De acordo com especialistas em alimentação, comer é uma das maiores experiências sensoriais para o ser humano. Os pais precisam de fortes aliados para lidarem com as dificuldades que giram em torno de educar e desenvolver as habilidades de uma criança. E um dos desafios que se torna cada vez mais comum é a seletividade alimentar. Até 30% das crianças com desenvolvimento típico sofrem de dificuldades alimentares.

Por esse motivo, pais de crianças com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) podem passar por dificuldades na hora das refeições. A seletividade alimentar está diretamente ligada à sensibilidade sensorial, o que faz com que os pequenos atípicos tenham reportório alimentar limitado, preferência pela ingestão de um único alimento com alta frequência e recusem determinadas comidas.

Segundo pesquisa da University of Massachusetts Medical School, foi constatado que as crianças com TEA tiveram 41,7% de índice de recusa alimentar em comparação aos 18,9% das crianças com desenvolvimento habitual. A nutricionista Ana Costa, e professora do curso de Nutrição do Uninassau – Centro Universitário Maurício de Nassau Recife, campus Boa Viagem, aponta que, além da angústia na hora da refeição, há riscos de deficiências nutricionais, podendo resultar em doenças, como a anemia.

A dificuldade na alimentação entre os jovens autistas é bastante comum, já que acabam recebendo interferência direta de estímulos sensoriais. Elas sofrem uma alteração no tálamo, filtro dentro do cérebro, e isso influencia em como as informações do meio externo são processadas, impactando na visão, olfato, tato e paladar”, explica.

As crianças com TEA podem ter atitudes mais restritivas, seletivas e ritualísticas que estão ligadas aos costumes alimentares, o que resulta no desinteresse e até na recusa da comida. Segundo a nutricionista, um dos fatores atrelados à dificuldade de os autistas aceitarem os alimentos está na chamada ‘defensiva sensorial’, quando há uma reação a certas experiências referentes ao toque, sempre acompanhada do comportamento negativo.

A professora traz algumas dicas de como enfrentar o problema:

  • O primeiro passo é traçar uma rotina organizada para preparar a hora da refeição para criança, seja ajudando a colocar mesa ou lavar as mãos, como uma forma de preparação.
  • Impeça refeições fora de hora ou as conhecidas ‘beliscadas’ para evitar a perda do apetite
  • Busque, sempre que possível, fazer as refeições em família a fim de a criança ter em quem se espelhar e a motive a experimentar
  • Evite forçar alimentos a eles, mas oferecer, mesmo aos poucos, e incentive sempre a independência, deixando a criança escolher o prato e copo do seu gosto.
  • Também aposte em comidas de cheiros e texturas variadas.
  • É necessária a participação de um especialista na terapia nutricional junto aos demais profissionais para evolução do paciente”, conclui a professora.

Seletividade alimentar: brincadeira pode ser uma aliada

Muitas vezes acredita-se que a seletividade alimentar é um desafio apenas dos pais atípicos. Porém, também está presente no cotidiano dos pequenos que não enfrentam transtornos, como o espectro autista – muito comum nestes casos.

Esse desafio, geralmente, se inicia na primeira infância. A criança prioriza um cardápio restrito, recusa experimentar novos alimentos, as escolhas são repetitivas e existem padronizações de cores, formatos e texturas.  Essas alterações alimentares impactam significativamente a vida das famílias e envolvem diversos outros problemas.

O que fazer quando os filhos se recusam a comer alimentos – como frutas ou verduras -, fazem cara de nojo, empurram o prato e até mesmo têm ânsia de vômito? Com a informação correta, os adultos podem enfrentar a seletividade de maneira assertiva e divertida.

Para ajudar os pais nesta jornada, , a literatura e a pintura são ferramentas que podem mudar a forma dos pequenos verem os alimentos. Por isso,  o ilustrador Bernardo Amin criou a obra “Dino não quer comer – uma jornada pela seletividade alimentar“, com a orientação da nutricionista Elisa de Espíndola e da fonoaudióloga Jéssica Batista.

Com muita pesquisa e dedicação, o ilustrador e as especialistas – que lidam diariamente com os pequenos seletivos, proporcionam uma trajetória que ensina caminhos como a experiência positiva com o alimento, a adequação de comportamento dos pais e tudo mais que se deve ou não fazer durante essa grande aventura em família.

Nesta obra infantil, eles mostram que usar estratégias como a chantagem, comparação e ameaça pode ser ainda mais prejudicial e afirmam que o ato de comer deve ser aprendido de forma positiva, com os pais valorizando as conquistas das crianças.

Na obra, que gira em torno do personagem Dino, um pequeno dinossauro que se nega a comer, tanto as crianças quanto os pais terão dicas direcionadas que esclarecem situações importantes. “Dino não quer comer – uma jornada pela seletividade alimentar’ é um livro que nasceu do desejo de transformar uma situação desafiadora numa oportunidade de aproximar famílias. – Bernardo Amin.

Ainda, em Dino não quer comer, Bernardo proporciona desenhos de colorir do personagem ao fim do livro, atividade que ajuda na fixação da história. As chances de sucesso são muito maiores quando a questão é enfrentada com informação qualificada, de maneira direcionada, educativa e lúdica.

A textura, o sabor, o cheiro e até a temperatura podem fazer com que a criança se recuse a comer determinado alimento, além de contribuir com dicas para os pais de crianças com TEA. O livro traz dicas práticas que ajudam aos pais a enfrentarem as dificuldades com os filhos no momento das refeições. como:

– Não pressionar os pequenos e sim estimular na hora das refeições.
– Entender as características dos alimentos para flexibilizar o cardápio.
– Comemorar cada passo dado em busca de uma dieta nutritiva.

Com Assessorias

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