Diante desse cenário, Comida na Mesa elaborou uma retrospectiva de 2025 com análises de estudos e relatórios produzidos por instituições de reconhecida credibilidade, que mostram como a alimentação pode contribuir para uma vida mais saudável
Rotulagem de alimentos
Ao longo deste ano, o Brasil avançou na implementação da rotulagem nutricional frontal, prevista na RDC nº 429/2020. Desde outubro, todos os produtos que atendem aos critérios da norma passaram a exibir, de forma obrigatória, alertas nutricionais na parte frontal das embalagens. A medida integra as políticas públicas de alimentação e nutrição e tem como objetivo facilitar o acesso dos consumidores a informações claras sobre o teor de nutrientes críticos.
Assim como açúcares adicionados, gorduras saturadas e sódio. Especialistas destacam que o monitoramento contínuo da aplicação da norma é essencial para identificar falhas e corrigir inconsistências. Além de aprimorar as regras que regulam o setor de alimentos, contribuindo para escolhas mais conscientes e para a promoção da saúde da população.
Impressão 3D na produção de novos alimentos
Em 2025, a produção de alimentos em laboratório entrou no radar da ciência alimentar. Então, é o que aponta a publicação, em julho, de um estudo na revista Nature Communications. Assim, a pesquisa reuniu universidades como Harvard, a Universidade de Tecnologia e Design de Singapura e a Unesp, e combinou impressão 3D e agricultura celular para desenvolver alimentos de origem animal sem a necessidade de criação e abate. Nesse sentido, o trabalho contou com a participação da brasileira Camila Yamashita, formada pela Unesp, que realizou a pesquisa durante seu doutorado em Harvard.
Impacto da gordura abdominal na saúde do cérebro
O excesso de gordura abdominal não é apenas uma preocupação estética e pode aumentar o risco de doenças graves, incluindo o Alzheimer. Um estudo conduzido pelo Dr. Cyrus Raji, da Escola de Medicina da Universidade de Washington, apontou que o aumento da circunferência abdominal está associado à redução do centro de memória do cérebro e ao acúmulo de proteínas ligadas à doença. As alterações podem começar entre os 40 e 50 anos, antes mesmo de surgirem sinais de declínio cognitivo.
Ultraprocessados lideram perdas à saúde
Um estudo publicado no International Journal of Environmental Research and Public Health analisou os alimentos mais consumidos no Brasil. Além de seus impactos na saúde e no meio ambiente. A pesquisa, conduzida por instituições como USP, Uerj e Universidade Técnica da Dinamarca, avaliou 1.141 alimentos com base no Índice Brasileiro de Saúde e Nutrição (HENI), que estima minutos de vida saudável ganhos ou perdidos. Os resultados indicam que ultraprocessados e carnes bovina e suína estão associados à perda de saúde, enquanto peixes, banana, feijão e arroz com feijão aparecem entre os alimentos com maior benefício.
Ultraprocessados elevam risco de declínio cognitivo
The American Journal of Clinical Nutrition publicou um estudo alertando para os efeitos da alimentação na saúde do cérebro. A pesquisa, conduzida pela Universidade de Michigan com mais de 10 mil pessoas acima de 55 anos, identificou a carne ultraprocessada e os refrigerantes como os alimentos mais prejudiciais à função cognitiva. Segundo o levantamento, o consumo diário de carne ultraprocessada aumenta em 17% o risco de declínio cognitivo. Enquanto a ingestão diária de refrigerantes eleva esse risco em 6%.
Efeitos dos adoçantes na saúde cerebral
Um estudo da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) apontou que o consumo elevado de adoçantes pode trazer efeitos inesperados à saúde cerebral a longo prazo. Os resultados foram publicados em revista da American Academy of Neurology.
Bebidas açucaradas e saúde do esperma
O consumo elevado de bebidas adoçadas com açúcar pode comprometer a saúde do esperma, segundo uma revisão científica publicada em maio na revista Nutrients. Assim, o consumo de mais de sete bebidas açucaradas por semana está associado à redução da concentração e da motilidade dos espermatozoides.
Endometriose e alimentação
Um estudo conduzido pela Universidade de Edimburgo trouxe novas perspectivas sobre o manejo da endometriose. A pesquisa, considerada a maior já realizada sobre dieta e a condição, envolveu 2.599 participantes e revelou que mudanças alimentares podem aliviar os sintomas da doença.
Segundo a pesquisa,publicada no The Guardian, 45% das mulheres que eliminaram o glúten ou os laticínios relataram melhora nas dores. Além disso, 43% das que reduziram o consumo de cafeína e 53% das que diminuíram a ingestão de álcool também observaram alívio dos sintomas.
Longevidade saudável
Uma das pesquisas mais abrangentes já feitas sobre longevidade saudável foi recentemente divulgada pela Universidade de Harvard (EUA). Assim, um estudo de Harvard com universidades do Canadá e Dinamarca acompanhou 100 mil adultos por 30 anos e concluiu: dietas ricas em vegetais, grãos integrais e alimentos naturais favorecem um envelhecimento saudável.
Dieta low-carb
A dieta low-carb é comum para emagrecimento, mas seu ponto negativo é o baixo consumo de fibras, um tipo de carboidrato não digerível. E isso pode predispor ao câncer de cólon, segundo um estudo recente publicado no começo de março na Nature Microbiology.
Assim, pesquisadores de Toronto apontam que dietas com pouco carboidrato agravam danos de micróbios intestinais e podem causar câncer colorretal. Então, eles descobriram que a fibra alimentar neutraliza o potencial oncogênico da Escherichia coli, produtora de colibactina, composto que danifica o DNA, no câncer colorretal.
O alto risco da dieta carnívora
Um estudo publicado na Neurology, periódico da Academia Americana de Neurologia, em janeiro mostra que pessoas que consomem mais carne vermelha processada, como bacon e salsicha, têm maior risco de declínio cognitivo e demência em comparação com aquelas que consomem menos.
Os pesquisadores também descobriram que pessoas que comiam uma ou mais porções de carne vermelha não processada por dia tinham um risco 16% maior de declínio cognitivo subjetivo em comparação com pessoas que comiam menos da metade da porção por dia (menos de 300g por semana).
Café pela manhã pode reduzir risco cardiovascular
A revista científica European Heart Journal, publicou um novo estudo sobre o café. O estudo revela que o consumo da bebida pela manhã pode reduzir em até 31% o risco de morte por doenças cardiovasculares. Nesse sentido, a pesquisa analisou os hábitos de mais de 40 mil pessoas e destacou a relevância do horário de consumo para o impacto positivo.
A pesquisa também revelou que o consumo de 2 a 3 xícaras por dia, especialmente pela manhã, mostrou maior impacto nos resultados positivos. No entanto, o consumo excessivo ou em horários próximos ao final do dia pode interferir no sono, reduzindo os benefícios da bebida.
Moléculas do intestino podem ajudar a regular energia e insulina
Cientistas identificaram moléculas produzidas por bactérias intestinais que influenciam o uso de energia pelo corpo ao agir no fígado. Essas substâncias variam conforme dieta, genética e microbioma e, em testes de laboratório, melhoraram a resposta à insulina, abrindo novas possibilidades para a prevenção e o controle da obesidade e do diabetes.
Uma pesquisa apoiada pela Fapesp e conduzida na Universidade de Harvard identificou metabólitos produzidos no intestino que circulam pelo organismo e influenciam o metabolismo do fígado e a sensibilidade à insulina. Publicado na revista Cell Metabolism, o estudo aponta novas possibilidades para o tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2.
*Publicado originalmente no site Comida na Mesa




