Embora os brasileiros tenham apontado a Covid-19 como a doença que mais preocupa, a meningite segue no topo de preocupações de pais e mães. Segundo pesquisa realizada pelo Ipec, a pedido da Pfizer, 56% dos responsáveis por crianças e adolescentes temem a doença no Brasil.
Apesar disso, o levantamento indicou que quase metade dos participantes (46%) desconhece que as vacinas possam prevenir formas graves de meningite, doença associada a altas taxas de letalidade.
Apesar do baixo conhecimento da população sobre os sintomas da meningite, a pesquisa da GSK, conduzida pela Ipsos, mostrou que 88% dos entrevistados acreditam que a meningite é uma doença grave. Em relação à imunização, para 97% dos pais brasileiros, a vacina contra a meningite é vista como uma das mais importantes.
De 2007 a 2020, só no Brasil, foram confirmados mais de 265 mil casos de meningite, doença prevenível por vacina. Segundo preconizam autoridades de saúde internacionais e nacionais, a forma mais segura e eficaz de formas graves da doença meningocócica, seja viral ou bacteriana, é a vacinação. A proteção a partir da imunização evita o adoecimento e surtos pela doença.
No entanto, dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, apontam que, em 2023, 75,4% do público-alvo da vacina meningocócica C, oferecida gratuitamente pelo SUS, cumpriu o esquema vacinal recomendado.
Em 2022, a cobertura ficou em 78,6%, número muito abaixo da meta de 95% recomendada pelo PNI. Em 2021, o país registrou uma taxa de 76,90% na cobertura vacinal contra a doença pela rede pública de saúde, número abaixo da meta de 90%, estipulada pelo Ministério de Saúde como sendo a ideal.
Por isso, conscientizar sobre os perigos da meningite, doença que tem vacinas efetivas disponíveis no Brasil é também salvar vidas. Ainda com baixas coberturas vacinais e necessidade urgente de retomar as metas de vacinação, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) brasileiro conta com vacinas que previnem diferentes formas de meningite bacteriana.
Uma doença devastadora
A meningite é uma doença inflamatória das membranas (meninges) que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Esta condição pode ser causada por infecções virais, bacterianas ou fúngicas. A forma bacteriana é a mais grave e pode levar a complicações sérias, como danos neurológicos permanentes ou até a morte, se não for tratada rapidamente.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a meningite é considerada uma doença devastadora, por conta do seu contágio e sintomas. No Brasil, foram notificados pelo Ministério da Saúde cerca de 400 mil casos suspeitos entre 2007 e 2020.
As meningites mais comuns no Brasil são em primeiro lugar a Meningite C e em segundo a Meningite B, mas os sorogrupos W e Y apesar de serem menos comuns podem causar surtos, e a melhor forma de prevenir é através da vacinação contra a doença, disponível nas redes pública e privada.
Recentemente a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) emitiu um alerta confirmando a presença do verme Angiostrongylus cantonensis, causador de meningite eosinofílica, em caramujo coletado na cidade de Nova Iguaçu (RJ), Baixada Fluminense e uma morte foi confirmada.
Nos últimos anos, com a divulgação de surtos de meningite, especialmente dos sorogrupos B e W, houve um aumento na procura pelas vacinas nas clínicas privadas. Esse movimento reflete uma preocupação com a cobertura limitada oferecida pelo SUS e o desejo por uma proteção mais completa para crianças e adolescentes”, comenta o cardiologista Fábio Argenta, diretor médico da Saúde Livre Vacinas.
Com a vacinação, a taxa de mortalidade por meningite bacteriana diminuiu entre crianças pequenas, que são mais vulneráveis à doença. Ela tem ajudado a controlar surtos de meningite, especialmente em áreas onde a doença era mais prevalente. É uma medida essencial para salvar vidas, ao imunizar a população, especialmente crianças e adolescentes, reduz-se significativamente o risco de contágio e complicações graves, como danos neurológicos permanentes.
Além de proteger o indivíduo, a vacinação contribui para a imunidade coletiva, limitando a propagação da doença e protegendo aqueles que, por condições de saúde, não podem ser vacinados. A imunização em massa é uma das ferramentas mais eficazes na luta contra a meningite e outras doenças infecciosas, salvando vidas e garantindo um futuro mais saudável para a sociedade”, finaliza Argenta.
Metas da OMS para 2030
Para a diretora médica da Pfizer Brasil, Adriana Ribeiro, “falar sobre vacinação é decisivo para ajudar a diminuir o desconhecimento sobre vacinas no País, que, infelizmente, vem crescendo junto com a grande onda de fake news sobre o tema”.
Considerando o cenário preocupante de redução global das coberturas vacinais e a gravidade da doença, a Organização Mundial da Saúde (OMS) colocou como meta até 2030:
- eliminar as epidemias de meningite bacteriana;
- reduzir 50% dos casos de meningites bacterianas preveníveis por vacina e 70% dos óbitos;
- reduzir a incapacidade e
- melhorar a qualidade de vida após a meningite por qualquer causa.
Alguns dos pilares deste plano são a prevenção por vacinação e controle de epidemias; diagnóstico e tratamento adequados; e conscientização sobre a doença.
Quais vacinas estão disponíveis no SUS e na rede privada?
A vacinação contra a meningite faz parte do calendário nacional de imunização, porém, o Sistema Único de Saúde (SUS) não oferece cobertura para todos os tipos da doença. Na rede pública, estão disponíveis as vacinas contra a meningite C e ACWY, além das vacinas pneumocócica 10 e a Penta, que incluem proteção contra o Haemophilus influenzae tipo B (HIB), também causador de meningite. No entanto, para se proteger especificamente contra o tipo B da meningite, é necessário recorrer à rede particular de vacinação.
No Brasil, existem atualmente vacinas para a prevenção de cinco sorogrupos do meningococo: A, B, C, W e Y – com imunizantes disponíveis na rede pública ou na rede privada de saúde, de acordo com a vacina e com a idade do indivíduo.
Na rede pública de saúde (SUS), a população pode encontrar vacinas contra o meningococo C em bebês, com doses aos 3 e 5 meses de idade, e um reforço aos 12 meses, que pode ser aplicado em crianças menores de 5 anos de idade com esquema incompleto. Nos postos de saúde, também são aplicadas gratuitamente imunizantes contra os sorotipos A, C, W e Y, para adolescentes de 11 a 14 anos.
As vacinas pneumocócica 13-valente, polissacarídea 23 valente, meningocócicas C e ACWY e a BCG também estão disponíveis no sistema público nos Cries, para populações que convivem com algumas condições especiais de risco.
Para outras idades, a vacina ACWY está disponível na rede particular e é recomendada pelas sociedades médicas aos 3, 5 e 12 meses, com reforços recomendados aos 5 e 11 anos. Para adolescentes não vacinados, a recomendação das sociedades médicas é de duas doses com intervalo de 5 anos entre elas. Já a vacinação contra o sorogrupo B está disponível somente na rede privada e é recomendada pelas sociedades médicas aos 3, 5 e 12 meses, e para adolescentes não vacinados, em duas doses.
Produção nacional da vacina meningocócica ACWY
Em dezembro de 2022, a vacina meningocócica ACWY – que protege contra quatro tipos da meningite meningocócica – passou a ser fornecida por meio de uma parceria entre a GSK e os institutos brasileiros Fiocruz e Funed, que passaram a produzir o imunizante no país, reduzindo a dependência internacional de insumos na área da saúde
Com essa parceria entre GSK, Fiocruz e Funed, a produção da vacina meningocócica ACWY conjugada se tornará 100% nacional. Esse é um passo importante para o combate à meningite meningocócica no país, ampliando o acesso da população à vacinação e contribuindo assim para a prevenção da doença e controle epidemiológico, além de fortalecer a indústria nacional”, explica Ana Medina, farmacêutica, pós-graduada em imunologia e gerente de assuntos médicos de vacinas da biofarmacêutica GSK,
Vacinar é prevenir: conheça as 7 vacinas contra a meningite
Há sete vacinas recomendadas e disponíveis do Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com o sorotipo de meningite.
- Meningite tuberculosa:
Vacina BCG, disponível em dose única para crianças ao nascer até 30 dias de vida. Também pode ser aplicada naqueles que não se vacinaram até antes de completarem 5 anos.
- Meningite pneumocócica:
Vacina pneumocócica 10-valente, disponível em 3 doses para crianças aos 2, 4 e 12 meses, ou uma dose única para não vacinados até 4 anos, 11 meses e 29 dias.
Pneumocócica 13-valente: indicada para indivíduos a partir de 5 anos, incluindo adultos que são soropositivos (HIV/Aids), paciente oncológico, transplantados de órgãos sólidos e transplantados de células-tronco hematopoiéticas.
Pneumocócica 23-valente: uma dose é suficiente para proteção. Para a pessoas a partir de 60 anos a revacinação é indicada uma vez, sendo realizada 5 anos após a dose inicial.
- Meningite meningocócica:
Vacina meningocócica C, disponível em 3 doses para crianças aos 3, 5 e 12 meses, ou uma dose única para não vacinados até 4 anos, 11 meses e 29 dias.
Vacina meningocócica ACWY, disponível em dose única ou reforço para adolescentes de 11 a 14 anos de idade. A vacina é recomendada para crianças de 3, 5 e 7 meses de vida. Com dose de reforço indicadas em duas situações, sendo a primeira entre 4 e 6 anos, e aos 11 anos.
- Meningite por Haemophilus influenzae tipo b:
Vacina pentavalente (vacina contra difteria, tétano, coqueluche, Hepatite B e Haemophilus influenzae tipo B – DTPw-HB-Hib), disponível em 3 doses aos 2, 4 e 6 meses.
Com Assessorias