Todos os dias, mais de 1 milhão de pessoas entre 15 e 49 anos contraem infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), de acordo com dados divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Isso equivale a mais de 376 milhões de novos casos anuais de doenças como HIV, HPV, sífilis, clamídia, gonorreia, tricomoníase, herpes genital e hepatite B ou C.
Comuns em todo o mundo, essas doenças ganham terreno fértil em momentos como o do Carnaval, quando foliões costumam exagerar no consumo de bebidas alcoólicas e têm contato com mais de um parceiro, descuidando da proteção durante a relação sexual.
“As ISTs são doenças transmitidas pela relação sexual sem proteção. No Carnaval, época em que muitos caem na folia e abusam do álcool, nunca é demais reforçar a importância do uso de preservativo”, alerta Karina Tafner, ginecologista e obstetra, especialista em endocrinologia ginecológica e reprodução humana pela Santa Casa, e especialista em reprodução assistida pela Febrasgo.

Segundo o Ministério da Saúde, cada vez mais os jovens têm diminuído o uso de preservativos, o que torna o grupo mais exposto a doenças. Apenas 56.6% dos jovens entre 15 a 24 anos usam camisinha com parceiros eventuais. No Brasil, cerca de 827 mil pessoas vivem com o HIV, e aproximadamente 112 mil brasileiros têm o vírus, mas não sabem disso.

Os números reforçam a necessidade de conscientização da população. Alexandre Chieppe chama a a atenção para o recrudescimento de enfermidades antigas, que remontam à Idade Média, como a sífilis, hoje consideradas epidêmicas. Isso ocorre pela falta da prevenção e proteção. O médico enfatiza, ainda, a importância da consciência humanitária e cívica de cada pessoa.
“Se alguém suspeita que possa estar com alguma doença sexualmente transmissível, jamais deve manter relações sexuais sem que o parceiro seja informado e sem proteção. Na dúvida, realize um teste sanguíneo rápido para saber se tem o vírus AIH, Sífilis ou Hepatite B, também disponíveis gratuitamente nas unidades de saúde, nas quais há atendimento médico e remédios para o tratamento dessas doenças”, orienta Dr. Chieppe.

Você sabe quais são as ISTs mais comuns?

As doenças sexualmente transmissíveis costumam ser silenciosas no início e os sintomas variam em cada indivíduo, mulheres e homens. Além disso, uma pessoa pode estar simultaneamente com mais de uma dessas enfermidades. Assim, somente o exame sanguíneo pode garantir um diagnóstico seguro. Daí o significado dos testes rápidos, que apresentam resultados confiáveis quase instantaneamente. Mas as pessoas sabem quais são as doenças com maior risco de contágio nessa época do ano?

Ouvimos dois especialistas para explicar a respeito.

HIV
É a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana. Causadora da Aids, ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. As células mais atingidas são os linfócitos T CD4+. O vírus é transmitido por meio do contato sexual e pelo sangue, como com o compartilhamento de seringas, agulhas e outros instrumentos perfurantes ou cortantes. Os objetos não perfurantes, como talheres e copos, ou mesmo o compartilhamento do vaso sanitário, são mitos em relação às formas de transmissão da doença, mas que muitos ainda acreditam.

“A infecção pelo HIV costuma ser silenciosa por muito tempo e muitos convivem com ela sem saber, aproximadamente 135 mil pessoas no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde. Por outro lado, ter o diagnóstico precoce é fundamental para o êxito do tratamento”, explica Carolina Lázari, consultora médica em Infectologia do Grupo Fleury, detentor da marca Felippe Mattoso no Rio de Janeiro.

Para a especialista, todo o cuidado é pouco, por isso a importância do uso de preservativos – um dos métodos mais efetivos para evitar a transmissão do HIV, mas também de outras infecções sexualmente transmissíveis, como sífilis e hepatite. “O uso da camisinha deve ser fortemente estimulado, e a data de validade e as instruções devem ser atentamente seguidas para evitar que o material se rompa ou que haja vazamentos”, completa.

Uma dúvida muito comum é sobre manicures e estúdios de tatuagens. Nesses casos, não é frequente a transmissão do HIV, mas sim dos vírus das hepatites B e C. Para evitar a proliferação destas doenças, a atenção deve ser voltada – além da prática de sexo com proteção – para as agulhas e seringas, que devem ser esterilizadas e descartáveis, e para os alicates de unha e outros instrumentos, que devem ser muito bem higienizados e esterilizados. Escolher um local que inspire confiança e ter o próprio kit para unhas são boas pedidas. Vale lembrar que, para a hepatite B, é possível se proteger tomando vacina.

HPV
O HPV (papilomavírus humano) acomete, principalmente, as mucosas (oral, genital ou anal) em homens e mulheres. A principal forma de transmissão é pela via sexual (oral-genital, genital-genital, manual-genital). É comum que pessoas infectadas não apresentem sinal ou sintoma. O diagnóstico é feito por exames clínicos e laboratoriais, sendo o mais comum o papanicolau, no caso de lesões subclínicas, ou os testes de PCR, que conseguem definir o tipo de HPV envolvido, e se pertence ao subgrupo que oferece alto risco de desenvolvimento de câncer de colo uterino.

O uso do preservativo nas relações sexuais é uma importante forma de prevenção, mas não impede totalmente a infecção pelo vírus, uma vez que é comum as lesões estarem em áreas não protegidas, a exemplo da vulva e da bolsa escrotal. A vacina contra o HPV é a forma mais eficaz para prevenção, sendo indicada para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14, podendo, entretanto, ser recebida por pessoas com vida sexual ativa em qualquer idade, com indicação médica.

Sífilis
Infecção causada pela bactéria Treponema pallidum, surge 20 a 30 dias após o contato sexual, como uma úlcera genital indolor. A úlcera desaparece após alguns dias, mas, se não tratada a doença, pode evoluir para estágios mais avançados, podendo levar à morte. A sífilis pode se manifestar em diferentes partes do corpo, de uma a duas semanas após a aquisição da infecção. A forma mais comum de contágio é a sexual, mesmo sem que ocorra penetração ou ejaculação. Também é transmitida pelo beijo caso a outra pessoa esteja infectada e com uma lesão ativa na boca. O contato com as mucosas durante as preliminares, como o sexo oral, por exemplo, já possibilita a transmissão.

Clamídia
Bactéria que pode causar desde um discreto corrimento até Doença Inflamatória Pélvica, que se caracteriza por febre e intensa dor pélvica. Se não tratada, pode evoluir para sepse e morte. Transmitida por via sexual (anal, oral ou vaginal), a infecção por clamídia tem como sintomas mais comuns, em mulheres, corrimento amarelado ou claro, dor e sangramento durante o sexo e dor ao urinar.

Já em homens, o alerta vem mediante a dor nos testículos, corrimento uretral com pus e ardência ao urinar. A infecção pode ser tratada com antibiótico, mas é preciso combinar o uso da medicação ao preservativo, visto que podem ocorrer reinfecções. A infecção crônica não tratada pode acarretar complicações, principalmente para mulheres, como dor crônica na região pélvica, dor nas relações sexuais, infertilidade e complicações na gestação ou pela forma congênita

Gonorreia
Causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae. O quadro clínico é variado na mulher, podendo ser “silenciosa” (assintomática), até causar quadro grave de cervicite (inflamação da cerviz, cérvix ou cérvice, que é a parte mais estreita do colo uterino).
Tricomoníase
É causada pelo protozoário Trycomona vaginalis. Na mulher, causa corrimento esverdeado, abundante e fétido. Não há sintomas em homens
Condiloma acuminado
É causada pelo Human Papiloma Vírus (HPV), que está relacionada ao câncer de colo do útero e ao câncer do pênis. Na vulva e no pênis, se caracteriza por pequenas verrugas.
Cancro mole
Causada pela bactéria Haemophilus ducrey. O quadro clínico se caracteriza pelo aparecimento de lesões dolorosas na região genital. A secreção dessas feridas pode contaminar diretamente, sem ter relações sexuais, outras pessoas e outras partes do corpo.
Mycoplasma genitalium
É uma bactéria de transmissão sexual que causa doença semelhante à clamídia e à gonorreia, mas com uma secreção mais transparente.
Herpes simples
Infecção viral que se manifesta através do surgimento de pequenas bolhas muito doloridas ao redor da boca ou dos lábios genitais, que estouram e formam lesões crostosas.
Hepatite B e hepatite C
São transmitidas, principalmente, pelo contato com sangue contaminado, mas também por relação sexual. A transmissão sexual da hepatite C é pouco frequente, com menos de 3% em parceiros estáveis, mas ocorre em pessoas com múltiplos parceiros, sem uso de preservativo. Além disso, a coexistência de alguma DST – inclusive o HIV – é um importante facilitador dessa transmissão.
HTLV (Vírus Linfotrópico T humano)
Há dois subtipos: HTLV-1, que pode causar um quadro raro de leucemia e de doenças neurológicas, e o HTLV-2, com quadro clínico ainda não estabelecido.

Outras formas de evitar as ISTs


O uso de preservativos é o melhor caminho, bem como estar com a imunidade em dia e ter atenção aos sinais do corpo. Em caso de qualquer suspeita, é bom saber que o diagnóstico precoce faz toda a diferença. Procure sempre um profissional de saúde. “A maneira mais eficaz de evitar uma DST é utilizar a camisinha, tanto a feminina quanto a masculina, seja no sexo anal, vaginal e oral”, reforça Karina Tafner.

Para conscientizar a população sobre a importância dos cuidados na relação sexual, vale ressaltar que há diversas formas de ter alguma infecção ou doença. “A prevenção combinada é um cardápio de opções que devem ser adaptadas ao contexto de cada pessoa. No caso do HIV, há a possibilidade do uso de caminha, PEP ou PrEP, enquanto que para outras ISTs a camisinha é a forma mais eficaz”, explica Bernardo Almeida, médico infectologista e Chief Medical Officer da Hi Technologies.

O uso de preservativo é uma das opções para prevenção de doenças. A camisinha pode proteger até 95% das ISTs, mas ainda assim, o contato íntimo entre pele com pele pode transmitir alguma dessas doenças.

“Ainda existe muito estigma e preconceito com relação às ISTs, sendo essas as principais barreiras que dificultam a redução de novas infecções. É preciso entender que todos nós estamos sujeitos a contrair, por isso, devemos nos prevenir e nos conscientizar dos riscos, além de realizar os exames periodicamente. Precisamos falar mais sobre o assunto com nossos famíliares e amigos”, conta Almeida.

Caso se sinta em dúvida, a melhor saída é o exame de sangue para confirmar ou não o diagnóstico e, assim, iniciar o quanto antes o tratamento. A Hi Technologies criou o Hilab, laboratório portátil que pode ser encontrado em farmácias pelo Brasil, e que realiza exames de sangue que podem detectar ISTs como HIV, Sífilis e Hepatite B, por meio de poucas gotas de sangue. Em até 15 minutos, o paciente receberá o resultado.

O exame funciona assim: O Farmacêutico tira uma gota de sangue do dedo do paciente e insere na cápsula do Hilab, a amostra é digitalizada pelo Hilab e enviada, através da internet até o laboratório da empresa, onde biomédicos de plantão analisam a amostra em tempo real e enviam o laudo para o paciente via SMS ou e-mail.

“O diagnóstico rápido é fundamental no caso do HIV para acelerar o tratamento e reduzir a transmissão do vírus, por isso queremos que a população tenha fácil acesso a esses exames”, conclui Almeida.

Com Assessorias

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