Foi-se o tempo em que no Dia dos Pais, os presentes mais importantes não sejam as gravatas, camisas ou abraços recebidos por eles. O mais importante agora é a reflexão sobre qual o legado que esses pais querem deixar para os filhos. A psicologia tem dados científicos suficientes para defender que o legado do respeito e da igualdade sejam os mais importantes e produtivos para filhos saudáveis.

Cada vez mais as questões sobre igualdade de gênero e respeito à mulher tem repercutido na nossa sociedade. Segundo uma pesquisa feita recentemente pelo Ibope, o machismo está presente no cotidiano de 99% dos brasileiros e 61% já pronunciaram algum comentário machista, mesmo que alguns não reconheçam o preconceito.

Pai de Madalena, de 2 anos, de seu relacionamento com a também atriz Yanna Lavigne, o ator Bruno Gissoni conta que sua missão como pai é mais que educar. “O machismo, por exemplo, tem data certa para acabar. Os pais, em geral, têm que acompanhar essa evolução. Acho que hoje é isso: preparar o filho para este mundo tão transformador e tão transformado no qual estamos vivendo”, analisa.

Na década de 1970, os papéis dos pais no desenvolvimento de seus filhos quase não eram relatados, pois sua função era vista como provedor econômico à mãe, que por sua vez era caracterizada como o apoio emocional dos filhos. Para Tatiele Jacques Bossi, professora do curso de psicologia do Centro Universitário da Serra Gaúcha (FSG), estudos mostram que o papel paterno está mudando ao longo das gerações, o que coloca também uma diversidade nas relações familiares.

Os pais demonstram mais sentimentos a sua família e na maioria das vezes as tarefas são divididas igualmente entre pais e mães, algo totalmente diferente em gerações passadas”, afirma.

Em famílias que tem o pai em sua configuração, a figura paterna influencia diretamente na construção da identidade de seus filhos, afinal o pai, provavelmente, é a primeira figura masculina que a criança tem contato. Para Alberto Carlos dos Santos, professor do curso de psicologia do Unipê, o pai é visto como exemplo e a criação que visa a desconstrução do machismo pode iniciar com atitudes dentro de casa. “Estabelecer no sistema familiar uma relação de respeito, parceria, cumplicidade e divisão de tarefas tanto domésticas, como de cuidado com os filhos de forma equilibrada e se policiar o tempo todo de comentários que diferem o homem da mulher”, explica.

No âmbito psicológico, a ideia de desconstruir o machismo desde cedo resulta em futuros adultos mais seguros. “O machismo produz consequências negativas para os homens, pois ele cria parâmetros irreais de masculinidade, criando a imagem de um homem que não pode ser vulnerável e que não pode falar do que sente, causando transtornos psicológicos e de insegurança”, conclui a professora Paola Vargas Barbosa, coordenadora do curso de Psicologia da Cesuca.

machismo é apontado com o principal responsável pela manutenção do estereótipo do que é ou não uma atitude masculina, desde a construção social dos garotos até os relacionamentos afetivos. Diante desse cenário, podemos observar que as mudanças do papel paterno nas novas configurações familiares, vem auxiliando cada dia mais na ruptura do machismo no ambiente familiar.

Diante desse cenário, e em comemoração ao mês dos pais, professores dos cursos de Psicologia da Cesuca, FSG e Unipê trazem à tona o debate sobre o posicionamento do papel paterno nos dias atuais, em relação ao machismo.

Como preparar o filho para um mundo tão transformado

Ao lado de Cássio Reis, Érico Brás, Facundo Guerra, Raul Mourão, Rainer Cadete e Ricardo Pereira, Bruno Gissoni estrela um ensaio da revista GQ Brasil de agosto, nas bancas desde sexta-feira (02.08). Pelas lentes do fotógrafo Demian Jacob, eles foram clicados no Rio de Janeiro em homenagem ao Dia dos Pais (comemorado no domingo, 10 de agosto).

Numa carta aberta, eles discutem os desafios da paternidade e o que mudou em suas vidas desde o nascimento dos filhos. Entre outras perguntas, eles respondem sobre o que aprenderam após o nascimento das crianças, se acreditam que eles e as mães têm funções diferentes e quem mais os inspirou a ser o pai que são.

O ator Bruno Gissoni também fala de sua relação com dois pais. “O meu biológico, o Marcelo [Gissoni], sempre foi muito presente, assim como o meu de criação, o Beto [Simas]. (…) Aprendo diariamente com eles, até nas decisões erradas que eles tomaram e que serviram muito como exemplo para mim”.

Racismo também na pauta

“O meu filho é um príncipe negro. Sempre soube da existência do racismo, mas sentir de perto através dele me ensinou que a luta continua de fato. Eu e muitos brasileiros fomos criados por uma cultura extremamente racista”, afirma o ator Rainer Cadete sobre a relação com o filho de 12 anos, fruto de seu relacionamento com a ex-bailarina do Faustão Aline Alves.

“Essa diversidade na vida do Pietro me dá muito orgulho (…) Na infância, ele perguntou sobre a diferença em nossa pele e respondi: ‘Todos nós somos iguais e diferentes’. Pietro não ficará imune a esta luta cruel que é o preconceito racial. Desejo, do fundo do meu coração, que meu filho cresça em um país mais igual e digno”, pontua.

“Eu não me acho um pai especial, tampouco quero biscoito por simplesmente fazer o mínimo”, diz o empresário Facundo Guerra, pai de Pina, 7 anos. “A mãe dela (a makeup artist, Vanessa Rozan) me inspirou a ser o pai que sou hoje. Comecei de um jeito muito tosco e ela me mostrou outro caminho (…) Me orgulho de uma relação mais horizontal e nivelada do que uma relação de respeito por autoridade. Quero que minha filha me admire, não que me tema”. O ator e apresentador Cássio Reis orgulha-se do doce coração do filho Noah, 12 anos, de sua união com Danielle Winits. “Nos pequenos gestos, nos pedidos para que eu ore pra ele antes de dormir, no primeiro abraço do dia, no olhar sapeca ao fazer bagunça, nas gargalhadas que compartilhamos”, resume.

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Da Redação, com Assessorias

 

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