Atualmente, 12 mil suicídios são registrados no Brasil e mais de um milhão no mundo. A Associação Brasileira de Psiquiatria já destacou que 96,8% dos casos no país estão relacionados a transtornos mentais. E nesta segunda-feira (9), a Organização Mundial de Saúde divulgou que uma pessoa morre a cada 40 segundos por suicídio. A OMS estima que nove em cada dez casos poderiam ser prevenidos.

Os dados assustam, mas fundamentam a relevância da campanha Setembro Amarelo, que surgiu para alertar a população sobre a importância de se falar sobre o assunto; e do Dia Mundial de Combate ao Suicídio, comemorado dia 10 de setembro. O suicídio, devido às altas taxas, tem sido um mal silencioso por conta do tabu que ainda gira em torno do assunto, sendo considerado um problema de saúde pública.

As pessoas fogem do assunto e, por medo ou por desconhecimento, não conseguem reconhecer sinais de que uma pessoa próxima está com ideias ou comportamento suicida. portanto é de extrema importância que haja informações sobre a gravidade e alta recorrência do problema, assim como dicas de como buscar ajuda.

Para o psiquiatra Higor Caldato, especialista em psicoterapias e transtornos alimentares pela UFRJ e médico psiquiatra da Clínica Nutrindo Ideais, a não banalização do sofrimento do outro pode ajudar muitas pessoas. “Não se pode diminuir a dor do outro, afinal, o sofrimento não tem medida. É importante ser compreensivo e colocar-se no lugar dele, orientando e auxiliando na busca por ajuda profissional, se for necessário”, explica Caldato.

O suicídio é um problema de saúde pública que não pode ser ignorado. As estatísticas, tanto no Brasil quanto em outros países, têm aumentado exponencialmente. É importante saber que o trabalho de prevenção do suicídio nunca é solitário, envolve uma parceria com a família e os diversos profissionais (médico, psiquiatra, psicólogo, fisioterapeuta, etc), para que se possa estabelecer um plano de segurança. Além disso, pode-se recorrer ao Centro de Valorização à Vida, através de ligação para o número 188.

Maioria pede socorro antes de atentar contra a própria vida

suicídio é o ato de retirar a própria vida,, porém, pode ser evitado se identificarmos os sinais. “A maioria dos suicidas pede ajuda antes, ou seja, é mito que a pessoa que quer se matar, não pede socorro. O suicida não quer morrer, quer aliviar seu sofrimento. O que faz com que alguém cometa suicídio intencionalmente, em geral, é uma dor emocional muito forte, onde a pessoa tem a impressão de que não há o que fazer ou como melhorar, senão cometendo o ato”, explicaMarcel Padula Lamas, psiquiatra do centro médico Consulta Aqui.

Há divergências na área científica sobre o suicida, alguns autores consideram suicídio apenas se cometido de forma intencional,  exemplo: o indivíduo que toma veneno ou se enforca), outros, são mais abrangentes, e englobam também, pessoas que têm comportamentos suicidas, como o diabético que come açúcar, o hipertenso que exagera no sal, até mesmo, o que ingere grandes quantidades de bebida alcoólica e depois dirige.

Existem também, doenças mentais que aumentam a chance do paciente cometer suicídio, como depressão unipolar ou bipolar, que está associada a 40% dos casos, seguido de etilismo (25%), esquizofrenia (10%) e delirium (5%). Sinais como os famosos “D”s: dor psíquica, depressão, desespero, desesperança, desamparo, dependência química e delirium devem ser notados com cautela, além da presença de fatores precipitantes e/ou predisponentes.

Os fatores precipitantes são agudos, geralmente passageiros na vida de alguém, e levam o indivíduo a tentar o suicídio, por exemplo, alta recente de hospitalização psiquiátrica, modificação de situação econômica e financeira, casos de baixa autoestima e graves preocupações.

Já, os predisponentes são crônicos e, em geral não podem ser mudados. Exemplos: Sexo masculino (cometem 4 vezes mais suicídio), feminino (3 vezes mais tentativas), idade (mais jovens tentam mais o ato, idosos conseguem o maior número), histórico familiar, tentativas prévias, presença de doenças físicas ou mentais.

“O principal é observar os fatores de risco na pessoa, acolhê-la, mostrar o quanto ela é importante, perguntar como está se sentindo e se mostrar disposto a ajudarMesmo que o paciente tenha fatores de risco importantes, mas não estiver com ideação suicida, o acompanhamento pode ser ambulatorial. Mas no momento em que a pessoa está com ideação suicida, é extremamente doloroso, portanto, não julgue e não arrisque! Leve-o à um psiquiatra urgentemente e não o deixe sozinho. Buscar essa ajuda o quanto antes, é essencial”, finaliza

Fatores de risco para o suicídio

  • – Comportamento retraído ou dificuldade para se relacionar com parentes e amigos;
  • – Alcoolismo;
  • – Ansiedade, pânico;
  • – Mudança na personalidade, irritabilidade, agressividade;
  • – Pessimismo, depressão;
  • – Mudança no hábito alimentar ou no padrão de sono;
  • – Sentimento de culpa, de se sentir sem valor;
  • – Perda recente importante (separação, divórcio, morte);
  • – Sentimentos de solidão, desesperança;
  • – Doença crônica limitante ou dolorosa.

Da Redação, com Assessorias

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