Asmacontrole permanente garante vida normal ao paciente

asma é uma doença inflamatória dos brônquios que não tem cura. No entanto, é possível ter uma vida normal com controle e acompanhamento. Neste contexto, o Dia Nacional de Controle da Asma, 21 de junho, é uma data para conscientizar a população brasileira sobre a importância de ter a doença monitorada.

Ter a asma controlada significa que o paciente consiga desempenhar suas atividades sem esforço, sem crises e sem necessidade de medicação de resgate, a chamada bombinha”, explica Marice Ashidani, pneumologista do Seconci-SP (Serviço Social da Construção).

A necessidade do uso da “bombinha” segue a demanda do paciente e a periodicidade de uso é um indicativo da qualidade do controle da doença. “Não basta tomar a medicação, é necessário fazer uma reavaliação periódica. Mesmo que a pessoa não tenha sintomas, deve retornar ao médico ao menos uma vez por ano”, orienta.

asma é uma doença crônica das mais comuns. Os sintomas são falta de ar ou dificuldade para respirar, chiado ou aperto no peito, e tosse. O diagnóstico da doença precisa ser confirmado por um médico.

Diagnóstico e controle

De acordo com a pneumologista, é muito importante consultar o médico para a realização de um diagnóstico correto, feito por raio X ou espirometria (exame que mede a quantidade de fluxo de ar que entra e sai dos pulmões) e iniciar o tratamento corretamente.

A doença não tem cura, mas pode ser controlada. “Usamos duas abordagens nos casos de crises: uma é a medicina de resgate e alívio, com uso da bombinha, e a outra é o tratamento de prevenção, com o uso, por exemplo, de corticoides inalados. Quando a doença está controlada, o paciente quase não apresenta sintomas.”

Ashidani enfatiza que, para evitar o desencadeamento de novas crises, são muito importantes os cuidados com a higiene ambiental, evitando poeira, mofo, pelos de animais, prevenir o tabagismo e também cuidar da saúde mental.

Às vezes a asma aparece na vida adulta e há quem entre em remissão. Por isso, é de extrema importância que o asmático tenha conhecimento da doença e saiba manusear os dispositivos de tratamento, tirando os fatores de risco do ambiente, além de seguir corretamente a parte medicamentosa. Dessa forma, ele conseguirá manter a patologia sob controle e ter um maior bem-estar no dia a dia”, finaliza.

O Ministério da Saúde define a asma pela inflamação dos brônquios, o que provoca sintomas como dificuldade para respirar, chiado no peito, aperto e respiração acelerada. Esses sintomas costumam piorar durante a noite, nas primeiras horas da manhã e diante de fatores como exercícios físicos, exposição a alérgenos, poluição e variações climáticas.

As crises de asma não são provocadas apenas por fatores óbvios como poeira ou exercícios – muitas vezes, elementos menos conhecidos, como fungos e ácaros, podem levar ao agravamento dos sintomas,” explica Julinha Lazaretti, bióloga e cofundadora da Alergoshop, que desenvolve produtos hipoalergênicos.

Segundo a profissional, compreender esses gatilhos é essencial para quem convive com a doença, pois evita crises severas. Ela reforça que, embora a asma não tenha cura, seu controle é totalmente possível por meio de tratamentos adequados e mudanças no estilo de vida. Com acompanhamento médico, exames específicos como a espirometria, e cuidados ambientais, o paciente pode viver normalmente, evitando crises e complicações.

Quais são as causas?

asma pode ser desencadeada por diversos fatores que atuam isoladamente ou em conjunto. Em primeiro lugar, aspectos ambientais são os mais comuns, como a exposição à poeira, que contém ácaros, fungos e  fezes de baratas, que aumentam a inflamação dos brônquios e provocam sintomas.

Em paralelo, mudanças climáticas e infecções virais, especialmente aquelas causadas por vírus respiratórios como o sincicial e o rinovírus, também podem agravar o quadro asmático. Por fim, fatores genéticos, como histórico familiar de asma ou rinite, e condições como a obesidade, aumentam a predisposição para crises, pois o excesso de peso contribui para processos inflamatórios que dificultam a respiração.

Gatilhos pouco conhecidos

Embora muitos gatilhos da asma sejam amplamente conhecidos, alguns são menos evidentes, mas igualmente importantes para o controle da doença. Por exemplo, fungos que proliferam em ambientes úmidos e mal ventilados, comuns no fim do verão e outono, podem agravar a inflamação das vias respiratórias.

Outro caso, mais comum no Sul do Brasil, são os pólens de flores, gramas e árvores, que circulam pelo ar especialmente na primavera, são fatores relevantes que exigem atenção redobrada.

asma tem cura?

asma é uma doença crônica que não possui cura definitiva. Contudo, é importante destacar que o controle adequado da doença é totalmente possível por meio de tratamentos específicos e mudanças no estilo de vida.

Segundo Lazaretti, com o manejo correto e o uso de medicações apropriadas, o asmático pode levar uma vida normal, com qualidade e sem limitações. “O monitoramento médico contínuo, o uso de medicamentos preventivos e a adoção de cuidados ambientais são fundamentais para minimizar crises e evitar complicações”, completa.

Como evitar crises?

Para prevenir crises de asma, é fundamental adotar medidas que reduzam a exposição aos principais gatilhos ambientais. Manter a limpeza do ambiente regularmente, utilizando produtos suaves e evitando químicos agressivos, contribui diretamente para o controle da poeira e do mofo, principais agentes irritantes das vias respiratórias.

O uso de acaricidas é outra estratégia válida para eliminar e controlar a proliferação de ácaros, fungos e bactérias no ambiente. Esse produto, não tóxico, pode ser aplicado em diversos tecidos e superfícies, como tapetes, cortinas, roupas e estofados, impedindo a reinfestação e reduzindo significativamente a presença desses micro-organismos que desencadeiam crises.

O uso de capas antiácaro em colchões e travesseiros é fundamental no controle da asma e rinite, segundo o Consenso Mundial de Tratamento dessas doenças. Isso porque colchões e travesseiros são os principais focos de ácaros — pequenos organismos que se alimentam da pele que perdemos enquanto dormimos. Sem proteção, essas partículas ficam no ar e são inaladas durante o sono, desencadeando crises alérgicas. As capas funcionam como uma barreira, reduzindo o contato com os alérgenos.

Para completar, evitar o contato com fumaça de cigarro, garantir boa ventilação e controlar a umidade da casa são práticas fundamentais para manter o ambiente saudável.

Palavra de Especialista

Asma: respirar não deveria ser um privilégio

*Vaniele Pailczuk

Respirar, algo tão básico e vital, ainda é um desafio diário para milhões de pessoas. A asma, doença inflamatória crônica das vias aéreas, atinge cerca de 20 milhões de brasileiros, sendo uma das principais causas de internações e absenteísmo escolar e profissional no país. Apesar disso, ainda é amplamente negligenciada.

asma não tem cura, mas pode e deve ser controlada. No entanto, o que vemos é um cenário em que o diagnóstico é tardio, o tratamento é irregular e o acesso a medicamentos é desigual. Muitos pacientes só buscam ajuda durante as crises, quando já estão em sofrimento agudo, o que poderia ser evitado com acompanhamento adequado. Isso se torna ainda mais grave entre crianças, idosos e populações em situação de vulnerabilidade, que têm mais dificuldade em acessar serviços de saúde e compreender os cuidados de longo prazo.  

A desinformação é outro fator que agrava o problema. Ainda há quem acredite que a asma é “coisa de criança” ou que o uso contínuo de medicamentos inalatórios vicia. Esses mitos atrasam o início do tratamento e colocam vidas em risco. O uso correto da medicação de controle, orientado por profissionais, é a chave para garantir qualidade de vida e prevenir crises graves e internações.

O SUS oferece medicação gratuita para o controle da asma por meio do Programa Farmácia Popular, mas de pouco adianta oferecer remédios sem políticas públicas que garantam educação em saúde, capacitação de profissionais e acompanhamento contínuo dos pacientes. O cuidado com a asma precisa ser descentralizado, com ações que cheguem à atenção básica e que dialoguem com escolas, famílias e comunidades. 

Mais do que um problema de saúde, a asma é uma questão de justiça social. Respirar não deveria ser um privilégio de quem tem acesso fácil a um pneumologista, a um inalador ou a um ambiente com ar limpo. A asma nos desafia a pensar políticas públicas sustentáveis, sistemas de saúde acessíveis e uma sociedade mais empática com quem vive com condições crônicas.

Nesta data, precisamos reforçar o compromisso com o controle da asma. Isso significa investir em prevenção, ampliar o acesso ao diagnóstico precoce, combater os estigmas e, principalmente, ouvir os pacientes. Porque garantir a quem tem asma o direito de respirar com tranquilidade é, também, garantir o direito à vida com dignidade.    

*Vaniele Pailczuk é enfermeira, especialista em UTI/ Urgência e Emergência, professora e tutora de cursos de pós-graduação na área da saúde no Centro Universitário Internacional Uninter.

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