saudável”, ressaltou Roni.

Campanha de prevenção em Macaé

Em Macaé, equipe de alunos e professores de Nefrologia, da Universidade Federal Fluminense (UFRJ), em parceria com o Programa de Diálise da prefeitura, realizaram uma campanha de prevenção no Centro de Saúde Dr. Jorge Caldas. Na oportunidade, foram ministradas orientações, recomendações e distribuição de folhetos explicativos. A ação contou com o apoio da Sociedade Brasileira de Nefrologia.

A médica nefrologista Cláudia Gusmão, responsável pela campanha, explicou a importância  da prevenção no combate à doença renal. “É fundamental que a população procure regularmente o médico. Exames de urina simples e também o de sangue são necessários, anualmente. Basta o cidadão procurar um posto de saúde mais próximo de sua residência e, no caso de alteração nos exames, será realizado o encaminhamento ao especialista”, destacou  Cláudia.

A campanha contou com uma equipe multidisciplinar, com assistente social, psicólogo, nutricionista e alunos do último ano de nefrologia da UFRJ. Atualmente, o Programa de Diálise da cidade atende 230 pacientes.

Niterói promove evento de conscientização

O Complexo Hospitalar de Niterói, em parceria com a Sociedade Brasileira de Nefrologia, também preparou um evento gratuito voltado para a população e profissionais de saúde, com o objetivo de transmitir a mensagem de que a doença renal é comum, prejudicial e tratável.

Além disso, no intuito de estimular a prevenção e com o apoio dos times da DASA, do Serviço de Nutrição e da Emergência do CHN, o público participante poderá ver como está seu índice de massa corpórea, a pressão arterial e glicemia. Essas atividades serão iniciadas às 9h. Às 10h30, as palestras serão ministradas.

Alan Castro, coordenador do evento e responsável pelo Setor de Transplante Renal do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN), aponta que o principal objetivo do encontro é aumentar o conhecimento sobre a importância dos rins e estimular a prevenção de doenças, por meio de um estilo de vida saudável.

A programação conta com palestras e debates sobre a política de atenção ao paciente renal da Secretaria Estadual de Saúde, os mecanismos de pactuação e regulação para a assistência ao paciente com doença renal no município de Niterói e o tratamento que deve ser dado ao paciente renal.

Da Redação, com Assessorias

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