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Dia desses fui fazer minha mamografia de rotina e usei o protetor da tireoide. “É só mesmo por precaução porque foi um boato que espalharam”, me disse a atendente, lembrando um vídeo que circulou nas redes sociais tempos atrás que apontava o exame como causador de câncer na tireoide, uma informação atribuída equivocadamente ao médico Dráuzio Varela. Mas afinal, é necessário mesmo usar o protetor? O que é mito e o que é verdade na hora de fazer a mamografia? Neste Dia Nacional da Mamografia (5 de fevereiro), o Blog Vida & Ação ouviu especialistas a respeito.

“Alguns mitos sobre mamografia ainda circulam, porém, é fundamental que a mulher seja orientada sobre os benefícios do exame que pode reduz a mortalidade por câncer em até 30%, quando realizado anualmente”, afirma Bruno Mancinelli, mastologista da Clínica da Mulher do Hospital 9 de Julho

Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) apontam que mais de 57 mil novos casos de câncer de mama serão registrados no Brasil até o final de 2017. Quando detectada precocemente, a doença tem boas chances de cura – chegando a 90%. O exame mais importante para a detectar lesõ​es​ iniciais no tecido mamário. Segundo , essas lesões podem não ser notadas no autoexame ou exame físico das mamas, pois a mamografia é capaz de identificar tumores com meio centímetro, enquanto o médico só consegue palpar nódulos com cerca de um centímetro ou mais.

De acordo com o Ministério da Saúde, o número de mamografias aumentou em 37% no país em 2016. Campanhas como Outubro Rosa são exemplos de iniciativas prevenção, que não devem ser esquecidas ao longo do ano, uma vez que o câncer de mama é segundo tipo mais frequente, atrás apenas do câncer de pele, e a segunda causa de morte por câncer entre mulheres em todo o mundo. Mancinelli explica que, quando detectado no estágio inicial – que é o foco da mamografia -, a chance de cura pode chegar próximo a 100%. “Daí a importância de não perder tempo entre o diagnóstico e o tratamento, que será menos invasivo quanto menor for a lesão identificada”.

A recomendação da Sociedade Brasileira de Mastologia é que o exame seja feito anualmente, a partir dos 40 anos para todas as mulheres e, naquelas com história familiar de câncer de mama, o rastreamento deve começar 10 anos antes do caso mais jovem da família. “Se uma mulher teve sua mãe acometida com a doença aos 40 anos, por exemplo, ela deverá fazer sua primeira mamografia aos 30 anos” explica o especialista”, entretanto o rastreamento nunca deve começar antes dos 25 anos. Até essa idade o exame de palpação da mamas realizado pelo médico é fundamental” completa. Outros exames, como a ressonância magnética e a própria ultrassonografia, também poderão ser indicados em alguns casos mais complexos ou de maneira complementar, como para as mulheres com mamas densas por exemplo.

“De qualquer maneira, esses exames nunca substituem a mamografia, que é o método mais eficaz para detectar e prevenir o câncer de mama”, diz o médico. Além da visita regular ao médico, a prevenção deve fazer parte rotina. Mudança dos hábitos de vida com combate ao sedentarismo e a obesidade, não fumar ou consumir bebidas alcoólicas em excesso estão entre as principais recomendações. “Estudos recentes mostram que atividade física regular pode reduzir tanto a mortalidade quanto a chance de recidiva em até 30% nas mulheres com a doença”, explica o Dr. Mancinelli.

Mitos sobre a mamografia:

Segundo Gilberto Amorim, oncologista clínico e coordenador de cirurgia mamária do Grupo Oncologia D’Or, o exame é um dos métodos mais importantes quando se fala em diagnóstico precoce. “O tratamento de tumores com 1 cm de diâmetro, por exemplo, pode aumentar as chances de cura, além de diminuir métodos mutiladores, como a mastectomia”, explica.

 Com os avanços da tecnologia, a técnica também se aprimorou nos últimos anos, propiciando à paciente mais uma nova alternativa para a prévia detecção da doença: a tomossíntese. “Na tomossíntese, a imagem da mama é adquirida em bloco e depois são recriadas imagens com um milímetro de espessura, permitindo detectar pequenas lesões escondidas na glândula, inclusive em seu estágio inicial (menores que 10 milímetros), e não palpáveis, impossíveis de serem identificados no autoexame”, afirma a coordenadora do Centro de Mama do Quinta D’Or, Ellyete Canella, especialista em Radiologia Mamária.

Os especialistas falam sobre os principais mitos e verdades que envolvem os exames:

O autoexame é recomendável

Também é recomendável, mas o exame de rastreio é primordial. É óbvio que é importante a mulher conhecer o próprio corpo e a qualquer sinal de anormalidade ela deve procurar o médico, mas o que salva mais vidas é a mamografia.

Mamografia pode causar câncer

Mito. A mamografia usa radiação para formar a imagem da mama e é utilizada para o rastreamento do câncer nesta região. O risco associado à exposição à radiação é mínimo, principalmente quando se comparado com o benefício obtido. Recentemente, um boato na internet citou uma possível relação entre o exame e o câncer na tireóide. A dose de radiação que atinge a glândula durante a realização da mamografia é desprezível.

O protetor de tireoide é realmente necessário?

Esse foi um boato desmentido em nota pela Comissão Nacional de Mamografia – formada pelo Colégio Brasileiro de Radiologia, pela Sociedade Brasileira de Mastologia e pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia: “A dose de radiação para a tireoide durante uma mamografia é extremamente baixa (menor que 1% da dose recebida pela mama). Isto é equivalente a 30 minutos de exposição à radiação recebida a partir de fontes naturais (como o sol).

Câncer de mama não acometeu nenhum membro de minha família, por isso eu não corro risco

Mito. É verdade que histórico familiar contribui para o surgimento da doença, mas a maioria das mulheres que tem câncer de mama não tem casos da doença na família. Por isso é importante o rastreamento mamográfico de qualquer maneira.

A mamografia dói

Verdade. Apesar de ser um exame rápido, ele pode provocar dor em algumas mulheres, dependendo da sensibilidade individual. Mas é tolerável. Depende de diversos fatores, como o método utilizado, a qualidade dos profissionais, o volume das mamas, se a paciente está no período menstrual (o que deve ser evitado). “Neste sentido, é importante ter um laço de confiança, para que o medo de fazer o exame não comece na sala de espera”, exemplifica Mancinelli .

Paciente que tem prótese pode realizar o exame?

Verdade. Nenhuma situação impede a realização do exame de rastreamento, “sendo importante a escolha da técnica e dos profissionais de confiança”, complementa.

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