As quedas estão entre os principais riscos à saúde e à independência das pessoas idosas no Brasil. Elas representam a terceira causa de morte entre as pessoas com mais de 65 anos. Além disso, essas ocorrências continuam sendo uma das principais causas de morte acidental entre idosos, especialmente a partir dos 75 anos, o que evidencia a gravidade do problema e a urgência de ações preventivas.

A maioria das quedas ocorre dentro de casa, mas acidentes ocorridos durante internações hospitalares representam uma preocupação importante para profissionais de saúde, familiares e os próprios pacientes. Essas quedas têm múltiplas causas e podem trazer consequências sérias à saúde, como fraturas, lesões na cabeça, aumento do tempo de internação e complicações mais graves.

Para alertar para o problema em ambiente hospitalar, a Sobrasp – Sociedade Brasileira para a Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente lança a campanha “Segurança em cada passo” para o Dia Mundial de Prevenção de Quedas, em 24 de junho.

O objetivo da nossa campanha é sensibilizar profissionais de saúde, instituições e a população sobre a importância da prevenção de quedas em diferentes contextos assistenciais. Com o lema ‘Cada passo importa e cada ação preventiva salva vidas’, queremos alertar as equipes de saúde sobre a necessidade de adequar o ambiente, envolver o paciente e a família, além de realizar avaliações de risco. Dessa forma, podemos promover ambientes mais seguros e proteger vidas”, explica Alessandra Roscani, doutora em Ciências da Saúde e diretora da Sobrasp.

Dicas da Sobrasp para evitar quedas na terceira idade

As principais causas de quedas incluem fraqueza muscular, problemas de equilíbrio, uso de medicamentos que causam tontura ou sonolência, dificuldades de visão, ambientes com iluminação inadequada ou obstáculos no caminho, além de procedimentos médicos que podem alterar a mobilidade do paciente. Muitas vezes, a própria condição de saúde do idoso, como doenças crônicas ou pós-operatórios, aumenta sua vulnerabilidade.

Como diz o ditado, “é melhor prevenir do que remediar”, Segundo a Sobrasp, primeiramente, é importante que o próprio idoso esteja consciente dos perigos e que haja uma conversa constante e vigilância adequada. ‘Um tropeço ou desequilíbrio pode ser fatal na terceira idade, por isso, todo cuidado é pouco”, alerta Alessandra Roscani.

Por isso, aqui vão algumas dicas para garantir mais segurança e qualidade de vida aos idosos:

 

 

Como prevenir e proteger a independência da pessoa idosa

Medidas preventivas devem estar na rotina das famílias, diz fisioterapeuta especializada em envelhecimento

A fisioterapeuta, especialista em gerontologia e diretora da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia de São Paulo, Caroline Saladini,  explica que todas as pessoas idosas apresentam algum risco para cair, sendo que ele pode ser classificado de baixo a alto, independentemente se a pessoa idosa é mais ativa ou mais frágil. Por essa razão, a prevenção se torna fundamental.

Segundo ela, as quedas entre pessoas idosas têm causas múltiplas. Dentre os fatores de risco, estão as alterações próprias do indivíduo, como condições de saúde não controladas, fraqueza muscular, alterações de equilíbrio, diminuição da acuidade visual ou auditivo e queixa de dor, alterações na visão, no equilíbrio, na força muscular e o uso de determinados medicamentos.  

Já entre os fatores externos ou ambientais, destacam-se ambientes mal iluminados, pisos escorregadios ou irregulares, tapetes e outros objetos soltos pelo chão e móveis baixos. Também contribuem para acidentes as alterações comportamentais, que é quando a pessoa mesmo ciente do risco se expõe em situações que podem levar a uma queda, como andar de meias, usar escadas sem apoio no corrimão ou subir em bancos.

Segundo Caroline, a mudança de atitude frente ao risco de cair deve ser incentivada em qualquer idade. No entanto, pessoas idosas são mais suscetíveis por apresentarem mais fatores de risco, devido às mudanças naturais do envelhecimento e à maior prevalência de condições como sarcopenia, osteoporose e osteoartrose, entre outras que aumentam ainda mais esse risco.

A prevenção de queda é uma das estratégias mais eficazes para preservar a independência e a qualidade de vida desse publico. É fundamental que profissionais de saúde, familiares e cuidadores estejam atentos aos fatores de risco e adotem medidas preventivas. Não existe pessoas com risco zero de cair, por isso os riscos devem ser mapeados e o que for possível, deve ser modificado”, explica.

Dicas para aumentar a segurança dentro de casa

A fisioterapeuta da SBGG  reforça algumas orientações práticas, como a realização de avaliações médicas regulares para revisar medicamentos e condições clínicas, a prática de exercícios físicos que fortaleçam a musculatura e melhorem o equilíbrio, incluindo fisioterapia e alongamentos. Segundo ela, o uso de calçados fechados, com solado antiderrapante e estáveis, é essencial para prevenir escorregões.

Em casos de maior fragilidade ou insegurança ao caminhar, é possível adaptação com dispositivo para facilitar o caminhar, como bengalas ou andadores. A adaptação do ambiente doméstico deve ser considerada, com a instalação de barras de apoio, tapetes antiderrapantes e boa iluminação.

Melhorar a iluminação e deixar o ambiente livre são medidas simples que fazem grande diferença, assim como evitar deixar objetos, fios e tapetes soltos pela casa. Também é válido fazer ajustes para facilitar a mobilidade, tal como elevar a altura do vaso sanitário e do sofá, e colocar uma barra de apoio no banheiro”, destaca.

A fisioterapeuta lembra que a prevenção de queda exige uma abordagem multidisciplinar e contínua, que envolve tanto o cuidado clínico quanto a atenção ao cotidiano da pessoa idosa. A avaliação criteriosa da pessoa idosa e um plano terapêutico voltado à prevenção de quedas devem ser conduzidos por especialistas em envelhecimento. “

Prevenir é essencial para garantir um envelhecer mais seguro e digno. Sempre que possível, é importante incentivar e implementar uma vida mais ativa. Com medidas acessíveis e eficazes, é possível reduzir significativamente os riscos e promover uma vida mais segura, independência e digna na terceira idade”, conclui.

Política Nacional de Prevenção de Quedas entre pessoas idosas

A Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa na Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 4376/24  para prevenir quedas acidentais de pessoas idosas. O texto aprovado cria a Política Nacional de Prevenção de Quedas entre pessoas idosas. Para virar lei, ainda precisa passar pelo plenário da Câmara e do Senado.

Entre os objetivos da nova política estão:

  • desenvolver programas de exercícios físicos para ajudar os idosos a ficarem mais fortes e terem mais equilíbrio, com orientações personalizadas;
  • identificar e reduzir os riscos de quedas em unidades de saúde, com equipes treinadas para ajudar os idosos;
  • conscientizar sobre a importância de os idosos viverem e frequentarem espaços acessíveis e seguros; e
  • oferecer atendimento integral a pessoas idosas que sofreram quedas, com foco na recuperação e na prevenção de novos acidentes.

Com Assessorias

 

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