Consultas médicas, exames de rotina e hábitos preventivos de muitas doenças parecem não fazer parte do cotidiano da maioria dos homens, pelo menos no imaginário popular.

“Muitos homens realmente não têm o costume de frequentar preventivamente o consultório médico, diferentemente das mulheres, que desde a puberdade vão ao ginecologista com regularidade, criando um hábito”, explica o urologista Marcelo Wroclawski, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia São Paulo (SBU-SP).

Entretanto, é importante salientar que as visitas ao médico e a rotina de exames valem para prevenir qualquer doença, não só o câncer de próstata, a doença mais temida pelos homens que procuram o consultório.

“Costumo dizer para os pacientes que alguns hábitos que fazem bem para o coração também evitam vários tipos de câncer. Sabemos que obesidade e dieta hipercalórica, principalmente rica em gordura animal, aumentam o risco do aparecimento de tumores. Então, além da regularidade nas consultas, dietas ricas em vegetais, frutas e legumes podem ser muito benéficas”, diz.

‘Homens ainda têm preconceito de fazer o exame de toque retal’

Quando se fala de algumas doenças específicas, como o rastreamento do câncer de próstata, por exemplo, a questão é ainda mais delicada.

“Ainda nos deparamos com muitos homens que são acometidos por câncer de próstata pelo fato de terem preconceito de fazer o exame de toque retal”, diz Marlene Oliveira, presidente do Instituto Lado a Lado pela Vida.

Para ajudar a modificar esta mentalidade, desde 1992 se comemora em 15 de julho , data criada com objetivo de alertar a população masculina sobre os cuidados com a saúde. Outra iniciativa importante é a campanha Novembro Azul, especificamente para conscientização e prevenção ao câncer de próstata.

Para Wroclawski, as campanhas de conscientização, aos poucos, estão mudando esse cenário.

“Infelizmente ainda existe muito tabu e muita desinformação. No entanto, apesar de estarmos longe do ideal, acredito que as ações educativas estão desmistificando um pouco esse assunto e engajado mais o público masculino”, pondera.

Quanto mais cedo diagnosticar, mais chances de cura

O médico esclarece que essa mudança de comportamento é importante porque quanto mais cedo o câncer de próstata for diagnosticado, maiores são as chances de um tratamento bem-sucedido.

“A sobrevida dos homens que descobrem o câncer de próstata precocemente, ou seja, a doença ainda localizada, em estágios mais iniciais, é maior que 99%”, destaca.

Mas o especialista ressalta que esse quadro só é possível quando há visitas anuais ao urologista. “A Sociedade Brasileira de Urologia recomenda essa frequência para que o paciente mantenha os exames, que auxiliam no diagnóstico, em dia.”

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Câncer de próstata: rastreio deve começar entre 45 e 50 anos

Felizmente, a maioria das pessoas que faz acompanhamento regular consegue rastrear a doença ainda no início e, consequentemente, com o tratamento adequado, pode caminhar para a cura.

Atualmente, as diretrizes da Sociedade Americana de Urologia, que acabaram de ser atualizadas, preconizam que os homens devem começar o rastreamento entre os 45 e 50 anos. Já aqueles indivíduos com maior risco, como histórico familiar de câncer de próstata, negros ou homens com mutações germinativa, devem antecipar o início em cinco anos (entre 40 e 45 anos).

“Uma informação importante para ajudar a conscientizar os homens a perderem o receio de ir ao urologista é que hoje em dia, com o avanço tecnológico e as novas terapias, grande parte dos pacientes não têm problemas com incontinência urinária ou impotência sexual após o tratamento”, afirma Wroclawski.

Tratamento inclui novos medicamentos orais

Entender o estágio do tumor é importante para que o médico defina o melhor tratamento. No caso da doença localizada (que só atingiu a próstata e não se espalhou para outros órgãos), cirurgia, radioterapia e até mesmo observação vigilante (em algumas situações especiais) podem ser oferecidos.

Quando o tumor é localmente avançado, radioterapia ou cirurgia em combinação com tratamento hormonal têm sido utilizados. Já para a fase metastática (quando a malignidade já se espalhou para outras partes do corpo), o tratamento mais indicado é a terapia hormonal.

Vale lembrar que esse ano a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) incluiu novos medicamentos orais para o tratamento da doença no rol de cobertura dos planos de saúde, aumentando a gama de opções terapêuticas disponíveis para os usuários da saúde suplementar.

Mais sobre o câncer de próstata

A próstata é uma glândula que só o homem possui, que se localiza na parte baixa do abdômen e envolve a porção inicial da uretra, tubo pelo qual a urina armazenada na bexiga é eliminada. Essa glãndula é responsável por produzir parte do sêmen, líquido espesso que contém os espermatozoides, liberado durante o ato sexual.

De acordo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), para cada ano do triênio 2023-2025, serão diagnosticados 72 mil novos casos de câncer de próstata no Brasil. É o câncer mais incidente entre os homens, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Homens com mais de 55 anos, com excesso de peso e obesidade, estão mais propensos à doença. No entanto, cerca de 75% dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos.

O câncer de próstata é silencioso e assintomático na maioria das vezes. Muitos pacientes, quando apresentam sintomas, têm sinais como dificuldade de urinar, necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite. Na fase avançada, a doença pode provocar dor óssea, sintomas urinários ou, quando mais grave, infecção generalizada ou insuficiência renal.

Com Assessorias SBU-SP e Instituto Lado a Lado pela Vida

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