Hoje, 11 de outubro, é celebrado o Dia Nacional de Prevenção da Obesidade. Dados do Ministério da Saúde, deste ano, mostram que 18,9% dos brasileiros com mais de 18 anos e que vivem nas capitais, são obesos. O número é 60,2% maior que o índice registrado em 2006, quando a pesquisa foi realizada pela primeira vez.

O excesso de peso já é um problema mundial também entre as crianças. Em 2017, o Ministério da Saúde identificou 328 mil crianças obesas com idades entre zero e cinco anos, o que representa 7,1% da população infantil.

obesidade infantil vem crescendo de forma muito rápida. Segundo pesquisas, em torno de 7% das crianças abaixo de 5 anos estão acima do peso, e isso pode ter diversas causas e efeitos no organismo”, alerta o nutricionista do Hapvida Saúde, Igor Oliveira.

Como se trata de um problema que pode ser prevenido com alimentação adequada e prática de exercícios físicos, a adoção desse padrão de vida deve iniciar-se desde o nascimento. Ou melhor: desde antes da gestação!!!

A endocrinologista Patrícia Peixoto, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), explica que o período da gestação e primeiros dois anos de vida da criança podem ser críticos em muitos aspectos, pela influência de comportamentos e fatores maternos na saúde futura dos bebês. Ela alerta para risco de saúde da gestante e do bebê e explica que os cuidados devem começar antes mesmo da gestação.

Mesmo antes de engravidar a mulher já deve cuidar de sua saúde, buscando atingir um peso adequado, caso esteja com sobrepeso ou obesidade. Alguns hábitos maternos tendem a aumentar as chances de o bebê se tornar uma criança obesa”, explica a médica, que é membro da Abeso Endocrine Society. 

Fatores de risco na gravidez que levam ao aumento de peso

Patrícia apresenta três fatores de risco na gravidez que levam ao aumento de peso dos crianças já na infância e também na fase adulta: tipo de parto; diabetes gestacional e sobrepeso ao engravidar.
“A via de parto interfere na microbiota intestinal do bebê (grupo de bactérias que mora em nossos intestinos). Os que nascem de parto normal tendem a ter bactérias mais favoráveis, enquanto os nascidos de cesariana apresentam uma microbiota que favorece o aumento de peso corporal. Uma criança nascida de parto cirúrgico tem 15% a mais de chance de se tornar obesa em relação às que nasceram de parto via vaginal”, alerta a endocrinologista.
Uma grande quantidade de gordura ingeridas durante a gestação também pode ser prejudicial.  “Isso pode interferir na formação de uma boa microbiota no intestino do bebê, o que, consequentemente, afeta o sistema imune e o ganho de peso da criança”, destaca Dra Patrícia.
O diabetes gestacional, por conta de fatores alterados no ambiente intrauterino, tende a aumentar em mais de 50% o risco de obesidade quando a criança alcança a fase dos 9 aos 11 anos.
“Mulheres com sobrepeso ao engravidar, assim como as que ganham mais peso do que o indicado durante a gestação também transmitem ao bebê um risco aumentado de diabetes e obesidade. Por outro lado, o ganho de peso abaixo do indicado também é capaz de colocar o bebê em risco futuro de hipertensão arterial e diabetes”, explica Patrícia Peixoto.
A médica alerta que já antes da gestação e durante o pré natal é fundamental que a mulher passe por uma avaliação e acompanhamento endócrinometabolico e nutricional para que se crie um ambiente adequado ao bebê para um desenvolvimento saudável.]

Nutricionista responde dúvidas

Quais são as causas da obesidade infantil?

As causas podem ser várias, como a introdução alimentar mal realizada, falta de educação alimentar e nutricional, oferta demasiada de alimentos industrializados. Fatores hormonais e genéticos também podem prejudicar muito a condição, assim como a falta de atividade física relacionada à muitas horas em televisão, celular e pouca brincadeira, dentre outros. Portanto, a conscientização dos pais e/ou cuidadores com relação à alimentação é de extrema importância, afinal são eles que irão apresentar os alimentos para a criança.

Quais são os grupos de risco?

Não há exatamente um grupo de risco. Com o passar dos anos, o Brasil deixou de possuir a maior parte da população com desnutrição e passou a ter uma população obesa. Independentemente de fazer parte de uma família com maior ou menor poder aquisitivo, crianças que tenham uma alimentação rica em industrializados, alimentos ricos em açúcar, conservantes e aditivos, são os mais afetados pela obesidade.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é feito pela correlação do peso, estatura, índice de massa corporal (IMC) e idade. Dependendo da idade da criança, se seu peso estiver elevado em relação à idade e estatura, temos um possível caso de obesidade.

Tem cura? Qual tratamento?

Existe tratamento, embora bem complexo e com muitas variáveis. Reeducação alimentar e redução de industrializados são o início da parte nutricional do tratamento, que deve envolver outros profissionais da saúde. Para crianças, a prática moderada de atividades físicas pode ser lúdica e em forma de brincadeira.

Quais são suas complicações?

A obesidade, caracterizada pelo excesso de tecido adiposo no corpo, pode causar inúmeras doenças. As complicações são má formação óssea, doenças metabólicas (diabetes e hipertensão), aumento das chances de acidente vascular cerebral (AVC), doenças cardiovasculares e câncer, além de problemas psicológicos e sociais. Uma criança obesa tem mais chances de se tornar um adolescente e adulto com obesidade e apresentar seus riscos associados.

Como prevenir?

A prevenção se dá pela educação alimentar e nutricional de toda a população e o incentivo da prática de atividades físicas. Recentemente, o Brasil aprovou uma lei que inclui a educação nutricional e alimentar no currículo escolar. Este pode ser um passo em direção à redução da obesidade infantil.

Da Redação, com Assessorias

 

Shares:

Posts Relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *