Sabe quais são os principais desejos dos brasileiros? Segundo pesquisa do Instituto Vox Populi encomendada pelo IESS, Instituto de Estudos de Saúde Suplementar, as prioridades são: casa própria, educação e saúde. A mesma pesquisa ainda mostra um dado curioso: 86% das pessoas com plano de saúde estão satisfeitas com a opção que possui, e até recomendariam para amigos e familiares. Mas, será que isso continua após o reajuste de 39%?
Seguindo a normatização da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), as operadoras de plano de saúde colocaram em vigência esse aumento, que é o segundo maior em oito anos e, mais uma vez, ficou acima da inflação. Com isso, do dia para a noite, muitos consumidores viram suas mensalidades do plano de saúde saltarem absurdamente e sem muita alternativa do que fazer.
Essa alta deve atingir cerca de 8 milhões de contratos em todo o Brasil. Em algumas operadoras de plano de saúde, por exemplo, o reajuste pode ser aplicado duas vezes no mesmo ano. Apesar de muita gente acreditar que isso é abusivo, está dentro da regulação da ANS. Um exemplo é o que vemos neste momento, em 2023, em que a ANS aprovou aumento de 9,63% em contratos individuais e familiares, porém, isso vai além com o reajuste por faixa etária.
Uma pesquisa divulgada pelo Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) no último dia 6 de agosto revelou o quanto os aumentos desregulados dos planos de saúde coletivos no Brasil podem impactar a vida dos consumidores. Ocupando uma fatia de mais de 80% do mercado atual, e sem controle de reajustes e cancelamentos por parte das operadoras, algumas das modalidades dos planos de saúde coletivo registraram, no acumulado dos cinco últimos anos, aumentos nos valores de suas mensalidades que chegaram a ser quase duas vezes maiores do que os sofridos pelos planos individuais.
Os resultados do estudo do Idec, que se debruçou sobre os aumentos aplicados nos últimos 5 anos, demonstram que quase todas as categorias de planos coletivos tiveram reajustes médios consistentemente superiores aos dos individuais. Se em algum ano o reajuste não foi maior, nos outros os aumentos compensaram.
“Apesar dessas ligeiras variações anuais, quando comparamos a oscilação de preço médio entre 2017 a 2022, percebemos que todos os aumentos nos coletivos superaram significativamente os dos individuais”, comenta Marina Magalhães, analista do Programa de Saúde do Idec e responsável pela pesquisa.
E daí é que vem a problemática: como pagar e se organizar tão em cima da hora?
“Esse aumento, infelizmente, chega num momento muito complicado para o brasileiro. O país ainda está tentando se reerguer do período da pandemia, e com valores muito maiores na saúde em pouco tempo veremos um boom de aposentados e idosos, principalmente, a desistirem de seus planos”, comenta Rafael Lemos, diretor de franquias da Me Protege, franquia que comercializa planos tradicionais e promete oferecer uma “consultoria personalizada para encontrar os melhores valores”.
Reajustes dos planos coletivos mais do que dobram em relação aos individuais
De acordo com o estudo do Idec, enquanto a variação do preço médio de mensalidades de planos de saúde individuais – com segmentação ambulatorial e/ou hospitalar, contratados em 2017 para a faixa etária de 39 a 44 anos -, passou de R$ 522,55 para R$ 707,59 em 2022, os coletivos empresariais contratados para grupos com até 29 pessoas (micro e pequenas empresas), saiu de R$ R$ 539,83 para R$ 984,44.
Em 2017, apenas os planos por adesão eram mais em conta que os individuais, com o preço inicial de R$485,03, mas mesmo assim, com o decorrer do tempo, eles se mostraram um mau negócio: em 2022, mensalidades médias de contratos de até 29 pessoas passaram a custar R$845,53, e as de contratos maiores, R$813,29. Veja mais no gráfico abaixo:
Evolução anual do preço médio de mensalidades de planos de saúde com segmentação ambulatorial e/ou hospitalar, contratados em 2017 para a faixa etária 39-44 anos, a partir da aplicação dos reajustes anuais médios (2017-2022)
Estudo aponta vantagem na contratação de planos individuais
Enquanto as mensalidades dos planos individuais cresceram 35,41% no período, as de planos coletivos apresentaram valores bem maiores: coletivos empresariais, com 30 vidas ou mais, aumentaram 58,94%; coletivos por adesão, com 30 vidas ou mais, 67,68% coletivos por adesão, com até 29 vidas, 74,33%; e coletivos empresariais, com até 29 vidas, 82,36%.
“Os resultados indicam, nitidamente, a grande vantagem na contratação de planos individuais. Ainda que o plano fosse contratado por um valor ligeiramente superior a outros tipos de produtos, a limitação dos reajustes protege o consumidor das flutuações de preços subsequentes, que encarecem muito o contrato no médio prazo”, conclui o estudo apresentado.
Se esticarmos mais um pouco o período a ser analisado, as discrepâncias permanecem. Em uma outra análise, comparando a contratação de um plano de saúde para a mesma faixa etária, em 2015, um consumidor de plano individual veria sua mensalidade crescer 74,62% até 2022. No mesmo período analisado, os planos coletivos empresariais com até 29 vidas tiveram um aumento médio de 148%, ou seja, mais do que dobraram de valor.
“Essa pesquisa é muito importante para mostrar como os planos coletivos acabam se tornando uma armadilha para uma grande parcela dos consumidores do país que acredita estar escolhendo a melhor alternativa quando contrata um plano de saúde. Com grande disponibilidade, ao contrário da oferta cada vez mais reduzida dos planos individuais, os coletivos dominam o mercado e acabam se tornando uma bomba-relógio que ao longo do tempo vai aumentando a chance de explodir”, afirma a coordenadora do programa de Saúde do Idec, Ana Carolina Navarrete.
Recomendações do Idec para a ANS
Para os pesquisadores responsáveis pelo estudo, os resultados reforçam a necessidade de uma revisão regulatória do mercado de planos coletivos. Os especialistas recomendam para a ANS:
- Equiparar planos coletivos contratados por MEI a planos individuais, inclusive para limitação de reajustes;
- Padronizar cláusulas de reajuste em todos os contratos coletivos;
- Aplicar índice único de reajuste, por operadora, a planos coletivos de adesão;
- Estabelecer um parâmetro de razoabilidade para os aumentos de preços de planos coletivos maiores de 30 vidas;
- Tornar obrigatória a apresentação completa do contrato coletivo para o consumidor final;
- Tornar obrigatória a apresentação de dados aos consumidores sobre o cálculo de reajuste e sobre a sinistralidade, conferindo maior transparência a essas informações;
- Proibir o cancelamento unilateral pelas empresas; e
- Obrigar operadoras a venderem planos coletivos diretamente ao consumidor final, sem intermediação das administradoras de benefícios.
“Temos oportunidades de mudanças na regulação que podem vir da ANS ou da discussão que hoje é feita no Congresso sobre alterações na Lei de Planos de Saúde. Seguiremos buscando interlocução tanto na agência como com parlamentares para fazer isso mudar. A única certeza que temos é que uma discrepância tão grande de regulação entre os dois modelos não pode ficar como está”, alerta a coordenadora do programa de Saúde do Idec.
Dicas para segurar o plano de saúde – mesmo com alta do reajuste
Para Rafael Lemos, diretor de franquias da Me Protege, uma das formas de contornar a situação sem deixar o plano de saúde é a velha e conhecida economia.
“É muito ruim ter de colocar a saúde em último plano, literalmente. Mas, uma forma de lutar por um respaldo quando se precisa é economizar em outros setores. Poupar uma viagem, saídas e até alguns investimentos. Pois com saúde realmente não se brinca”.
Segundo Lemos, uma forma inteligente de segurar o plano de saúde mesmo com o aumento do reajuste é pesquisar outras operadoras no mercado e verificar se oferecem planos similares com reajustes mais baixos, já que geralmente existem ótimas ofertas para uma nova contratação.
“A portabilidade de carências possibilita a mudança de operadora sem perder a cobertura de procedimentos já realizados. Além disso, é essencial avaliar as coberturas do plano atual e ajustá-lo de acordo com as necessidades de saúde da família. Outra dica importante é avaliar a coparticipação de forma consciente, evitando gastos desnecessários e garantindo uma mensalidade mais acessível. Assim, é possível manter a tranquilidade e o acesso aos cuidados médicos essenciais”, pontua.
No mais, a prática de pesquisar sempre continua em alta. Ou seja, antes de fechar com um plano de saúde, verifique as condições, quais os possíveis reajustes que ele fará ao longo do ano, qual o teto desse reajuste e, principalmente, se isso cabe no seu orçamento.
Além disso, na franquia Me Protege, por exemplo, é possível encontrar a melhor opção de plano para o cliente. Sem falar no serviço de telemedicina realizada por um preço abaixo do praticado no mercado, no valor de R$ 34,90. O contratante ainda consegue incluir dependentes e ganhar descontos em medicamentos e exames.
Com Assessorias Idec e Me Protege