Por ano, quase 800 mil pessoas em todo o mundo cometem suicídio, o que representa uma morte a cada 40 segundos. A decisão de tirar a própria vida é tomada, infelizmente, cada vez mais cedo. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS)suicídio é a terceira causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos e a sétima causa de morte de crianças entre dez e 14 anos de idade.

Um estudo recente, realizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e publicado na Revista Brasileira de Psiquiatria, revelou que o Brasil está na contramão do resto do mundo quando o assunto é suicídio. Conforme o levantamento de 2006 a 2015 houve um aumento de 24% nos casos de suicídio entre jovens brasileiros, dos 10 aos 19 anos. Em contrapartida, o crescimento foi de apenas 17% ao redor do mundo.

Foi justamente por conta de um jovem que foi criada a campanha mundial de prevenção ao suicídio em setembro, mês que marca a conscientização para que as pessoas matem a dor, não a vida. Amarelo foi a cor escolhida porque, em 1994, um jovem americano, de apenas 17 anos, se matou dirigindo seu carro amarelo. Familiares e amigos distribuíram no enterro dele cartões e mensagens em papel amarelo alertando para que outras famílias não passassem a mesma dor.

A OMS também afirma quesuicídio tem prevenção em 90% dos casos, indicando que a prevenção é fundamental para reverter essa situação. Depressão nem sempre é a causa principal. Violência sexual, abusos, violência doméstica e bullying também são fatores que desencadeiam esse fenômeno. Tudo isso está preocupando pais e educadores. Tanto que várias instituições de ensino já têm alertado para o problema.

Maioria se mata por enforcamento em Macaé (RJ)

Em Macaé (RJ), numa parceria entre a prefeitura e a UFRJ, quebrou o tabu com relação ao tema e mostrou que falar sobre o assunto é o melhor remédio. , mês que marca a conscientização para que as pessoas matem a dor, não a vida. O 1º Fórum Intersetorial sobre Valorização da Vida e Prevenção ao Suicídio no Contexto Escolar, realizado, nesta quarta-feira (11), contou com palestras e um grupo de teatro falando sobre o Setembro Amarelo.

Aline Vilhena Lisboa, professora do curso de Medicina da UFRJ, abriu o encontro mostrando a importância de as pessoas falarem sobre o suicídio e as suas possíveis causas com os parentes, amigos e vizinhos. Ela apresentou as estatísticas dos casos registrados em Macaé, no Brasil e no mundo. A análise quantitativa dos casos notificados em Macaé mostra que foram 98 suicídios registrados desde 2006 até agora, sendo a taxa de prevalência de pessoas entre 20 e 49 anos de idade e o principal tipo de morte é por enforcamento em 68% dos casos.

A palestrante mostrou, ainda, que se trata de uma combinação de fatores biológicos, emocionais, socioculturais, filosóficos e até religiosos, podendo ser os chamados “gatilhos” a perda do emprego, fracasso amoroso, morte de um ente querido, falência financeira, mudança geográfica, entre outros. Segundo ela, é importante que as pessoas fiquem atentas a qualquer sinal ou pedido de ajuda de quem está perto e, principalmente, os pais e/ou responsáveis devem observar o tempo todo o comportamento dos filhos.

Em seguida, Leila Brito Bergold, professora do curso de Enfermagem e Obstetrícia, também da UFRJ-Macaé, alertou: “É importante falarmos sobre o assunto, sim, e utilizarmos técnicas de acolhimento para as pessoas que precisam, às vezes, somente serem ouvidas”. Ela abordou “Estratégias acolhedoras para a prevenção do suicídio e promoção da saúde mental no ambiente escolar”, tema do Fórum.

Sensibilizado com a problemática desses alunos da rede pública municipal, o secretário de Educação, Guto Garcia, disse que os professores da rede fazem palestras constantes e orientam os pais e/ou responsáveis da importância de observarem seus filhos, principalmente, com relação ao tempo que passam na Internet e a qualquer forma diferente de seus comportamentos. “Os que buscam ajuda na escola sempre são bem acolhidos. A preocupação e a responsabilidade são de todos nós”, destacou o secretário.

O diretor do Colégio Maria Isabel, Roberto Valcácio, disse que o papel da escola tem ido além do ensino e aprendizagem. “Temos hoje a missão de acolher os alunos e, de alguma forma, temos conseguido amenizar algumas dores. Mas há casos extremos e são muitos”, alertou. O Maria Isabel tem atualmente 777 alunos. Luiziane acrescentou que o problema fica ainda mais grave porque alguns pais e/ou responsáveis não conseguem enxergar o problema dos filhos e porque existe a facilidade da Internet, outro agravante, com vídeos e materiais diversos ensinando técnicas de mutilação e até de suicídio.

universidade chama para conversa EM SÃO PAULO

Atenta a essa realidade, Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), do campus Higienópolis, por meio do PROATO, Programa de Atenção e Orientação ao Aluno, da Capelania Mackenzie e do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS), realiza uma série de atividades para conscientizar às pessoas sobre a depressão e à importância da detecção precoce da condição.

Uma dessas ações é a “Chame para uma conversa”, organizada pela Capelania, com o intuito de incentivar o diálogo como uma forma de prevenção às doenças psicológicas e ao suicídio. O atendimento para conversas sobre o assunto é feito pelo PROATO no mezanino do prédio João Calvino. Já os casos de emergência são enviados para o Serviço Médico.Além disso, durante essa última semana de setembro, acontecem palestras relacionadas ao tema, direcionadas a profissionais da saúde, pais e cuidadores:

Bullying – Como identificar para prevenir suas consequências? – Para falar sobre o bullying e suas consequências, no dia 27 de setembro, o 4° Congresso Internacional Sabará de Saúde Infantil, organizado pela Fundação José Luiz Egydio Setúbal e sediado pelo Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, da UPM, promove evento com o tema “A Criança no Século XXI”.

Gisela Oliveira de Mattos, psiquiatra, psicodramatista com especialização em violência doméstica contra criança e adolescentes, apresentará a palestra na qual tratará do delicado tema e seus desdobramentos, oferecendo medidas de atenção e prevenção. Para participar, basta acessar este link e realizar sua inscrição.

Suicídio: epidemia silenciosa – No dia 28,  às 16h30, a palestra fica por conta do chanceler Davi Charles Gomes, que abordará o tema “Suicídio: epidemia silenciosa”, o evento acontece no auditório do Centro Histórico do campus Higienópolis, prédio 1, no Encontro para Professores Cristãos.

PALESTRAS EM ESCOLA DO RIO

Tratar dos transtornos mentais é também um assunto abordado nas salas de aula com muita frequência. O Colégio Ao Cubo vai fazer três sessões de palestras, em parceria com o Centro de Valorização à Vida (CVV).

Os encontros vão acontecer entre os dias 24 e 26 de setembro, às 14h30, nas unidades Tijuca, Barra e Recreio, respectivamente. As palestras são gratuitas e para participar basta se inscrever na secretaria em uma das unidades.

Os endereços das unidades do colégio Ao Cubo são Rua Professor Gabizo 334, TIjuca; Avenida Ministro Ivan Lins, 650, Barra da Tijuca; Rua Coronel João Olintho 460, Recreio.

Para conhecer mais sobre a campanha do Setembro Amarelo, acesse a publicação do Ministério da Saúde: Prevenção do suicídio: sinais para saber e agir.

Da Redação, com Assessorias

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