Mais de 11,6% de óbitos ao redor do mundo são causados por doenças respiratórias, sendo 600 mil crianças dentro dessa grande parcela. Grandes organizações e ativistas consideram esse resultado 15 vezes pior do que cenários de guerra. Não à toa, a Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu, recentemente, a existência dos chamados “refugiados climáticos”.
Como o exemplo do homem de Bangladesh, com asma, que evitou ser deportado da França depois que seu advogado argumentou que ele corria o risco de uma grave deterioração de sua condição e, possivelmente, de morte prematura, devido aos níveis perigosos de poluição em seu país. O tribunal de apelações de Bordeaux anulou uma ordem de expulsão contra o indivíduo de 40 anos porque ele enfrentaria um agravamento de sua patologia respiratória devido à poluição do ar.
“A partícula de poluição do ar de Bangladesh é 6 vezes maior do que o considerado pela OMS como tolerável. Mesmo que esse homem pudesse ser tratado em seu país de origem, a qualidade do ar o mataria”, explica Rafael Zarvos, especialista em Resíduos Sólidos e fundador da Oceano Resíduos.
Pesquisadores e estudiosos preveem que a mudança climática vai criar cerca de 1,5 milhões de migrantes, motivados pelos efeitos mortais dessas crises do meio ambiente. Segundo o direito internacional, nenhum país é obrigado a acolher refugiados do clima. Porém, a Agência das Nações Unidas para os Refugiados esclarece que as leis dos refugiados têm um papel importante a desempenhar no apoio às pessoas que estão a fugir da mortalidade causada pela poluição desenfreada.
Especialistas ressaltaram que o caso abre precedente e explicita o risco de que a intensificação da poluição do ar resulte em ondas migratórias nas próximas décadas. “Cada vez mais, os lideres mundiais serão pressionados a pensar nas questões climáticas, visando melhorar a qualidade de vida do seu povo. As condições ambientais impactam diretamente nos direitos de sobrevivência do homem e precisamos agir rápido, porque a natureza está pedindo socorro e nós estamos pagando a conta”, finaliza Zarvos.
Dia Interamericano de Qualidade do Ar
Por esse motivo, a Associação Interamericana de Engenharia Sanitária e Ambiental – AIDIS criou o Dia Interamericano de Qualidade do Ar a ser celebrado, todos os anos, em 9 de agosto, para conscientizar a população sobre a questão da contaminação atmosférica e seus efeitos sobre a saúde pública.
Nos próximos dois meses, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) lançará uma série de relatórios antes dos principais eventos globais, incluindo a abertura da Assembleia Geral da ONU e da Cúpula de Sistemas Alimentares da ONU.
São quatro relatórios que tratam da ameaça de microplásticos e lixo marinho nos oceanos, da qualidade do ar que respiramos e sobre leis de poluição aplicadas a ele. Os estudos do PNUMA abordam, também, a reestruturação do apoio agrícola global como parte da transformação em direção a um sistema alimentar mais sustentável.