A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o uso do medicamento Mounjaro, da farmacêutica Eli Lilly, para o tratamento da obesidade no Brasil. A decisão, publicada no Diário Oficial da União, amplia a indicação do remédio, que até então era aprovado apenas para pacientes com diabete tipo 2. Agora, o Mounjaro poderá ser utilizado por adultos com índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 30, ou a partir de 27 quando acompanhados de comorbidades como hipertensão ou colesterol alto.
No SUS, o caminho jurídico é diferente: é possível judicializar a questão com boas chances de êxito, desde que o paciente comprove que sofre de obesidade grave, que não pode recorrer a outros tratamentos, como a cirurgia bariátrica, e que não tem condições financeiras de arcar com o custo do medicamento. Esses requisitos são avaliados cumulativamente”, afirma Daniela.
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Acessibilidade: o grande desafio no emagrecimento
Além do lançamento do Mounjaro, o mercado vem se empenhando em novas opções de medicamentos para incrementar o leque de opções disponíveis para os brasileiros. Por exemplo, a queda da patente da semaglutida está prevista para ocorrer em 2026 e existem laboratórios já trabalhando em versões genéricas do Ozempic. Há também anúncios sobre a produção de opções a base de liraglutida, princípio ativo do Saxenda, com foco em obesidade e diabetes.
A endocrinologista Alessandra Rascovski aponta que ainda há um longo caminho de expansão do uso desses fármacos no Brasil. “O valor elevado ainda é um fator dificultador de democratização do acesso desses medicamentos para a população em geral, além deles não estarem disponíveis na rede pública de saúde. É preciso apostar em políticas públicas, com a adoção de tratamentos mais modernos no SUS, para que a maioria dos cidadãos tenha condições de utilizá-los tanto para o controle da diabetes quanto para a perda de peso”.
Um a cada três brasileiros vive com obesidade
Dados do Atlas Mundial da Obesidade 2025, da Federação Mundial da Obesidade (World Obesity Federation – WOF), publicados em março de 2025, que apontam que aproximadamente um a cada três brasileiros (31% da população) vive com obesidade, e essa porcentagem tende a crescer nos próximos cinco anos. No país, cerca da metade da população adulta, entre 40% e 50%, não pratica atividade física na frequência e intensidade recomendadas.
Ainda segundo o Atlas Mundial da Obesidade 2025, atualmente, mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo vivem com obesidade. Projeções indicam que esse número pode ultrapassar 1,5 bilhão até 2030, caso medidas efetivas não sejam implementadas.
O médico e diretor da clínica Vie Saine, Rodrigo Brito, lembra que a obesidade é uma doença crônica, que pode ser causada por fatores genéticos e hormonais, e pode levar a inúmeras doenças, como diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares, infarto, problemas articulares, apneia do sono, entre outras.
A obesidade é uma doença e precisa ser enfrentada como tal. Muitas vezes o paciente utiliza o medicamento, perde peso, mas recupera em meses, ou semanas, após parar com a medicação. O enfrentamento da obesidade deve ser feito com uma equipe multidisciplinar, que busque a causa do problema e guie o indivíduo para seguir o tratamento necessário para redução do peso e recuperação da saúde”, completa.
O médico lembra que o uso de medicamentos, bem como procedimentos mais invasivos, como a cirurgia bariátrica, por exemplo, deve ser realizado com prescrição e acompanhamento médico. É preciso procurar um médico que tenha uma abordagem integrada, que avalie a saúde mental e física, a rotina pessoal de cada indivíduo, e quais ações combinam mais com seu estilo de vida. Ao integrar essas estratégias, é possível enfrentar a obesidade de maneira eficaz, promovendo saúde e bem-estar”, explica o médico.
Como enfrentar a doença com uma abordagem integrada e compatível com o dia a dia de cada indivíduo
Alessandra reforça a importância do uso desses medicamentos para pacientes que não conseguem emagrecer somente com controle de alimentação e mudança de estilo de vida. “Vale lembrar que a obesidade, assim como a diabetes, é uma doença crônica recidivante, que muitas vezes não pode ser tratada somente com mudança de hábitos. Ainda precisamos evoluir muito nesse olhar, tirando a culpa do colo do paciente e entendendo que há outros fatores envolvidos, sendo a medicação uma importante aliada para ajudar na perda de peso”, conclui.
Segundo uma abordagem integrada é essencial para o sucesso no emagrecimento. “A obesidade é uma doença multifatorial que requer um tratamento personalizado. Combinar tecnologias avançadas com mudanças no estilo de vida é fundamental para alcançar resultados sustentáveis”, afirma. O médico elenca alguns fatores que, juntos, são essenciais para o enfrentamento da obesidade:
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Alimentação Balanceada: adote uma dieta rica em nutrientes, priorizando alimentos naturais e evitando ultraprocessados.
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Atividade Física Regular: incorpore exercícios físicos na rotina, combinando atividades aeróbicas e de resistência.
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Saúde Mental: gerencie o estresse e busque apoio psicológico quando necessário, reconhecendo a influência da mente no processo de emagrecimento.
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Avaliação Hormonal: verifique possíveis desequilíbrios hormonais que possam impactar o peso e o metabolismo.
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Uso de Medicamentos: considere, sob orientação médica, o uso de medicamentos aprovados para auxiliar na perda de peso.
Com Assessorias