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O atropelamento coletivo na Praia de Copacabana que feriu 16 pedestres e matou um bebê na noite desta quinta-feira (18) reabriu uma discussão importante no meio médico: afinal, o portador de epilepsia pode levar uma vida normal? Pode, inclusive, dirigir? Na maioria das vezes, sim. E foi o que parece ter ocorrido com Antonio de Almeida Anaquim, de 41 anos, motorista que atropelou as vítimas. Ele alega que teve um ataque epilético na direção e, por isso, perdeu o controle do carro, subindo o calçadão e atingindo tantas pessoas.

A  Associação Brasileira de Epilepsia (ABE) recomenda que pessoas com intervalos curtos entre as crises da doença não dirijam.  Aquelas com longos intervalos entre as crise, no entanto, podem ser consideradas capazes de conduzir um carro. Segundo o Denatran, um paciente epilético pode ter direito a habilitação desde que não tenha tido crise no ano anterior ao pedido e haja parecer médico favorável. Mas Antonio estava com a carteira suspensa, após perder 62 pontos por infração no trânsito. No carro dele, havia embalagens dos remédios Depakote, Lamitor e Tegretol, todos usados contra a doença.

Muito comum no passado, e ainda persistente no presente, um dos tabus ainda não resolvidos é o de que o paciente com epilepsia não pode trabalhar e se destacar profissionalmente. Mas Alfred Nobel, Vincent Van Gogh, Fiódor Dostoiévski e Machado de Assis sofriam sistematicamente com crises epiléticas. E nem por isso sua criatividade e genialidade foram afetadas. “A doença não deve impedir que seu portador leve uma vida social e profissional ativa”, ressalta o médico neurocirurgião Luiz Daniel Cetl.

Em todo o mundo, vítimas da doença vivem em isolamento por terem vergonha da doença e de seu principal sintoma: a crise convulsiva epiléptica. Isso acontece porque os ataques costumam assustar quem está por perto: a pessoa com epilepsia não tem consciência do que está acontecendo, muitas vezes cai, seus membros ficam rígidos e depois começa a ter convulsões, porque o comando central no cérebro está desorganizado.

“Em geral a crise desaparece espontaneamente e a pessoa volta aos poucos ao normal. Mas quem está próximo, muitas vezes, não sabe como agir: há quem confunda com problemas psiquiátricos, pois não conhecem os fatores orgânicos que podem ter causado o episódio”, explica a neurologista Elza Márcia Yacubian,  chefe da Unidade de Pesquisa e Tratamento de Epilepsias da Escola Paulista de Medicina (EPM) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Saiba como ajudar um paciente no momento da crise.

A epilepsia é uma síndrome, ou seja, um conjunto de sinais e sintomas comuns a várias doenças e existe provavelmente desde o princípio da Humanidade. De origem grega, a palavra significa “surpresa” ou “evento inesperado”. A doença atinge de 1% a 2% da população mundial, ou seja, 60 milhões de pessoas. Embora seja o mais comum dos distúrbios neurológicos, não existem dados claros sobre o número de pessoas com a doença no Brasil. Entretanto, algumas estatísticas calculam que três milhões de brasileiros sofram de algum tipo de epilepsia e só 10% a 40% recebem algum tratamento medicamentoso ou cirúrgico.

 

Veja mais:  Campanha Dia Roxo ajuda a vencer o preconceito contra a doença.

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