O organismo infantil, especialmente nos primeiros anos de vida, está em processo de desenvolvimento imunológico, o que os torna mais suscetíveis às infecções respiratórias”, explica Silvia Sanches Marins, professora do curso de Enfermagem da Faculdade Santa Marcelina.
Segundo ela, os pais devem ficar atentos a sinais como respiração acelerada, prostração e recusa para se alimentar. Esses sintomas podem indicar complicações e exigem avaliação médica imediata. Além do reconhecimento dos sintomas, a prevenção é uma aliada fundamental. Medidas simples no dia a dia podem fazer grande diferença.
Lavar as mãos com frequência, evitar contato com pessoas gripadas e manter os ambientes ventilados são ações eficazes na redução da transmissão de vírus”, orienta a professora. Ela também destaca a importância de evitar o uso excessivo de aquecedores, que ressecam o ar e irritam as vias respiratórias, e de utilizar umidificadores com cautela para evitar o acúmulo de mofo.
Segundo a especialista, a alimentação e a hidratação adequadas também desempenham um papel importante na prevenção. “Oferecer uma dieta equilibrada, rica em frutas, verduras, legumes, grãos e proteínas magras, contribui para o fortalecimento do sistema imunológico. Nutrientes como as vitaminas A, C e D, além de ferro e zinco, são fundamentais para a saúde da criança”, afirma. A ingestão de líquidos, mesmo nos dias frios, é igualmente necessária. “Ambientes secos prejudicam a função das mucosas respiratórias. Incentivar a ingestão de água, sucos naturais e caldos ajuda a manter a hidratação e a proteção natural contra vírus e bactérias”, complementa.
Prevenir é possível
A vacinação é outro ponto essencial nessa época do ano. “Manter o calendário vacinal atualizado, principalmente com as vacinas contra gripe e pneumococo, é uma das principais estratégias para reduzir o risco de infecções respiratórias graves”, reforça Silvia. Ela recomenda ainda a prática da lavagem nasal com soro fisiológico, especialmente em bebês e crianças pequenas, para aliviar sintomas de congestão e prevenir o acúmulo de secreções.
Atualmente, a vacina capaz de combater o VSR está em processo de incorporação ao SUS, porém, já disponibilizam, gratuitamente, um medicamento eficaz na prevenção de formas graves da doença, através do uso de anticorpos monoclonais indicados para bebês e crianças com algumas condições de saúde e que são do grupo de risco.
Mas, para além da prevenção da vacinação, algumas outras medidas podem ajudar no combate ao contágio e transmissão como:
- Lavar as mãos frequentemente;
- Evitar tocar no rosto, nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas;
- Cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar; evitar contato próximo com pessoas doentes;
- Limpar e desinfetar superfícies que são tocadas com frequências;
- Evitar sair de casa quando estiver doente.
Dicas para fortalecer o sistema imune do bebê
Pediatra e neonatologista, ensina cuidados simples, acessíveis e baseados na ciência que ajudam a prevenir infecções e a construir uma infância mais saudável começando pelo leite materno e indo até o contato com a natureza
Os primeiros anos de vida de um bebê são marcados por muitas descobertas e por um sistema imunológico ainda em formação. Para Juliana Alves, pediatra e neonatologista especializada em Pediatria Integrativa, esse é o momento ideal para fortalecer naturalmente as defesas do organismo com hábitos que respeitam o ritmo da criança e favorecem sua saúde de dentro para fora.
Mesmo com todos os cuidados, o bebê será exposto a vírus, bactérias, poluentes e substâncias tóxicas. A boa notícia é que podemos preparar esse corpo para reagir melhor, com estratégias que envolvem nutrição, rotina, vínculo e contato com a natureza”, explica a médica.
1. O leite materno como primeiro escudo de proteção
O leite materno é rico em anticorpos e fatores imunológicos que ajudam a proteger o bebê de infecções. Além disso, ele contribui para o desenvolvimento de uma microbiota intestinal saudável, que é essencial para a imunidade.
“É importante também olhar para a alimentação da mãe. Dieta rica em fibras, vegetais e, quando necessário, suplementos como o ômega 3, fazem diferença na qualidade do leite e no desenvolvimento do bebê”, afirma a Dra. Juliana.
2. Intestino saudável: um órgão chave para a imunidade
Evitar antibióticos desnecessários, priorizar o parto vaginal e estimular o aleitamento são atitudes que influenciam positivamente a saúde intestinal do bebê desde o início. A alimentação da gestante também é parte desse processo: menos ultraprocessados, mais alimentos naturais, sazonais e com uso de temperos frescos.
3. Rotina de sono e exposição solar
Sono de qualidade é essencial para a produção de hormônios ligados à imunidade. A médica lembra que bebês até 4 meses têm sono fragmentado, o que é natural, mas é possível favorecer o descanso com rotina leve e exposição à luz natural.
4. Contato com a natureza: mais do que diversão
Brincar ao ar livre, tocar a terra, conviver com animais e sentir o sol: tudo isso estimula o sistema imunológico, diminui o estresse e reduz o risco de alergias.
“É um cuidado que faz bem tanto para o bebê quanto para os pais. A natureza tem um papel regulador e acolhedor que a ciência já comprova”, diz a pediatra.
5. Vitamina D: suplemento essencial, especialmente no frio
A vitamina D é um dos pilares da imunidade infantil, com impacto direto na prevenção de doenças respiratórias especialmente no outono e no inverno. Como a exposição ao sol tende a ser menor nessas épocas, a suplementação, recomendada pela SBP, deve ser feita com atenção redobrada.
Mais do que uma lista de recomendações, Dra. Juliana Alves reforça que os cuidados com o bebê devem ser adaptados à realidade de cada família. “Não se trata de rigidez, mas de consciência e amorosidade. A infância saudável nasce de vínculos fortes e rotinas possíveis.”
Com Assessorias