O vocalista dos Rolling Stones, Mick Jagger, de 75 anos, teve que ser levado às pressas para mesa de cirurgia em abril deste ano. O motivo? A estenose aórtica, uma das doenças das válvulas cardíacas (ou valvulopatias) ainda pouco conhecidas pela população.

De acordo com levantamento realizado em agosto deste ano, envolvendo 1.000 pessoas com 60 anos ou mais, o Brasil tem pouco conhecimento sobre a estenose aórtica: 17% acreditam saber do que se trata, mas apenas 6% conseguem identificar a doença corretamente.

Do total de entrevistados, apenas 12% colocaram a doença valvular cardíaca em primeiro lugar entre aquelas que mais os preocupam, atrás do câncer (26%), AVC (23%) e o Alzheimer (18%).

A pesquisa inédita foi encomendada pelo Instituto Lado a Lado pela Vida, membro do Global Heart Hub, aliança internacional de Associações de Pacientes com Doenças do Coração, com apoio da Edwards Lifesciences. Foram ouvidos moradores das Cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Goiânia, Curitiba e Campinas.

Doença valvular cardíaca, um mal silencioso

Assim como Mick Jagger, muitos pacientes descobrem a doença em exames de rotina. Isso ocorre com frequência porque as valvulopatias agudas acometem principalmente os idosos com 70 anos ou mais, e podem ser assintomáticas durante longos períodos de tempo – o que faz dela um perigo.

José Armando Mangione, cardiologista intervencionista e membro do comitê científico do Instituto Lado a Lado pela Vida, ressalta que a função das válvulas é a regulação do fluxo sanguíneo entre as várias cavidades do coração e seus vasos principais. Logo, elas são essenciais para o correto funcionamento de todo o sistema cardiovascular.

Existem quatro válvulas cardíacas, denominadas aórtica, mitral, tricúspide e pulmonar. Todas podem apresentar anomalias que irão manifestar-se de modo diferente. As valvulopatias agudas que afetam as válvulas aórtica e a mitral são as mais importantes, pelo seu impacto no organismo”, explica o cardiologista.

Entre os sintomas mais comuns da doença, ele cita dor ou pressão no peito (angina), que pode ser descrita como um peso sobre o coração; sensação de queimação, choque ou aperto nos braços, ombros e pescoço, tontura, desmaio, sinais de insuficiência cardíaca, tais como fadiga e falta de ar e palpitação.

Esses sintomas são frequentemente associados ao processo de envelhecimento e podem mascarar um problema mais sério. De acordo com a pesquisa, cerca de 45% dos entrevistados afirmaram que esses mesmos sintomas poderiam impedi-los de fazer atividades físicas, impactando de maneira significativa sua qualidade de vida.

Simples exame de estetoscópio pode identificar o problema

Valvulopatias podem ser diagnosticadas de forma precoce por um clínico geral, com um exame de estetoscópio. Os resultados da pesquisa realizada no Brasil esse ano mostram que quase 62% dos entrevistados passam por um exame de estetoscópio toda vez que visitam seu médico. Dr. Mangione lembra que, por ser assintomática, a melhor forma de prevenir-se é consultar o cardiologista pelo menos uma vez ao ano e realizar os exames do coração periodicamente, como ecocardiograma e eletrocardiograma.

Quando perguntados sobre o tratamento, 33% dos entrevistados disseram preferir os medicamentos diários ao longo da vida, enquanto 29% optariam pelo procedimento cirúrgico. O médico explica que existem medicações para cuidar dos casos menos graves, porém os pacientes com valvulopatia aguda devem ser submetidos à cirurgia para substituir a válvula cardíaca impactada por uma artificial.

Essa cirurgia pode ser feita de duas maneiras: de peito aberto ou via transcateter, com a implantação de uma nova válvula, sem a necessidade de abrir o tórax. O  procedimento é indicado para pacientes idosos, que são frágeis demais para uma cirurgia tão invasiva.

“Nos países desenvolvidos, como França e Alemanha, onde há um número maior de idosos e, consequentemente, com maior risco à cirurgia, o tratamento aplicado é o transcateter – procedimento minimamente invasivo que também substitui a válvula aórtica”, diz ele. Cada caso é avaliado individualmente pelas equipes de cardiologia dos hospitais, que decidem qual tratamento é mais apropriado para cada paciente.

Campanha Siga seu Coração no Setembro Vermelho

Em sua quinta edição, a campanha Siga seu Coração realizada pelo Instituto Lado a Lado pela Vida realiza uma extensa programação por todo o Brasil, durante o Setembro Vermelho – mês de conscientização para as doenças cardiovasculares. A campanha busca estimular a população a adotar de um estilo de vida mais saudável.

A cada ano, intensificamos as ações e ampliamos o alcance do movimento Siga Seu Coração no intuito de estimular as pessoas a incluírem bons hábitos em suas rotinas”, conta Marlene Oliveira, presidente do LAL.

Segundo ela, este é o segredo para melhorar sua qualidade de vida e a longevidade. “Entretanto, muitas pessoas hesitam em reconhecer que possuem uma doença crônica e não tomam uma atitude para melhorar seu estilo de vida. É isso que queremos mudar”, finaliza a empreendedora social.

Fonte: Instituto Lado a Lado

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