Por Andréa Ladislau*
O universo da saúde no Brasil e no mundo, caracterizado por um período pós-pandemia, descortinam uma triste realidade: o agravamento de doenças sérias que deixaram de ter acompanhamento médico regular, durante o período de isolamento social. Naquele momento de incertezas, o medo paralisante impedia que pacientes de doenças crônicas, em tratamento contínuo antes da pandemia, dessem continuidade ao acompanhamento médico de rotina.
Doenças como diabetes, hipertensão, obesidades e cardiopatias ganham destaque pela necessidade do controle adequado que, em função do medo extremo do contágio, provocou a paralisação e modificação do dia a dia de algumas pessoas. Relatos dos especialistas demonstram que esse cenário é muito sério, pois sinais de agravamento de certas doenças foram negligenciados.
Um exemplo, são os casos dos Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) que são, considerados pela OMS (Organização Mundial de Saúde) como a segunda maior causa de mortes no mundo. Uma doença, extremamente, grave que exige que a busca pelo diagnóstico e tratamento imediato.
Por medo de buscar um estabelecimento de saúde e correr o risco de se contaminar, os sintomas foram sendo ignorados e muitas pessoas morreram por não serem socorridas a tempo. Situação parecida também ocorreu com os casos de pacientes diagnosticados com alguns tipos de cardiopatias.
Essa fobia, caracterizada por pensamentos negativos e uma sensação de terror à exposição extrema ao vírus, alimentou uma tendência a se esquivar do que é temido, omitindo muitas vezes, dos familiares e amigos, dores, sensações e sintomas graves; comprometendo de forma profunda, a saúde. Um medo incômodo que possui bases psicológicas e fisiológicas, afetando o equilíbrio mental e a sobrevivência do paciente.
Atualmente, muitas pessoas estão com seus quadros agravados por essa negligência motivada pela falta de controle do medo. A grande questão é que, omitir as dores e fugir do tratamento contínuo, gera risco para a saúde e alimenta os medos internos. Fato é que o estresse deve ser eliminado para não fomentar o pânico e não transformar o indivíduo em um refém de seus próprios anseios.
Enfim, psicologicamente falando, os problemas de saúde com risco de vida não podem ser potencializados pelo medo ou pelo pânico. A busca por atendimento médico, em caso de necessidade, passa por uma questão de amor próprio e responsabilidade consigo mesmo, e não devem sofrer qualquer impedimento do cuidado, pois em alguns casos, cada minuto é precioso para o sucesso do tratamento. A necessidade da atenção médica regular não foi abolida pelo vírus.
O que precisa ser abolido, ou pelo menos controlado, é o medo e a angústia que nos impede de seguir a vida. A adaptação a novos modelos de organização diária foi necessária para que possamos mitigar a contaminação. No entanto, devemos aprender a olhar para todas essas modificações com um senso de respeito a nós e ao próximo. Valorizando ainda mais nossa vida e promovendo a saúde mental e o equilíbrio físico adequado ao nosso bem-estar.
*Andrea Ladislau é pós-graduada em Administração Hospitalar e Psicanálise e doutora em Psicanálise Contemporânea. Possui especialização em Psicopedagogia e Inclusão Digital. É também graduada em Letras e Administração de Empresas, palestrante, membro da Academia Fluminense de Letras e escreve para diversos veículos. Na pandemia, criou no Whatsapp o grupo Reflexões Positivas, para apoio emocional de pessoas do Brasil inteiro.
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Andrea Ladislau colabora para a seção Palavra de Especialista toda quarta-feira. Dúvidas e sugestões para palavradeespecialista@vidaeacao.com.br.