Aprovado para tratamento da diabetes tipo 2, o aclamado Mounjaro (tirzepatida), sintetizado pela Eli Lilly, tem movimentado o País em torno, principalmente, das suas vantagens em relação ao principal concorrente, o Ozempic (semaglutida) em relação à perda de peso. Inicialmente previsto para chegar ao Brasil em junho, o medicamento estará disponível nas farmácias brasileiras a partir da primeira quinzena de maio de 2025, com expectativa de distribuição nacional até o dia 15.

Assim como o Ozempic, a nova droga também é administrada por meio de injeções semanais. O Mounjaro é disponibilizado em seis versões, cujas dosagens partem de 2,5 mg e chegam a 15 mg de tirzepatida, possibilitando que o tratamento seja personalizado para cada caso. Apesar dos resultados promissores, as doses de Mounjaro utilizadas no estudo ainda não estão disponíveis no Brasil.

Neste primeiro momento, o país contará apenas com as apresentações de 2,5 mg e 5 mg — doses iniciais para o tratamento do diabetes tipo 2. Segundo Luiz André Magno, diretor médico sênior da Eli Lilly do Brasil, essas dosagens já são eficazes para a redução da hemoglobina glicada e do peso corporal em pacientes com diabetes.

A empresa informou que trabalha para trazer as doses superiores ao país e aguarda a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que o Mounjaro também possa ser indicado no tratamento da obesidade. O valor mensal custará a partir de R$ 1.400 (2,5 mg), válido para pacientes inscritos no Programa de Suporte ao Paciente da Lilly. Nas farmácias, o preço pode chegar a até R$ 1.907,29 para essa mesma dosagem.

Perda de peso maior que a do Wegovy e do Ozempic

Aprovada em 2023 pela Anvisa, a caneta injetável é uma nova opção para o tratamento de diabetes tipo 2 e também vem sendo utilizada de forma “off label” para perda de peso. Concorrente do Ozempic e Wegovy (semaglutida), o Mounjaro foi alvo de diversas pesquisas clínicas, que apontaram um desempenho superior em relação aos demais medicamentos no que diz respeito a uma maior perda de peso e mais eficácia no controle da glicemia.

Um estudo apresentado em maio, no Congresso Europeu de Obesidade (ECO) e publicado na revista científica New England Journal of Medicine, revelou que o medicamento Mounjaro (tirzepatida), da farmacêutica Eli Lilly, promove uma perda de peso significativamente maior do que o Wegovy e Ozempic (semaglutida), da Novo Nordisk. 

De acordo com os resultados do SURMOUNT-5, os participantes tratados com a tirzepatida alcançaram uma redução média de peso de 20,2% em 72 semanas, enquanto aqueles que utilizaram a semaglutida apresentaram uma redução de 13,7%. Isso representa uma perda de peso relativa 47% maior para a tirzepatida.

Em termos absolutos, os pacientes que usaram tirzepatida perderam, em média, 22,8 kg, contra 15 kg nos que usaram semaglutida. Apesar de a Eli Lilly já ter divulgado dados preliminares em dezembro do ano passado, esta é a primeira publicação com os resultados completos.

O estudo também mostrou que 31,6% dos pacientes tratados com Mounjaro conseguiram perder pelo menos 25% do peso corporal inicial, percentual quase duas vezes maior do que os 16,1% observados entre os que utilizaram Wegovy. A superioridade da tirzepatida pode estar relacionada ao seu mecanismo de ação: o medicamento atua como agonista duplo dos hormônios intestinais GLP-1 e GIP, que influenciam a saciedade e o controle do apetite, enquanto a semaglutida age apenas sobre o GLP-1.

Ambos os fármacos apresentaram efeitos colaterais semelhantes, especialmente sintomas gastrointestinais como náuseas e vômitos, em geral de intensidade leve a moderada. O estudo reforça o potencial da tirzepatida como uma alternativa mais eficaz no combate à obesidade, embora a escolha do tratamento deva ser feita de forma individualizada e com orientação médica.

Comparativo entre Mounjaro e Ozempic

Mounjaro (tirzepatida) e o Ozempic (semaglutida) são medicamentos injetáveis de aplicação semanal, indicados para o tratamento do diabetes tipo 2. Ambos atuam como agonistas do receptor GLP-1, mas estudos clínicos demonstraram que pacientes tratados com Mounjaro apresentaram maior perda de peso em comparação com aqueles que utilizaram Ozempic. Isso ocorre porque a tirzepatida também estimula o receptor GIP, o que pode resultar em maior eficácia na redução de peso e controle glicêmico.

Por exemplo, em um estudo publicado na revista JAMA Internal Medicine, os usuários de Mounjaro perderam, em média, 15,3% do peso corporal em um ano, enquanto os usuários de Ozempic perderam 8,3%. Além disso, o Mounjaro mostrou-se mais eficaz na redução dos níveis de hemoglobina glicada (A1C) em comparação com o Ozempic.

Um conjunto de estudos, conhecido como programa SURPASS, feitos com 19 mil pessoas com diabetes tipo 2 no mundo, incluindo participantes no Brasil, apontaram, nos exames que medem a hemoglobina glicada, que pacientes portadores de diabetes que usaram o Mounjaro apresentaram índices próximos de quem não tem a doença.

Já outras pesquisas, que foram em busca de entender a relação do medicamento com a obesidade, demonstraram que a caneta de tirzepatida é segura para promover a perda de peso corporal, além de viabilizar uma porcentagem maior em relação ao Ozempic – 22% ante 14%, de acordo com um estudo feito pela americana Eli Lilly.

Quanto aos efeitos colaterais, ambos os medicamentos podem causar sintomas gastrointestinais, como náusea, diarreia e constipação. No entanto, os especialistas indicam que a tirzepatida pode estar associada a uma maior incidência desses efeitos.

‘Fórmula milagrosa de emagrecimento’

De acordo com Alessandra Rascovski, endocrinologista e diretora clínica da Atma Soma, além de fundadora do Ambulatório Clínico de Obesidade Severa do Hospital das Clínicas da FMUSP, a chegada do Mounjaro vem de encontro à enorme expectativa em relação aos efeitos da tirzepatida para o controle da glicemia e perda de peso.

Os resultados de pesquisas científicas e do uso do remédio no dia a dia mostraram que ele tem uma alta eficácia para controlar a glicemia e proporcionar perda de peso. No consultório, tenho recebido muitos questionamentos de pacientes a respeito do Mounjaro para o emagrecimento”, ressalta.

Alessandra ressalta que uma das grandes preocupações é que o Mounjaro seja visto como uma fórmula milagrosa de emagrecimento, cuja mensagem é impulsionada pelas redes sociais. “É importante que o uso do medicamento, assim como qualquer outra caneta de tratamento para diabetes indicada como opção off label para a perda de peso, seja acompanhado por orientação médica, pois o paciente pode não alcançar o efeito esperado, enfrentar percalços em sua jornada, incluindo efeitos colaterais severos, e, ao final, não ter um resultado satisfatório,, com risco de reganho de peso após a interrupção do uso”.

Duplo agonista

De acordo com a diretora clínica da Atma Soma, a tirzepatida é a primeira medicação da história que se encaixa na classe de duplos agonistas. “Enquanto a semaglutida imita a ação do hormônio GLP-1 (peptídeo-1 semelhante ao glucagon), para equilibrar as taxas de açúcar no sangue e regular o apetite, a tirzepatida imita o GLP-1 e o GIP (peptídeo insulinotrópico dependente de glicose), que também controla a glicemia e induz a sensação de saciedade”, ressalta.

O novo remédio se liga aos receptores de ambos os hormônios, envolvendo duas etapas. A primeira engloba a liberação de insulina, hormônio produzido pelo pâncreas responsável por retirar da circulação sanguínea o açúcar originado dos alimentos e colocá-lo dentro das células, quando será usado como fonte de energia.

Pacientes portadores de diabetes têm dificuldade de produzir a insulina ou ter sua ação efetiva no organismo. Nesse sentido, a glicose fica acumulada no sangue e ocasiona vários problemas de saúde, de ordem cardiorrespiratória, renal ou ocular”, explica a endocrinologista.

Já a segunda etapa de ação do Mounjaro aborda o controle de apetite. “Os receptores de GIP e GLP-1 também estão presentes em várias regiões do cérebro, relacionadas ao controle do apetite, da saciedade e do gasto energético. Com isso, o medicamento ajuda a regular os centros de recompensa que nos motiva a buscar o que dá prazer e assim melhora o comportamento alimentar, o que pode levar à perda de peso”, ressalta Alessandra.

Com Assessorias 

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