Marcos Henrique Fernandes Gomes Bello, de 25 anos, perdeu a visão do olho direito depois de sofrer uma tentativa de assalto. Além do impacto do ocorrido, o jovem precisou se acostumar com uma nova realidade, inclusive no trabalho. Na biofarmacêutica GSK, Marcos conta que encontrou um local de acolhimento, e hoje, ocupa o cargo de assistente de Engajamento Médico.
Eu conheci a empresa por meio do medicamento que eu tomava. E a minha namorada trabalhava em frente à empresa. Então, sempre ‘namorei’ a farmacêutica de alguma forma. Queria entrar. No final de 2022, recebi uma proposta, pois havia me inscrito no banco de talentos pra PCD. Demorou um pouco, mas entrei na companhia em abril de 2023”, conta o profissional.
Já Helaine Pero dos Reis, de 48 anos, é assistente administrativa na GSK. Para Helaine, apesar de ser uma obrigatoriedade de lei destinar vagas para Pessoas com Deficiência (PDC), ela sempre buscou estar inserida em uma companhia que valorizasse o profissional pela sua entrega.
Desde o processo seletivo, me senti importante aqui na companhia. Até porque, a validação da deficiência antes da contratação nos dá a oportunidade de contar a nossa história até ali”, afirmou a profissional, que foi admitida em maio de 2023 na GSK.
Para Marcos, a biofarmacêutica investe e valoriza a diversidade. “Na GSK, foi completamente diferente. Quando entrei na empresa, vi que há diversas pessoas também com alguns outros tipos de deficiência. Aqui, todos são importantes”, completou.
Casos como os de Marcos e Helaine, infelizmente, ainda são minoria. De acordo com dados da PNAD Contínua – Pessoas com Deficiência 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem 18,6 milhões de pessoas de dois anos ou mais de idade com deficiência, o que representa 8,9% da população. Entretanto, somente 29,2% delas encontram espaço no mercado de trabalho, mesmo após três décadas da Lei de Cotas para Pessoas com Deficiência. O nível de ocupação para o resto da população é de 62,7%. Confira aqui.
Setembro Verde – o mês da inclusão dos PCDs
O mês de setembro é dedicado às pessoas com deficiência (PcD) e procura conscientizar a população sobre a importância da inclusão com o Setembro Verde. A campanha iniciou-se em 2015 e a data faz alusão ao Dia Nacional da Pessoa com Deficiência, celebrado em 21 de setembro. A data foi instituída em 1982 por movimentos sociais, os quais reivindicavam os direitos dessa população. Mas apenas em 2005 foi oficializado por meio da Lei nº 11.133/2005.
Apesar desses avanços, ainda há muito para ser conquistado, buscando trazer e ampliar práticas efetivas dentro da sociedade. O objetivo da campanha em torno da data é ressaltar a importância da implantação de ações sistêmicas, transversais, intersetoriais, interfederativas e participativas, que garantam os direitos civis, econômicos, sociais, culturais e ambientais de pessoas com deficiência e suas famílias.
Nos indicadores sobre educação, a taxa de analfabetismo entre esse segmento da população é quase cinco vezes maior que a geral (19,5% contra 4,1%); a conclusão do ensino básico é menor (25,6% contra 57,3%); e 78,8% da população com deficiência estuda em escolas públicas.
O objetivo é conscientizar sobre a importância do desenvolvimento de meios de inclusão das pessoas com deficiência na sociedade, que ainda caminha a passos lentos. Há mais de 30 anos, a Lei de Cotas para Pessoas com Deficiência determina que empresas com 100 empregados ou mais reservem vagas para o segmento.
Independentemente da legislação, a GSK destina vagas para PCD´s e fomenta ainda quatro Grupos de Afinidade ou ERGs (Employee Resource Groups), dentro da estratégia global e local de promoção da Diversidade, Equidade & Inclusão (DE&I).
Os grupos são: Embrace – contemplando raça e etnia; Disability Confidence Network (DCN) – focado em pessoas com deficiência; Women’s Leadership Initiative (WLI) – para ampliar cada vez mais a força da liderança feminina; e Spectrum – orientado para a comunidade LGBTQIA+.
Os grupos foram criados para pensar e pôr em prática ações de inclusão e promoção de diversidade. Agimos cada vez mais para ir além da obrigatoriedade da lei, oferecendo um ambiente acolhedor, estimulante e de desenvolvimento de Pessoas com Deficiência”, explica Gil Araújo, diretor comercial e porta-voz do DCN.
Desde 2020, integra o Valuable 500 pledge, grupo de 500 empresas globais comprometidas em fortalecer o tema deficiência na agenda da liderança. “A GSK tem como meta proporcionar um ambiente de trabalho cada vez mais justo e inclusivo, onde todos possam prosperar, sentir-se bem e valorizados e tenham, ainda, oportunidades de se desenvolver e contribuir”, completa.
Como nosso objetivo é fazer com que eles se sintam à vontade, sem qualquer tipo de desconforto, perguntamos no momento da contratação como querem que seja o dia a dia na empresa. Porém, é claro que, caso o PCD ou algum outro colaborador perceba alguma dificuldade, pode entrar em contato com o RH que serão tomadas as providências necessárias”, ressalta o gerente de RH, Felipe Donizetti
Para ser realmente um ambiente inclusivo, a indústria escuta de seus colaboradores com deficiência como eles querem ser tratados e se é necessária alguma melhoria na estrutura física e organizacional da empresa.
Temos muito sucesso com a contratação de deficientes e estamos nos preparando, cada vez mais, para receber as pessoas de acordo com suas limitações, sem distinção. O objetivo é que os colaboradores, deficientes ou não, se sintam acolhidos. Todos os colaboradores recebem o mesmo tratamento no dia a dia e nos treinamentos, isso porque não temos profissionais PCD’s que precisam de grandes adaptações e tutores.
A Metalus Indústria Mecânica, que fornece soluções em processamento de chapas metálicas para diversos setores, é associada à Câmara de Comércio e Indústria Brasil – Alemanha do Paraná (AHK-PR), entidade que representa a economia alemã no estado, além de promover cursos, grupos de intercâmbio para trocas de experiência e networking entre empresas. A inclusão, como um todo, está entre os assuntos debatidos pela Câmara em seu Comitê de Diversidade e Inclusão.
O trabalho da pessoa com deficiência e a lapidação dos direitos humanos foi um dos temas tratados pelo Comitê em 2024, que contou com a palestra de Ricardo Tadeu Marques da Fonseca, o primeiro Desembargador do Tribunal Regional do Trabalho do Paraná deficiente visual.
Tivemos a participação de diversas empresas associadas que, assim como a Metalus, já trabalham com a inclusão no seu dia a dia e querem tornar o ambiente empresarial ainda mais confortável. Desse encontro, saíram diversas ideias e exemplo para uma verdadeira inclusão, aquela que não apenas contrata, mas pensa no bem-estar desses colaboradores”, destaca Augusto Michells, gerente regional da AHK-PR.
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Com Assessorias
