Caracterizada pela perda involuntária ou dificuldade de “segurar o xixi”, a incontinência urinária gera transtornos, dificuldade de convívio social e até bastante constrangimento, mas, felizmente, há tratamento.

No entanto, o desconhecimento dos sintomas da incontinência urinária, que muitas vezes são minimizados, é a principal barreira para a superação da doença, que gera não somente um problema físico, mas pode ter efeitos sobre o emocional e o psicológico, e restringir a vida profissional e social das pessoa.

Por isso, no Dia Mundial da Conscientização sobre a Incontinência Urinária (14 de março), a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) lança a campanha “Pause a Incontinência Urinária” para alertar a população sobre essa doença que faz com que muitas pessoas “pausem a vida” por causa da urgência em ir ao banheiro.

Incidência maior entre as mulheres

Homens e mulheres de diferentes idades podem sofrer com incontinência urinária. Embora a perda involuntária de urina atinja mulheres e homens de todas as idades, a incidência é maior entre o sexo feminino. No Brasil, 15% das mulheres a partir dos 35 anos de idade têm algum grau de perda urinária e 17% de toda a população possui bexiga hiperativa que se caracteriza por urgência e aumento da frequência em urinar.

O problema é ainda maior entre as gestantes: 40% delas vão apresentar um ou mais episódios do durante a gestação ou logo após o parto. O número de gestações e de partos e o tipo (normais mais que cesáreas) também determina a maior frequência do problema entre as mulheres. As causas podem ser alterações na estrutura do assoalho pélvico e gestações e partos mal assistidos.

Nas mulheres o problema tende a aumentar após a menopausa. Estimativas apontam que 35% das mulheres neste período apresentam incontinência urinária ao fazer algum esforço. “Considerando que uma grande parte dessas mulheres faz parte da população economicamente ativa, estes números são alarmantes”, ressalta Archimedes Nardozza Jr, presidente da SBU. 

Nos homens acima de 50 anos a incidência também é maior, com o surgimento dos problemas de próstata. Cerca de 5% dos pacientes submetidos à cirurgia para retirada da próstata também podem apresentar incontinência urinária.

Muitas situações podem aumentar o risco, por exemplo, envelhecimento, tabagismo, lesões medulares ou doenças do sistema nervoso.  Doenças como diabetes, derrames (acidente vascular cerebral) e obesidade também se associam à maior incidência de incontinência urinária. Problemas genéticos e hormonais também determinam essa condição.

Pessoa com incontinência urinária pode ter uma vida normal

De qualquer forma, a perda involuntária de urina não é normal em nenhuma idade e, para isso, é preciso buscar o tratamento adequado. A SBU também lembra que a doença pode ser controlada e deve ser tratada com o acompanhamento de um urologista. “Os tratamentos disponíveis atualmente abrangem todos os tipos de incontinência urinária e permitem reverter a doença”, afirma

De acordo com o especialista, especificamente no caso da bexiga hiperativa, que é o tipo de perda involuntária de urina mais comum, há novos medicamentos muito eficazes para o controle da vontade de urinar, além de outros tratamentos, tais como estímulos elétricos com equipamentos de fisioterapia, uso de toxina botulínica e implantes de estimulares elétricos nas raízes nervosas da coluna.

“Hoje, qualquer pessoa com incontinência urinária pode ter uma vida normal, sem passar constrangimentos e sem limitar as suas atividades profissionais e sociais”, conclui.

Mais da metade dos casos da doença é de incontinência urinária de esforço  – aquela em que a perda de urina ocorre ao tossir, espirrar, caminhar, correr e pular. “Ela pode ser tratada com fisioterapia para o assoalho pélvico, medicamentos ou cirurgia. É preciso ser avaliado por um urologista para definir o melhor tratamento”, explica o chefe do Departamento de UroNeurourologia da SBU, José Carlos Truzzi.

Conheça os diferentes tipos de incontinência urinária

Existem três tipos básicos de incontinência:

– a de esforço: é a perda de urina que ocorre ao tossir, espirrar, rir ou fazer exercício, como caminhar, correr e pular

– a de urgência: é a perda de urina associada a um desejo súbito e urgente de urinar, que ocorre porque o indivíduo não consegue chegar ao banheiro a tempo. É o que ocorre na bexiga hiperativa.

– a mista: algumas pessoas têm sintomas que podem ser de dois tipos de incontinência urinária.

Há ainda a chamada incontinência urinária paradoxal, quando a bexiga está extremamente cheia e a há uma perda urinária por uma espécie de transbordamento.

Mitos e verdades sobre incontinência urinária

Para desmistificar a incontinência urinária, a SBU elencou alguns mitos e verdades do problema. Veja:

Perder urina é normal com o envelhecimento.

MITO. A perda de urina de forma involuntária não é normal em qualquer idade. Alguns tipos de incontinência ocorrem em pessoas com idade mais avançada, mas não é uma condição normal.

Emagrecer ajuda a melhorar a incontinência urinária.

VERDADE. A redução de peso em obesos promove melhora da continência urinária, devido à menor pressão abdominal que é exercida sobre a bexiga e assoalho pélvico.

A cafeína agrava as perdas involuntárias de urina.

VERDADE. Ainda não há consenso, mas diversos estudos apontam essa relação, principalmente na incontinência associada à bexiga hiperativa.

Urinar diversas vezes ao dia é sinal de incontinência urinária.

MITO. A doença é caracterizada pela perda involuntária de urina, e não pela frequência de idas ao banheiro.

Apenas mulheres que tiveram partos vaginais poderão ter incontinência.

MITO. Outros fatores relacionados à gravidez também aumentam as chances de se ter o problema no futuro, como o ganho de peso e as modificações anatômicas do assoalho pélvico, entre outras.

A diabetes aumenta as chances de a pessoa ter incontinência.

VERDADE. Existe a associação entre diabetes mellitus e algumas formas de incontinência urinária.

É possível prevenir a perda de urina involuntária.

VERDADE. Ter hábitos de vida saudáveis e fazer exercícios de fortalecimento do assoalho pélvico são medidas protetivas.

Atividade física pode causar incontinência.

MITO. Exercícios de baixo impacto têm poder protetivo. Apenas os exercícios de alto impacto podem gerar a incontinência, devido à força da gravidade atuar na musculatura de sustentação da região pélvica.

Quem fez tratamento de câncer de próstata pode ter incontinência.

VERDADE. Homens submetidos a tratamento cirúrgico para câncer de próstata tem uma probabilidade de aproximadamente 5% de terem incontinência urinária.

Existe tratamento para todos os graus de incontinência urinária.

VERDADE. Casos leves a moderados podem ser tratados com fisioterapia, medicamentos, uso de slings – um tipo de malha cirúrgica que melhora a sustentação da uretra – e injeções endoscópicas. Para alguns casos de incontinência urinária mais grave em ambos os sexos e após prostatectomia (em homens), pode ser necessária  a colocação de uma prótese, chamada de esfíncter urinário artificial.

Fonte: SBU

 

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