A demanda pelos serviços de transporte de passageiros em corridas de motocicletas contratadas em aplicativos, como o Uber Moto e o 99 Moto, chama atenção para os riscos envolvidos nessas viagens. Lançado em 2020, o Uber Moto já transportou cerca de 20 milhões de brasileiros ao menos uma vez, o que significa quase 10% da população. Essas viagens foram realizadas por 800 mil motociclistas. Já o 99Moto foi lançado em janeiro de 2022, com expansão gradual nos meses seguintes. Atualmente, o serviço está presente em mais de 3,3 mil cidades e já realizou 1 bilhão de viagens.
A disseminação dos serviços de transporte de passageiros por motociclistas de aplicativos é uma tragédia anunciada em um trânsito já marcado pela alta mortalidade em colisões e quedas de motocicletas, avalia o técnico de pesquisa e planejamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Erivelton Guedes. Doutor em engenharia de transporte, Guedes foi um dos responsáveis pela inclusão das mortes no trânsito noAtlas da Violência 2025.

Qualquer regulamentação vai acabar incentivando e, talvez, dando a falsa impressão de que, seguindo aquele monte de regras, vai dar certo. É uma tragédia anunciada. Eu vejo com muito pessimismo isso evoluir”, diz ele à Agência Brasil.

 

Rio de Janeiro (RJ), 30/07/2025 - Motociclistas de aplicativos transitam pelas ruas do centro do Rio. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Motociclistas de aplicativos de transporte de passageiros transitam pelas ruas do centro do Rio – Tânia Rêgo/Agência Brasil

Usuário da motocicleta é a maior vítima dos sinistros de trânsito no Brasil

Produzido pelo Ipea e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Atlas da Violência 2025 alertou que, enquanto os homicídios estão em queda, o número de vítimas de colisões, atropelamentos e outros sinistros de trânsito vem crescendo desde 2020. Em 2019, houve 31.945 vítimas do trânsito no Brasil, número que aumentou nos anos seguintes até chegar a 34.881 em 2023. Neste mesmo período, o número de vítimas de sinistros com motos subiu de 11.182 para 13.477.

O fator de maior peso nessa alta é o número de ocorrências envolvendo motocicletas, que já respondiam por uma em cada três mortes no trânsito brasileiro em 2023, último ano com dados disponíveis no Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde. Segundo o Atlas, “o usuário da motocicleta é, atualmente, a maior vítima dos sinistros de trânsito no Brasil”. Guedes acredita que, no ano que vem, quando o atlas incluir os dados de 2024, a disseminação dos serviços de aplicativo contribuirá para um aumento ainda maior nas mortes.

Brasília (DF), 31/07/2025 - Técnico de pesquisa e planejamento do Ipea Erivelton Guedes na apresentação do Atlas da Violência 2025. Foto: Helio Montferre/Ipea

“Tragédia anunciada”, diz o especialista Erivelton Guedes sobre disseminação do serviço de mototáxi por aplicativos – Foto: Helio Montferre/Ipea

Na moto, o carona é muito mais exposto ao perigo do que o próprio motociclista. Principalmente nesse mundo de viagens por aplicativo, o carona precisa saber andar de moto. Além disso, o motociclista, bem ou mal, está enxergando o que está acontecendo, e o passageiro está ali passivamente. Então, para ele, uma ocorrência é algo que surge naquele instante.”

Outro ponto que preocupa o especialista em engenharia de trânsito é a inadequação da vestimenta de pilotos e passageiros que se vê nas ruas.

Idealmente, os dois, condutor e passageiro da moto, deveriam estar com roupas adequadas: botas, calças de couro, jaqueta de couro e capacete. Na prática, a gente não vê isso nos condutores e muito menos no passageiro, que, muitas vezes, está de sandália, roupa curta e com o celular na mão em vez de estar segurando no piloto.”

Apesar dos problemas, Guedes avalia que dificilmente esses serviços serão suspensos. Na visão dele, além da pressão econômica das próprias empresas que os oferecem, há a demanda pelo trabalho e renda gerados por essa atividade.

A gente até acha que é uma luta perdida e que a moto por aplicativo vai vencer, porque existe uma pressão econômica, uma pressão de vários lados, incluindo o do próprio condutor. Ou ele se acha um empreendedor ou ele precisa almoçar e não tem outra alternativa. Então, ele escolhe arriscar a vida e almoçar. A gente também tem que entender o lado dele, e o poder público precisa oferecer alternativas. Enquanto não houver alternativa de emprego mais saudável, essa pressão pela moto por aplicativo vai continuar ganhando.”

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Acidente de moto tem 17 vezes mais chance de ser letal que automóvel

O presidente da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), Antonio Meira Júnior, acredita que é preciso fazer um estudo do impacto social e na saúde coletiva que esses serviços trazem. E isso deve considerar a vulnerabilidade a que os passageiros de motocicletas estão expostos.

A vulnerabilidade dos motociclistas é de tal nível que a sua letalidade, ou seja, a probabilidade de morte em acidente, chega a ser 17 vezes maior do que comparado com ocupantes de um automóvel”, afirma ele. “Se me perguntarem se eu seria a favor de utilizar a moto como meio de transporte [de passageiros], nós seremos contrários pelo fato de sabermos os riscos e a tendência de ter um maior número de pessoas expostas a esses riscos. Se mais pessoas estiverem transportando outras pessoas na moto, mais pessoas também estarão expostas a esse risco. A probabilidade de ocorrerem mais acidentes com lesões graves e mortes é maior.”

Meira Júnior detalha que motociclistas e caronas não têm qualquer proteção em caso de impacto, que é diretamente absorvido por seus corpos. As motos circulam entre veículos de maior massa e resistência, frequentemente em velocidade diferente, no meio das faixas, o que também dificulta que sejam vistas. Além disso, não contam com equipamentos de segurança que evitem que os passageiros sejam lançados em caso de colisão. Somados a isso, imperfeições no asfalto, pedras, areia, óleo e outros elementos que seriam pequenos problemas para um automóvel podem provocar incidentes graves com motos.

Brasília (DF), 10/06/2025 - O presidente da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), Antonio Meira Júnior. Foto: CFM/Divulgação

Presidente da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), Antonio Meira Júnior diz que impacto social de acidentes com motos é “imensurável” – Foto: CFM/Divulgação

O resultado de toda essa desproteção são lesões severas e politraumas, que, quando não matam, facilmente causam internação por tempo prolongado e provocam deficiências ou sequelas permanentes.

O impacto social é imensurável. A grande maioria das pessoas fica com sequelas que, muitas vezes, deixam a pessoa incapaz para o trabalho, precisando de fisioterapia e tratamento pós-hospitalar, ou até a vida toda dependendo de outras pessoas e causando uma complexa mudança de estilo de vida de toda a família.”

Queda simples, lesão complexa

Um exemplo da vulnerabilidade descrita pelo presidente da Abramet foi vivida pela assistente social Erika Rogatti, de 35 anos. Moradora da zona norte do Rio de Janeiro, ela já havia se acostumado a utilizar serviços de transporte por aplicativo em motos para deslocamentos de seu dia a dia, como ir e voltar do trabalho. Mais barato que um carro de aplicativo ou táxi, o serviço também dispensava as baldeações e caminhadas entre o ônibus e o metrô, que não têm integração tarifária na capital carioca.

Em um sábado à noite do último mês de abril, porém, a caminho de um showa corrida de aplicativo acabou sendo interrompida por uma queda. Quando estava freando em um sinal vermelho, o condutor e ela não conseguiram se equilibrar entre os carros, e a moto caiu sobre sua perna esquerda, que foi imprensada pelo veículo. Mesmo em um incidente em baixa velocidade, que poderia parecer simples, a exposição característica da moto proporcionou lesões dolorosas, afastamento do trabalho e repercussões em outras questões de saúde.

Rio de Janeiro (RJ), 31/07/2025 - Erika Rogatti mostra ferimentos e pé engessado após acidente com moto. Foto: Erika Rogatti/Arquivo Pessoal

Erika Rogatti mostra ferimentos e pé engessado após acidente com moto – Foto: Erika Rogatti/Arquivo pessoal

A nossa sorte foi que o sinal estava fechado, e os carros estavam parando, porque eu caí sentada na moto, no meio dos carros. Foi o suficiente para eu fissurar o meu dedão [do pé esquerdo] e ficar com vários hematomas. Na hora, ficou bem ralado, bem feio e percebi que eu estava com muita dor nesse pé, em que eu já tenho artrose.”

Erika não precisou ser internada, mas ficou imobilizada em casa por mais de 20 dias e, quatro meses após a queda, ainda faz fisioterapia e não se recuperou das dores e do inchaço causados pelas lesões. As dores da artrose também pioraram. Mesmo assim, Érika não abandonou o serviço de transporte por aplicativo e já realizou novas corridas.

Falta de opção

Para Glaydston Ribeiro, o professor do Programa de Engenharia de Transportes do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), o crescimento do uso de motocicletas está profundamente ligado ao modo como as cidades brasileiras foram estruturadas, priorizando o transporte individual motorizado e negligenciando o transporte público de qualidade, especialmente nas periferias.

Essa urbanização desigual faz com que a população mais vulnerável busque soluções individuais de mobilidade, e aí surge, naturalmente, a motocicleta, que passa a ser o veículo possível, entre aspas, para o acesso a trabalho, educação e serviços”, afirma.

Essa precariedade nos transportes públicos, descreve Ribeiro, com problemas como baixa oferta, horários reduzidos e falta integração tarifária, torna o uso de motos uma solução necessária, ainda que seja arriscada, principalmente nas periferias.

Rio de Janeiro (RJ), 30/07/2025 - Motociclistas de aplicativos transitam pelas ruas do centro do Rio. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Motociclistas de aplicativos de transporte de passageiros transitam pelas ruas do centro do Rio – Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

A popularização dos aplicativos de entrega e mototáxi ampliou essa tendência, levando o usuário a se expor a um sistema de mobilidade informal, sem regulamentação e proteção social devida.”

Apesar disso, ele considera que a proibição do serviço tenderia a penalizar os mais pobres, que recorrem à moto por necessidade, e não por escolha. “É necessário pensar em alternativas que ampliem as opções de mobilidade e não somente punir quem já está em situação vulnerável”.

Uber Moto: 19% dos mototaxistas consumiram álcool ou outras drogas antes do sinistro

A Uber afirmou que sua prioridade é a segurança das viagens e que conta com a participação de engenheiros e especialistas brasileiros no desenvolvimento de seus recursos de segurança. A plataforma cita medidas como selfies para verificar a identidade do motociclista, uso do capacete e o alerta de velocidade, que monitora o respeito aos limites das vias e envia um conteúdo educacional caso o motociclista os tenha excedido. 

Motociclistas e passageiros também contam com seguro: morte acidental: R$ 100 mil; invalidez permanente total ou parcial por acidente: até R$ 100 mil, dependendo do grau de perda ou redução funcional do membro afetado; despesas médicas hospitalares e odontológicas: até R$ 15 mil de reembolso.

Brasília (DF), 22/01/2025 - Aplicativo do Uber para Motos. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

Aplicativo do Uber para motos – Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

O desrespeito às regras de trânsito configura violação ao Código da Comunidade e aos Termos e Condições exigidos tanto de parceiros quanto de usuários e pode levar a desativação da conta”, afirma em nota à Agência Brasil.

Para realizar o cadastro, a Uber pede que os motociclistas tenham mais de 19 anos, CNH definitiva na categoria A (para veículos motorizados de duas ou três rodas) e se enquadrem nos requisitos da legislação federal em vigor. A empresa também cita contrato com o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) para confirmar as informações cadastrais dos parceiros e afirma que todos os cadastrados passam por uma checagem periódica de apontamentos criminais, desde a primeira viagem.

A Uber apresenta dados de pesquisa realizada com seu apoio pelo Instituto Cordial, em parceria com a Abramet, que aponta que deslocamentos diários simples, em que não há geração de renda, concentram pouco mais que a metade (quase três em cada cinco) dos sinistros envolvendo moto. Além disso, segundo a Uber, 19% dos entrevistados haviam consumido álcool ou outras drogas antes do sinistro e não estavam envolvidos com atividade em apps.

99moto: taxa de sinistros fatais é quatro vezes menor

A 99 informou que investe em conscientização de forma continuada e que 0,0003% das mais de 1 bilhão de viagens realizadas tiveram algum acidente de trânsito. “Todas as viagens intermediadas pela 99 também contam com seguro de acidentes pessoais, tanto para passageiros como para motociclistas parceiros”, afirma a empresa à Agência Brasil.

Brasília (DF), 15/01/2025 - Aplicativo Mototáxi 99. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

Aplicativo Mototáxi 99 – Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

A plataforma declara que oferece orientações sobre como andar na garupa da moto com segurança, incluindo seguir as instruções do condutor, manter os pés na pedaleira mesmo com a moto parada em semáforos, evitar calçados que possam sair facilmente do pé e não utilizar roupas longas como vestidos e calças largas. A empresa também orienta que passageiros que tenham consumido álcool ou substâncias que alterem o equilíbrio não realizem corridas de 99Moto e optem pelas categorias com carros.

Os motociclistas, por sua vez, são orientados a sempre verificar se o passageiro tem experiência com transporte de moto e, quando necessário, auxiliá-lo a afivelar o capacete corretamente e orientar sobre como subir na motocicleta e se apoiar adequadamente para evitar desequilíbrios durante a corrida.

Em sua resposta, a 99 contesta análises que atribuem aos aplicativos a responsabilidade por eventuais aumentos de acidentes de trânsito argumentando, entre outros pontos, que os 800 mil motociclistas cadastrados na 99, iFood e Uber respondem por apenas 2,3% da frota nacional de 34,2 milhões de motocicletas.

A taxa de sinistros fatais é quatro vezes menor na 99Moto em comparação às motocicletas como um todo, enquanto o número de sinistros fatais é de menos de 1 a cada milhão de viagens”, diz a plataforma.

São Paulo proíbe mototaxistas e Rio quer uniformizar regras

Rio de Janeiro (RJ), 25/06/2025 - Motociclista trafega pela passarela de pedestres na Avenida Brasil, zona norte da cidade. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
© Tânia Rêgo/Agência Brasil

As duas maiores cidades brasileiras avançam em caminhos diferentes na abordagem dos serviços de transporte por aplicativo. Enquanto os riscos associados à vulnerabilidade da moto levaram São Paulo a proibir o serviço, o Rio de Janeiro quer que as plataformas uniformizem suas regras e apertem o cerco contra infrações de trânsito dos motociclistas.

Desde o início de 2025, a Prefeitura de São Paulo e as plataformas de aplicativos travam uma disputa judicial sobre a permissão do serviço na cidade. Enquanto as empresas recorrem a uma lei federal que, em seu entendimento, autoriza a prestação do serviço do país, a prefeitura editou um decreto municipal contra os mototáxis, justificando a decisão com os riscos aos usuários.

Em janeiro, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, chegou a afirmar que a plataforma 99 era ”assassina” e queria levar uma carnificina para São Paulo. Na época, a plataforma respondeu que o decreto que impedia o serviço era inconstitucional e que estava comprometida a promover viagens seguras.

Nós não vamos permitir que essa empresa venha para cá e faça uma carnificina. São assassinos. Essas empresas são empresas assassinas e irresponsáveis. Elas não vão fazer na cidade de São Paulo aquilo que elas pretendem, só buscando lucro”, enfatizou Nunes.

Em junho, o governador paulista, Tarcísio de Freitassancionou uma lei que deu autonomia aos municípios para regulamentar o transporte individual de passageiros por meio de motocicletas. A prefeitura paulistana reforçou, então, que essa modalidade de transporte seguirá proibida enquanto o tema permanece em debate na Câmara Municipal.

A lei sancionada pelo governo de São Paulo chancela o caminho tomado pela prefeitura no sentido de proibir o serviço de mototáxi na cidade. A administração municipal tem atuado fortemente para evitar que seja oferecido um modal de transporte que se prova perigoso diante de acidentes que resultaram nas mortes de passageiros”, disse a prefeitura.

Rio tem acesso a dados dos aplicativos para mapear pontos críticos

A Prefeitura do Rio de Janeiro, por sua vez, assinou um termo de cooperação com as principais plataformas de entregas e transporte para ter acesso aos dados, mapear os pontos críticos e propor um nivelamento das regras. O resultado deve ser divulgado ainda neste mês de agosto.

Em breve, vamos anunciar medidas que igualam, nivelam, para que todos os aplicativos tenham o mínimo de regras”, disse o vice-prefeito Eduardo Cavalieri. “Como muitos deles [motociclistas] trabalham em diferentes aplicativos, a gente precisa que as regras sejam uniformes entre as plataformas, para que não haja incentivo a eles migrarem de uma para outra e para nenhuma plataforma se beneficiar por não estar cumprindo a regra.”

A prefeitura do Rio pretende construir pontos de apoio para entregadores e mototaxistas com apoio das plataformas e também ampliar as faixas exclusivas para moto em vias da cidade.

A gente quer incentivar isso cada vez mais. Numa lógica de que são empreendedores que cuidam das suas famílias cada vez mais a partir do trabalho com as motos”, diz Cavalieri. Apesar disso, ele reconhece que há uma epidemia de acidentes de moto na cidade, que viu o número de emplacamentos quintuplicar desde a pandemia.

Somente na rede municipal de saúde do Rio, de janeiro a junho de 2025, foram atendidas 14.497 vítimas de acidentes com moto em hospitais de urgência e emergência. Isso significa que cerca de 80 atendimentos foram realizados por dia na cidade.

Na última sexta-feira (1º), o Hospital Municipal Barata Ribeiro, unidade referência em ortopedia, recebeu o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que anunciou um reforço para triplicar a capacidade de cirurgias, atendimentos e exames, com o programa Agora Tem Especialista.

Rio de Janeiro (RJ), 30/07/2025 - Motociclistas de aplicativos transitam pelas ruas do centro do Rio. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Motociclistas de aplicativos transitam pelas ruas do centro do Rio – Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Jovens de comunidades são as principais vítimas

Segundo o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, a prefeitura gasta mais de R$ 130 milhões por ano para realizar os atendimentos de vítimas de colisões, atropelamentos e quedas de motocicletas. O perfil mais comum entre essas vítimas é homem, jovem de 23 a 33 anos e morador de comunidades. Já o período em que mais acontecem os incidentes é das 7h às 9h, no deslocamento para a rotina diária.

O perfil tem semelhanças com o observado nacionalmente. Segundo dados do Sistema de Informações de Mortalidadeentre 2010 e 2023, 56,5% das mortes em sinistros com motos foram de jovens de 20 a 39 anos. Cerca de 70% tinham menos de 11 anos de estudo, o que significa que não concluíram o ensino superior, e 61,2% eram negros.

Em relação ao ano de 2024, o Ministério da Saúde conduziu um estudo que contou com 42 mil entrevistas em unidades de pronto atendimento e emergências do país, o Viva Inquérito 2024. Segundo dados preliminares apresentados na Conferência Nacional de Segurança no Trânsito, uma em cada cinco vítimas do trânsito era trabalhador de aplicativos.

Brasília (DF), 25/06/2025 - Oficial técnico em segurança viária e prevenção de lesões não-intencionais da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) no Brasil Victor Pavarino. Foto: Karina Zambrana/OPAS/OMS

Oficial técnico em segurança viária da Opas no Brasil, Victor Pavarino diz que é preciso desincentivar a troca do transporte público pelo transporte individual motorizado – Foto: Karina Zambrana/Opas/OMS

Victor Pavarino, oficial técnico em segurança viária e prevenção de lesões não intencionais da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) no Brasil, acredita que é preciso desincentivar a troca do transporte público pelo transporte individual motorizado por meio de medidas medidas de impacto coletivo, como a ampliação do transporte público, a adoção de tarifa zero e o encorajamento dos deslocamentos por caminhada e bicicletas, por meio de cidades mais convidativas ao pedestre e ao ciclista.

De certa forma, o que está ocorrendo com a moto é que um imenso segmento da população, não só do Brasil, está recorrendo a uma possibilidade de mobilidade que lhes foi negada durante décadas”, pondera Pavarino. “É difícil a gente falar que não se pode ou não se deve usar motos, enquanto, em muitos casos, como em favelas, ela é a única forma que boa parte da população tem para chegar até sua casa e como ganha-pão”, acrescenta.

Rio de Janeiro (RJ), 05/08/2025 - O diretor do Sindicato dos Empregados Motociclistas do Estado do Rio de Janeiro (Sindmoto-RJ), Alfredo Barbosa de Lima. Foto: Alfredo Barbosa de Lima/Arquivo Pessoal

O diretor do Sindmoto-RJ, Alfredo Barbosa de Lima, elaborou uma cartilha com orientações contra acidentes de motos – Foto: Alfredo Barbosa de Lima/Arquivo pessoal

Para o diretor do Sindicato dos Empregados Motociclistas do Estado do Rio de Janeiro (Sindmoto-RJ), Alfredo Barbosa de Lima, é preciso reforçar a educação para a segurança no trânsito de motociclistas e passageiros de mototáxis. No entendimento dele, isso implica facilitar o acesso à Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e elaborar orientações específicas para que os caronas saibam como se portar na moto sem atrapalhar os condutores.

Eu já sofri 17 acidentes de motocicleta. Então, eu percebi que as orientações contra acidentes de motocicletas são muito básicas e não são o suficiente”, afirma ele, que, ao longo de oito anos, elaborou uma cartilha divulgada pelo sindicato da categoria. “É preciso ter um curso de direção defensiva que não reprove ninguém. O domínio da moto você ganha com o tempo.”

Da Agência Brasil

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