A Leucemia Mieloide Aguda (LMA) -0 um tipo de câncer no sangue que tem evolução rápida e agressiva – se tornou foco das atenções no Brasil, chegando a ficar em terceiro lugar no ranking do Google das palavras em alta, depois que a influenciadora Fabiana Justus, de 37 anos, revelou ter sido diagnosticada com a doença. O anúncio da influenciadora veio no fim de janeiro, às vésperas do Fevereiro Laranja, a campanha de conscientização sobre as leucemias.
Nesta terça-feira (20), ela contou aos seus seguidores nas redes sociais que, após uma semana difícil, conseguiu sair da cama. E celebrou o que chamou de “pequena vitória” em meio ao tratamento oncológico contra a leucemia que completa o primeiro mês esta semana.
“Só de estar fora da cama após uma semana punk, já estou comemorando! Lembrando que a melhor maneira de ir vencendo as batalhas é: comemorar as pequenas vitórias!”, relatou a filha do apresentador e empresário Roberto Justus por meio de um story no Instagram.
Internada após sentir dores na coluna e febre, Fabiana revelou o diagnóstico no dia 25 de janeiro. Ela deverá ficar internada no hospital durante um mês para a primeira fase do tratamento com quimioterapia. A influencer tem utilizado as redes sociais para compartilhar a rotina no hospital.
No início de fevereiro, ela falou sobre a decisão de raspar os cabelos que estavam caindo por conta da quimioterapia e se mostrou otimista com o tratamento para combater a doença. “É um processo que faz parte da minha cura. Vão-se os fios de cabelo e junto com eles qualquer coisa de ruim. Que fiquem apenas coisas maravilhosas. Assim que tentei encarar”, declarou na ocasião.
No domingo (25), Fabiana usou o Instagram para celebrar sua alta médica. A influenciadora ficou internada por 34 dias no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, onde passou por um protocolo intenso de quimioterapia. Ainda não se sabe se ela precisará de transplante. Em seu anúncio de alta, a influencer revelou que esse é o primeiro intervalo entre os ciclos de quimioterapia, ‘para dar muita força para continuar o tratamento’.
Conheça outras mulheres que enfrentam a doença
‘O nome da doença assusta. E não tinha casos na família’, diz paciente
Fátima de Almeida Ricardo, de 69 anos, sabe bem o que é o drama de Fabiana. Ela descobriu a mesma leucemia da influencerc depois de relatar ao geriatra que sentia algumas dores pelo corpo em função de uma caminhada. Além das dores, Fátima sentia um cansaço profundo e começou a estranhar o próprio comportamento. “Eu sempre me cuidei, fiz os exames de rotina após os 40 anos e comecei a achar tudo muito estranho”.
Ela então repetiu os exames que havia feito quatro meses antes e percebeu que estavam alterados. No novo hemograma, para a surpresa dela, veio o diagnóstico de Leucemia Mieloide Aguda (LMA), um dos quatro tipos mais graves de leucemia.
“Foi terrível! O nome da doença assusta e você não espera por isso, principalmente porque não tem casos na família”, conta Fátima, que comemora os resultados do tratamento que vem fazendo desde novembro de 2022.
Assim que ficou sabendo da doença, procurou um hematologista e deu início ao tratamento. Seis meses depois, a doença já havia regredido bastante. Fátima comemora os bons resultados do tratamento e, hoje, se dedica a sensibilizar as pessoas sobre a importância do diagnóstico precoce.
“É fundamental conhecermos o nosso corpo, procurarmos um especialista e darmos início prontamente ao tratamento. Eu digo por mim, porque em 15 dias, já tive resultados positivos”.
A médica hematologista Lorena Bedotti, do Grupo SOnHe, que faz o acompanhamento de Fátima, explica que a leucemia mieloide crônica (LMC) é causada pela fusão dos genes BCR-ABL – o gene ABL está localizado no cromossomo 9 e o gene BCR no cromossomo 22.
“O gene BCR-ABL, também conhecido por cromossomo Philadelphia, é formado durante uma divisão celular dentro da medula óssea devido a uma translocação entre os cromossomos 9 e 22. O gene anormal BCR-ABL estimula as células a produzirem uma proteína anormal chamada “BCR-ABL tirosina quinase”, explica.
Segundo ela, essa proteína manda sinais para as células dizendo para elas crescerem e se dividirem, sinalizando para as células-tronco do sangue produzirem glóbulos brancos que não são saudáveis, que crescem muito rápido e não morrem quando deveriam. “A Fátima está tratando com imatinibe, uma terapia alvo que atua inibindo a tirosino quinase. Ela teve ótima resposta e está no que consideramos uma “cura funcional””, afirma
Paciente mudou seu estilo de vida após o diagnóstico
Os últimos seis anos transformaram a vida da pedagoga Alexandrina Aparecida dos Santo, de 56 anos. Quando descobriu a Leucemia Linfocítica Crônica (LLC), se viu decidida a mudar de vida. “Vamos cuidar, precisamos seguir”.
E ela seguiu! Mudou completamente o estilo de vida. Cortou o açúcar, mudou a alimentação e intensificou a atividade física. Em 2018, quando descobriu a doença, sentia muito cansaço e desânimo, mas logo começou o tratamento e a sensação foi melhorando dia após dia.
Alexandrina não é a única na família a ter a doença. A irmã e uma sobrinha também têm e a mãe dela morreu em janeiro de 2023, vítima da doença. Apesar disso, Alexandrina não desanima e compreende a importância do cuidado diário tanto do corpo quanto da mente: “a gente tem que ter força e seguir”, diz ela.
“A Alexandrina tem leucemia linfocítica crônica (LLC). É uma doença adquirida em que os linfócitos, por conta de um erro genético, passam a se desenvolver de forma descontrolada e param de realizar suas funções. Apesar de ter um acúmulo desses linfócitos B doentes, a produção e maturação das outras células do sangue continuam acontecendo”, explica Lorena Bedotti, que acompanha a paciente.
Segundo ele, a doença progride lentamente na maior parte dos casos e a maioria dos pacientes fica muito tempo só em seguimento clínico sem necessidade de tratamento. Quando a doença se torna sintomática tem indicação de tratar.
“A Alexandrina teve o diagnóstico e tratou alguns anos atrás com uma combinação de quimioterapia com imunoterapia. Ficou alguns anos em remissão e teve nova progressão de doença ano passado iniciando então o tratamento com ibrutinib, também uma terapia alvo em que há a inibição da tirosinoquinase de Bruton. Ela está apresentando boa resposta ao tratamento”, disse a médica.
Veja os quatro tipos mais graves da doença
No Brasil, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a estimativa é diagnosticar 11.540 casos novos de leucemia, sendo 6.250 em homens e 5.290 em mulheres, a cada ano, entre 2023 e 2025. Esse conjunto de tumores hematológicos ocupa a nona posição nos tipos de câncer mais comuns em homens e a 11ª em mulheres.
São pelo menos 12 tipos de leucemia, sendo quatro deles os mais graves. Nessa lista, estão a Leucemia Mielóide Aguda (LMA) – doença enfrentada por Fabiana Justus e também pela aposentada Fátima de Almeida Ricardo, Leucemia Mielóide Crônica (LMC), Leucemia Linfocítica Aguda (LLA) e a Leucemia Linfocítica Crônica (LLC) – esta última, diagnosticada por Alexandrina Aparecida da Silva.
As leucemias classificadas de acordo com a velocidade do avanço da doença e tipo de célula afetada. As leucemias agudas, progridem rapidamente e produzem células que não desempenham suas funções normais, já as crônicas, tem uma progressão mais lenta.
Fevereiro Laranja
Fevereiro recebe o laço laranja com a missão de levar informação para as pessoas sobre esse e tantos outros tipos da doença. A campanha Fevereiro Laranja, instituída no Estado de São Paulo em 2019, é voltada a ações dedicadas ao diagnóstico precoce da leucemia e à conscientização sobre a doação de medula óssea.
Com agências e Grupo SonHe (atualizado em 25/02/24)