O cigarro é, de longe, o mais importante fator de risco para o desenvolvimento do câncer de pulmão. Em cerca de 85% dos casos diagnosticados, a doença está associada ao consumo de derivados de tabaco. Considerada uma doença agressiva, o câncer de pulmão exige diagnóstico precoce para garantir mais chance de cura e qualidade de vida.
A exposição passiva ao tabaco e o tabagismo em si são importantes fatores de risco para o desenvolvimento de câncer de pulmão, doença que, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), deve chegar à marca de pouco mais de 31,2 mil novos casos provocados por tabagismo a cada ano, sendo 18,7 mil casos em homens e 12,5 mil em mulheres, no biênio 2018-2019.
Essa enfermidade pode ser assintomática em estágios iniciais, ou até confundida com outras doenças, já que os sintomas, como tosse, falta de ar, dor no tórax e escarro com sangue, também são comuns em outros problemas respiratórios. Por isso, o diagnóstico muitas vezes é desafiador e tardio”, diz a oncologista Renata Eiras Martins, do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp).
Para alertar a população sobre as doenças e mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) determinou que em 31 de maio seja celebrado o Dia Mundial Sem Tabaco. Este ano, o tema da campanha lançada nesta sexta-feira (31), no Inca, é ‘Tabaco e Saúde Pulmonar” (veja mais aqui).
Com o aumento da incidência de casos de câncer de pulmão é importante que os pacientes fiquem atentos aos sintomas e não deixem de consultar um médico em caso de tosse persistente, fadiga, falta de ar e dores no peito, por exemplo.
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Risco de câncer de pulmão cresce 30% após contato com a fumaça do cigarro
Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) revelam que o câncer de pulmão tem relação direta com o consumo de derivados de tabaco em 90% dos diagnósticos da doença. Outros números do instituto apontam que a incidência de câncer no Brasil em 2019 deve ficar em torno de 600 mil novos casos, sendo que a estimativa indica que três em cada 10 tumores diagnosticados estão relacionados a hábitos evitáveis como tabagismo, consumo de álcool, sedentarismo, obesidade e exposição excessiva ao sol.
Os números apontam que 85% dos pacientes de câncer de pulmão são ou foram tabagistas fumantes passivos, aqueles que involuntariamente inalam fumaça de cigarro, também estão sujeitos aos malefícios do tabagismo à saúde. Pesquisas indicam que a fumaça contém altos índices de nicotina e monóxido de carbono. “O contato, mesmo que indireto, aumenta a probabilidade de desenvolver câncer de pulmão, assim como outros tipos de doenças como as cardiovasculares. Para os adultos, há 30% mais riscos”, explica a explica a oncologista Vera Lucia Teixeira, da Oncoclínica Centro de Tratamento Oncológico.
Maior ameaça à saúde pública
Números da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que o tabagismo é a principal causa de morte evitável em todo o mundo e continua sendo a maior ameaça à saúde pública, sendo responsável por 63% dos óbitos relacionados às doenças crônicas não transmissíveis.
Dessas, é responsável por 85% das mortes por doença pulmonar crônica (bronquite e enfisema), 30% por diversos tipos de câncer (pulmão, boca, laringe, faringe, esôfago, pâncreas, rim, bexiga, colo de útero, estômago e fígado), 25% por doença coronariana (angina e infarto) e 25% por doenças cerebrovasculares (acidente vascular cerebral).
Comumente associado ao câncer de pulmão, o tabagismo também pode ser o responsável pelo aparecimento de tumores na boca, na laringe, no esôfago, no pâncreas, nos rins e na bexiga. Além do câncer, o grupo em questão ainda pode sofrer derrame cerebral, colite ulcerativa, alergia alimentar, asma e pneumonia.
A oncologista Vera Lúcia ressalta que o risco de câncer de colo de útero em fumantes passivas é 73% maior do que em mulheres sem qualquer contato com a fumaça produzida pelo tabaco. “São índices que merecem atenção. Um fumante pode estar prejudicando todo um grupo, e não apenas a si mesmo. E as pessoas não fumantes que estão expostas à fumaça de cigarro também precisam estar cientes dos perigos, para evitá-los”, comenta.
Diagnóstico precoce com Medicina Nuclear
Existem exames que permitem a identificação do tumor, como a biópsia. Mas, a Medicina Nuclear conta com exames que podem auxiliar de forma precisa a detecção da doença, antes mesmo de provocar alterações anatômicas. O principal no caso do câncer de pulmão é o PET/CT.
De acordo com o médico nuclear e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear, George Barberio Coura Filho – responsável clínico da Dimen SP (www.dimen.com.br), a localização precisa das lesões, possibilita maior assertividade na escolha do tratamento. “Quando se descobre o foco do câncer é possível tratar com métodos mais precisos, como cirurgia guiada e radioterapia.
Nem sempre câncer de pulmão é causado pelo cigarro
Mas nem sempre o câncer de pulmão está relacionado ao tabagismo. A doença é dividida em dois grupos: pequenas células (CPPC) e não pequenas células (CPNPC). Entre os subtipos de CPNPC, o adenocarcinoma representa 50% dos casos. Entre eles, existe um subtipo, mais comum em não fumantes, que ocorre a partir de mutações no receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR).
Nesse caso, o tratamento mais indicado é a terapia-alvo, como o afatinibe, que foi incorporado ao Rol de Procedimentos da ANS em janeiro de 2018 para pacientes com plano de saúde diagnosticados com adenocarcinoma de pulmão com mutação no EGFR, e cuja eficácia foi comprovada pelo estudo clínico LUX-Lung.
O afatinibe, quando seguido de osimertinibe, é ainda uma estratégia atraente para pacientes com câncer de pulmão não pequenas células (CPNPC) com mutação no EGFR, oferecendo benefícios clínicos a um número substancial de pacientes, enquanto – o que é importante – prolonga o tempo de permanência sem quimioterapia, segundo o estudo GioTag, cujos resultados foram publicados na revista Future Oncology.
“GioTag é o primeiro estudo global para pacientes com câncer de pulmão de não pequenas células (CPNPC) com mutação no EGFR que avalia uma sequência de terapias-alvo da maneira como são utilizadas na prática clínica diária. Isso poderá ajudar os médicos na tomada de decisões sobre o tratamento adequado”, completa a Dra. Renata.
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