Foi mapeada no Brasil a enzima metalobetalactamase New Delhi (NDM-1), ligada a superbactérias que provocaram surtos de infecção hospitalar na Índia, Paquistão, Inglaterra, Estados Unidos e Japão, entre outros países.

Um estudo financiado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças Americano (Center for Disease Control and Prevention – CDC), do qual também participaram pesquisadores brasileiros, entre os anos de 2015 e 2022 houve um aumento de seis vezes na taxa de detecção das enterobactérias em hospitais brasileiros.

Segundo Sérgio Zanetta, o professor de Saúde Pública e de Epidemiologia, do Centro Universitário São Camilo, com a quantificação do gene responsável pelo surgimento das bactérias multiresistentes é possível ampliar pesquisas para um combate mais efetivo às infecções.

“Isso é uma grave urgência de saúde pública e, apesar de a Anvisa ter protocolos sobre isso, é preciso que os profissionais da área da Saúde fiquem atentos ao controle da infecção no ambiente hospitalar”, afirmou o professor Zanetta.

Segundo o estudo, a  hipótese mais provável para o aumento da superbactéria é a superlotação de hospitais, a  falta de preparo dos profissionais da saúde e o uso descontrolado de antibióticos.

Como evitar infecções hospitalares

Superbactérias podem causar uma nova pandemia?

Bactérias que se tornam mais resistentes pelo uso incorreto de antibióticos: isso pode assustar, mas é a dura realidade nos sistemas de saúde em todo o mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2020, as superbactérias foram responsáveis por cerca de 700 mil mortes por ano e, até 2025, podem matar mais que o câncer.

O professor Marcelo Andreetta Corral, coordenador acadêmico de Biomedicina do Centro Universitário Facens, explica que as superbactérias são cepas de bactérias, vírus, fungos e parasitas que se tornaram resistentes aos antibióticos conhecidos e outras medicações usadas para tratar as infecções que eles causam.

“Esses microrganismos tentam sobreviver nas condições externas para mudar e se reproduzir. O uso excessivo e indevido dessas substâncias faz com que eles produzam mutações na tentativa de sobreviver”, comenta o especialista.

Segundo Corral, “esses fármacos, consumidos em quase todo o mundo, são lançados no meio ambiente, criando uma condição propícia para as bactérias se multiplicarem, uma vez que adaptadas às novas condições”.

Há chances de uma nova pandemia?

O relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) chama a atenção para a possibilidade de novas pandemias decorrentes das superbactérias. O estudo revela que, em 2015, foram consumidos 34,8 bilhões de antibióticos por dia em escala mundial.

Os dados mostram, ainda, que 80% da água mundial não recebe tratamento adequado e as instalações não são capazes de filtrar bactérias perigosas. Esses fatores deixam o alerta para outro possível problema: como as pessoas viveriam em um mundo no qual os antibióticos não teriam mais eficácia?

“Simples infecções seriam letais, haveria alto risco pós-cirúrgico e os tratamentos para doenças como pneumonia, tuberculose e salmonelose não teriam mais efeito. Na verdade, já estamos ficando sem tratamentos eficazes”, explica o coordenador acadêmico de Biomedicina da Facens.

Como se proteger e ajudar no controle das superbactérias?

Mesmo com medicamentos modernos e outros em desenvolvimento, a realidade pode ser alarmante. Por isso, Corral, orienta sobre alguns hábitos que podem ajudar a proteger ou, até mesmo, controlar a disseminação das superbactérias:

  • Realizar determinado tratamento no prazo indicado pelo médico, ainda que os sintomas desapareçam;
  • Não usar medicamentos que restaram de outros tratamentos;
  • Não compartilhar medicamentos;
  • Usar antibióticos apenas sob prescrição médica;
  • Manter os ciclos de vacinação em dia;
  • Evitar o contato direto com pessoas doentes;
  • Higienizar as mãos com frequência;
  • Manusear alimentos de forma adequada.

Com Assessorias

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