Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o câncer colorretal é o terceiro tipo de câncer letal com maior incidência, perdendo apenas para os cânceres de pulmão e de mama. Em nível mundial, são 1,4 milhão de casos novos. Só em 2012 foram quase 700 mil óbitos pela doença.

No Brasil, é o segundo mais incidente entre as mulheres (depois do câncer de mama) e o terceiro mais frequente em homens (ficando atrás dos de próstata e de pulmão). O último dado divulgado sobre número de morte, em 2015, apontava 16.697 vítimas de câncer colorretal.

De acordo com o Inca (Instituto Nacional do Câncer), a estimativa de novos casos, só em 2018, era de 36.360, sendo 17.380 homens e 18.980 mulheres. O Sudeste é a região com maior incidência (previsão de mais de 20 mil para 2018).

Apesar de ser um dos tumores mais letais, especialistas esclarecem que a doença é tratável e frequentemente curável dependendo do estágio em que é descoberta. Para isso, o principal aliado é o diagnóstico precoce.

Segundo Ricardo Antunes, cirurgião oncológico e presidente da SBC, o crescimento da doença em todo o mundo torna especialmente importante a prevenção, que pode levar a uma significativa diminuição na incidência e na mortalidade.

A prevenção do câncer colorretal é estruturada a partir de três grandes pilares: mudança de comportamento e conscientização populacional, rastreamento do câncer e de lesões precursoras, tratamento rápido e acessível a todos”, alerta o oncologista.

No Março Azul-Marinho, mês escolhido para a conscientização sobre o câncer colorretal, também conhecido como câncer de cólon e reto ou câncer do intestino grosso, a Sociedade Brasileira de Cancerologia (SBC) faz um alerta para a prevenção da doença, que vem crescendo no Brasil e no mundo.

Estilo de vida influencia na doença

A doença é associada a fatores genéticos, ambientais e relacionados ao estilo de vida. Os fatores de risco incluem o consumo de bebidas alcoólicas, a baixa ingestão de frutas e vegetais, o alto consumo de carnes vermelhas e de alimentos processados, a obesidade, o tabagismo e o sedentarismo.

Daniele Ferreira Neves da Oncoclínica Centro de Tratamento Oncológico, diz que entre os fatores de risco que elevam a probabilidade de desenvolver a doença, estão algumas condições hereditárias, doenças inflamatórias intestinais e dietas hiperproteícas e baixo consumo de fibras e cálcio.

A prevenção da doença começa com a diminuição da exposição aos fatores de risco. Mudanças simples na alimentação, com foco na nutrição balanceada, além da prática regular de atividade física e controle do peso podem prevenir fatores de risco.

É importante praticar atividades físicas e ter uma alimentação saudável e manter o peso dentro dos limites da normalidade. Também é importante que as pessoas não fumem e evitem o álcool”, explica Antunes.

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Sintomas mais comuns

Os sintomas mais comuns são alteração do ritmo intestinal, dores abdominais, presença de sangue nas fezes e dor ao evacuar. Porém, a fase inicial da doença costuma ser assintomática. Por esse motivo, os exames de rotina, como a colonoscopia, são fundamentais para a detecção precoce da doença.

Em sua maioria, os sintomas da doença estão relacionados ao comportamento intestinal, incluindo diarréia ou constipação, fezes finas e que apresentem sangue e/ou mucosa. Inchaço frequente na região abdominal, gases, fadiga ou falta de energia e perda de peso súbita também fazem parte da lista de sintomas possíveis.

Além disso, pessoas que apresentam pólipos (lesões benignas) estão mais propensas a desenvolver tumores. “É fundamental que pessoas histórico familiar deste tipo de tumor e com fatores hereditários, como retocolite ulcerativa crônica ou doença de Crohn, se mantenham sempre alerta”, frisa a especialista.

Colonoscopia é o exame padrão

Passar por um diagnóstico de câncer colorretal ou de intestino pode ser uma jornada muito difícil para o paciente e seus familiares e o diagnóstico precoce se torna um fator decisivo para o sucesso no tratamento.

A Sociedade Brasileira de Cancerologia destaca que diante dos custos e da complexidade do tratamento, considerando a alta incidência e mortalidade do CCR, a prevenção pelo rastreamento se faz necessária, propiciando o diagnóstico da doença em fases iniciais com maior possibilidade de cura.

As opções disponíveis para o rastreamento do CCR incluem métodos indiretos e diretos. Os métodos indiretos são aqueles que incluem os testes de Pesquisa de Sangue Oculto nas Fezes e os diretos são aqueles que permitem a visualização da mucosa intestinal, como a colonoscopia, que possibilita além do diagnóstico precoce, a identificação e retirada de lesões precursoras, os pólipos, interrompendo a sequência adenoma-adenocarcinoma.

colonoscopia é o exame padrão para investigação de doenças do cólon e do reto. Nos casos de suspeita de câncer, esse exame pode determinar a localização da lesão e permitir a biópsia para confirmação da malignitude. Para o presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia, a retirada dos pólipos adenomatosos pela polipectomia através da colonoscopia é o melhor método de prevenção do CCR.

Quando fazer o exame?

A maioria dos casos de câncer colorretal é do tipo esporádico, sem relação genética, e seu aparecimento aumenta com a idade acima de 50 anos em ambos os sexos, são os de risco moderado. Nestes casos, a recomendação é que a colonoscopia seja realizada aos 50 anos de idade e repetida a cada dez anos.

Os casos restantes são os indivíduos com história familiar de câncer colorretal e pólipos, onde existe o fator genético, sendo considerados de alto risco para o desenvolvimento desse tipo de câncer. Nesses casos, o médico recomenda que o rastreamento deve ser iniciado em idade mais precoce, aos 45 anos de idade, como recomenda a Sociedade Americana de Cirurgia e a Sociedade Brasileira de Cancerologia.

“Para aqueles com história familiar de câncer colorretal ou adenomas em um parente de primeiro grau, a recomendação é que o monitoramento seja realizado cada vez mais cedo, em virtude das evidências de que pessoas mais jovens estão desenvolvendo tumores aos 40 anos. Mas é preciso levar em conta, tanto na prevenção quanto no tratamento, os hábitos individuais e fatores hereditários, com avaliações personalizadas, a fim de uma obter uma análise mais assertiva, indo além de um protocolo relacionado à faixa etária”, finaliza a médica da Oncoclínica.

Tratamento mais adequado

A cirurgia é o tratamento inicial, retirando- se a parte do intestino afetada e os gânglios linfáticos dentro do abdômen. Outras etapas do tratamento incluem a radioterapia associada ou não à quimioterapia para diminuir a possibilidade de recidiva do tumor.

O tratamento depende principalmente do tamanho, localização e extensão do tumor. Quando a doença está espalhada, com metástases para o fígado, pulmão ou outros órgãos, as chances de cura ficam reduzidas.

No caso de diagnósticos em estágio metastático, a solicitação de testes específicos para biomarcadores, como o RAS, é fundamental, pois é capaz de identificar um tipo de alteração biológica importante que permite personalizar o tratamento e aumentar as chances de sobrevida dos pacientes.

Após o tratamento é importante realizar o acompanhamento médico para monitoramento de recidivas ou novos tumores. É importante também o paciente cuidar da qualidade de vida. Manter uma alimentação balanceada, com o apoio de um nutricionista, e fazer uma atividade física recomendada por um profissional especializado são fundamentais para sucesso do tratamento.

Campanha Março em Cores

A campanha Março em Cores busca desde 2017 trazer atenção para o câncer colorretal (CCR) e levar a população a conhecer medidas de prevenção e sintomas, além de mais empatia aos pacientes que estão passando por tratamento.

A ação alerta para a importância de ampliar o conhecimento sobre a sua alta incidência e sobre opções de tratamento específicas para cada paciente nos casos metastáticos. A iniciativa convida todos a contribuir com esse movimento, doando sua positividade. Para isso, basta publicar fotos ou vídeos cheios de cor, sempre com as hashtags da campanha #MarçoEmCores #CCrComMaisCor.

A campanha Março em Cores é idealizada pela Merck, com apoio de diversas instituições de suporte ao paciente com câncer como Oncoguia, Instituto Vencer o Câncer, Abrapreci, Associação Nossa Casa (Ceará), Femama, a Naspec (Bahia), AMUCC (Santa Catarina) e a HumSol (Paraná).

No site do Instituto Vencer o Câncer, do Instituto Oncoguia e no portal Conviva Bem é possível conferir mais detalhes sobre o CCR. Ao longo do mês, serão realizadas uma série de atividades de conscientização pública e em hospitais.

Da Redação, com Assessorias

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