volpe

“Em menos de uma semana toda a cidade [Santos, onde reside até hoje] sabia que o Betinho do Itararé, ou o filho do Geraldo e Aída era um ‘aidético’. CREDO!!! Que palavra ridícula! Como é agressiva e como diminui a pessoa, valorizando o mal que ela carrega. Mas, ao mesmo tempo, virei uma espécie de ícone fashion no meu pedaço. Eu era exibido às escondidas como em um zoológico humano de Star Treck: – Eu tenho um amigo aidético, você quer conhecer? Ele é tão legal… Coitado”. 

O relato é de Beto Volpe, homossexual contaminado no auge da Aids no Brasil, na década de 80, quando a doença ainda era vista como sinônimo de morte. Hoje, aos 55 anos, Beto soma inúmeras visitas ao médico, teve morte óssea em ambas as pernas, dois cânceres, três acidentes cerebrais, entre outros problemas, todos descritos de maneira detalhada, entre uma ou outra casualidade pelo qual passava, o que garante a leveza da leitura.

Na autobiografia em “Morte e Vida Posithiva”, lançada pela Editora Realejo no Rio de Janeiro esta semana, os episódios, como as aventuras na adolescência, a descoberta da doença, a situação de contar à família, a relação com as drogas e amigos, entre outros, são contados com os mais diversos sentimentos – como paixão, decepção, dor, tesão, felicidade etc -, e irreverência.

Há 27 anos convivendo com o HIV, Beto é um personagem interessante do universo GLS e um dos principais nomes que apoiam psicologicamente portadores da doença, pois fundou a ONG Hipupiara Integração e Vida, em Santos (SP). O intuito dele com o livro é demonstrar que é possível viver com a doença, mesmo diante das fragilidades que o HIV causa.

Em linguagem bem humorada e num discurso intenso, carregado de sentimentos, o livro conta como foram esses anos e a luta pela sobrevivência; bem como as mudanças de perspectiva que a doença passou dos anos 80 até aqui.  Beto Volpe mostra as passagens mais marcantes de sua vida e descreve o dia a dia de um portador da doença.

A publicação busca demonstrar que é possível viver com AIDS, mesmo com todas as dificuldades, propagar a esperança e levar mais informação sobre o assunto.  Fala ainda sobre a criação da ONG Grupo Hipupiara Integração e Vida – Grupo HIV, que apoia portadores da doença, oferece assistência jurídica gratuita, distribui cestas básicas, entre outras ações. 

A ideia de fazer o livro surgiu em 2002, inspirada em outro, o “Histórias de Coragem”, da Editora Madras, que reúne quatorze textos autobiográficos sobre superação da AIDS e, entre eles, o texto de Beto. Contudo, devido à carga de trabalho da ONG e os problemas de saúde, deu um tempo e retomou em 2013, finalizando neste ano. 

Fonte: Editora Realejo, com redação

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