“A enfermagem não raro é vítima de comparações que a subalternizam”, pontuou. “O Coren-SP condena qualquer fala ou atitude que vincule a enfermagem a uma inferioridade frente às demais profissões”, diz a nota (veja abaixo na íntegra).
Entenda a polêmica:
“Eu era fisioterapeuta e vi um médico entubando [um paciente] e falei assim: ‘eu queria fazer isso aí’. Uma enfermeira branca olhou para mim e disse: ‘Sai para lá, menino. Isso dai é só para médico‘. Sete anos depois, eu voltei lá e ela foi minha enfermeira. É, tô aqui, doutor Fred Nicácio. Agora eu vou entubar e você vai me ajudar. É assim que a gente trata racista”, relatou.
Em conversa com sua dupla Domitila, o participante Cezar Black, enfermeiro formado, revelou ter se sentido ofendido e chorou ao explicar a importância da profissão.
“Isso é uma coisa que brigamos todos os dias. (…) A enfermagem vai estar do dia que você nasce, na hora da UTI, quando você tá internado, sofrendo… até quando você morreu. Quem prepara o seu corpo é a enfermagem. Nós somos a primeira passagem quando você vem ao mundo e a última. Então nossa classe é f***, trabalha mais que todas as outras classes e não tem reconhecimento”.
PRONUNCIAMENTO DO COREN-SP:
“O programa Big Brother Brasil 23 exibiu entre ontem e hoje uma discussão sobre a autonomia da enfermagem. O participante Cezar Black, que é enfermeiro, desabafou que se sentiu ofendido sob uma menção do participante Fred Nicácio, médico e fisioterapeuta, de que uma enfermeira deveria auxiliá-lo.”=
“A enfermagem é uma profissão regulamentada e autônoma e não está subordinada a nenhuma outra, uma vez que todas as categorias da saúde têm atribuições devidamente estabelecidas. A enfermagem não raro é vítima de comparações que a subalternizam, mesmo depois de toda a sua atuação ter sido amplamente divulgada nos últimos anos, devido à sua essencial atuação frente à pandemia da COVID-19.
“Portanto, o COREN-SP condena qualquer fala ou atitude que vincule a enfermagem a uma inferioridade frente às demais profissões e defende o cuidado integrado e respeitoso das equipes multidisciplinares também como uma forma de valorização da categoria.”
Mais enfermeiros que médicos no Brasil
Segundo o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), o Brasil possui mais enfermeiros do que médicos. São 473.498 enfermeiros com formação superior, contra 432.870 médicos registrados no Conselho Federal de Medicina. Cerca de 65% da força de trabalho na saúde no Sistema Único de Saúde (SUS) é composta por enfermeiros, sendo auxiliares, técnicos e graduados, de acordo com o conselho.