A cantora Deise Cipriano, integrante do grupo Fat Family, foi diagnosticada com câncer na região do aparelho digestivo e já iniciou a primeira sessão de quimioterapia. Esses tipos de tumores representam uma grande fração de neoplasias. Mas, a boa notícia é que quando diagnosticado em fase inicial, esse tipo de câncer tem alto potencial de cura.
De acordo com a OMS, cerca de 18 milhões de pessoas serão diagnosticadas com câncer em 2018. Esse número é superior ao último estudo divulgado em 2012 quando atingiu 14 milhões. Seguindo a projeção, esse total será de 29 milhões em 2040, aumento de 63%.
A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), instituição filiada à Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgou nessa quarta-feira, 12 de setembro, os novos dados da GLOBOCAN 2018. Os números compõem o Observatório Global de Câncer do IARC (GCO) e não eram atualizados desde 2012.
Com os dados, é possível estimar a prevalência do câncer, novos casos e número de mortes até 2040 em 36 tipos de neoplasias. Segundo o levantamento, a incidência do câncer deve aumentar em 63% nos próximos 20 anos. Outro alerta é que esse aumento se dará principalmente em países emergentes.
Segundo a projeção, 998 mil brasileiros devem ser diagnosticados com câncer em 2040, um salto de 78% quando comparados aos 559 mil novos casos de câncer esperados para esse ano. Nesse mesmo cenário, o número de mortes deve aumentar em 95%, chegando a 476 mil óbitos por câncer daqui 20 anos.
De todos os tipos de câncer, com exceção do câncer de pele não-melanoma, os tumores de mama e de pulmão serão os que apresentarão maior incidência mundial em 2018: cerca de 2,1 milhões cada. Logo em seguida aparecem o câncer colorretal (1,9 milhão de casos), o câncer de próstata (1,3 milhão), o câncer de estômago (1,03 milhão) e fígado (841 mil).
Câncer de estômago
Dos subtipos de tumores que afetam o sistema digestivo os mais incidentes são estômago e colorretal. Segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer), o câncer de estômago é o terceiro de maior incidência entre os homens acima dos 50 anos e o quinto mais comum no Brasil. Também conhecido como câncer gástrico, o câncer de estômago se apresenta em 95% dos casos como adenocarcinoma, tumor originado em células que revestem a parte interna do órgão.
A doença pode disseminar-se, invadindo outros órgãos, vasos linfáticos e linfonodos próximos. Existem outros tipos mais raros de câncer de estômago como o linfoma, o leiomiossarcoma e o tumor carcinoide.
“O desenvolvimento da doença costuma acontecer de maneira muito lenta. Ao longo dos anos, as alterações pré-cancerosas podem ir surgindo, devagar, nas células da mucosa do estômago. Como isto raramente causa sintoma, essas alterações podem passar despercebidas ou podem ser confundidas com outras doenças”, comenta Felipe Ades, oncologista do Centro Paulista de Oncologia (CPO) – unidade do Grupo Oncoclínicas em São Paulo.
Por apresentar muitos sintomas inespecíficos, comuns a outras doenças, por vezes o paciente demora a buscar apoio especializado. Entre os sinais do câncer de estômago estão perda de peso, cansaço, falta de apetite, náuseas e vômitos, sensação de má digestão, azia e desconforto abdominal persistente, sangramentos gástricos (mais incomuns), sangue nas fezes, fezes escuras, pastosas e com odor muito forte (indicativo da presença de sangue oculto).
Diante da suspeita de câncer de estômago, dois exames estão entre os mais frequentes para o diagnóstico da doença: modernamente se usa a endoscopia digestiva alta, porém ainda pode ser usada a radiografia do estômago com contraste.
A endoscopia permite a avaliação visual direta da lesão e a realização de biópsias para confirmação do diagnóstico por meio do exame anatomopatológico. Através da boca um tubo fino e flexível com uma câmera na ponta é conduzido até o órgão. O paciente é sedado para sentir menor desconforto, o exame é feito com o paciente dormindo algumas vezes. Já na radiografia, o médico analisa o filme radiográfico em busca por áreas anormais ou tumores.
Após a confirmação patológica da presença do tumor através do exame de biópsia, é importante que se façam os exames para estadiamento, ou seja, quantificar o tamanho da doença no corpo. “Estes exames podem variar, mas comumente incluem a tomografia computadorizada de abdômen e pelve, a radiografia simples (ou tomografia) de tórax e exames de sangue”, frisa o Dr. Felipe.
O estudo está disponível no site da OMS.