Hoje faz 30 dias que a vereadora Marielle Franco foi exterminada. Não mataram Marielle, apenas. Exterminaram-na. Foram 13 tiros. Ela e seu motorista, Anderson Pedro Gomes. Marielle recebeu 46.502 votos. Foram atingidas também estas pessoas. Estes seus eleitores. Mas todos nós — eleitores de Marielle ou não — fomos alvejados de alguma forma. Por gente que deseja a morte do Estado de Direito, onde se respeitam direitos e se exigem deveres. Por gente que deseja e trama o extermínio da democracia.
Hoje, uma moça na rua carregava um adesivo no peito onde se lia “Marielle vive”. Tinha os olhos vermelhos. Mas nestes olhos também se via uma nesga de esperança. Esperança de que somos nós os responsáveis pela redenção de nosso país combalido, assolado por todos que não se comovem por Marielle. E isso não significa dizer que não nos comovamos por outras mortes. Mas a de Marielle exibe a cabeça grotesca da Górgona, certa e segura da impunidade, de que pode exterminar o Estado Democrático Brasileiro. Por enquanto.
Porque, hoje, esta mulher, mãe, negra, da favela, que superou tantos obstáculos, passou e passa a nos servir de exemplo de superação, de coragem, de enfrentamento e de cobrança permanente para que a Górgona seja capturada e exemplarmente presa. Como acontece em regimes democráticos e pujantes, que vamos fazer por merecer e manter. Marielle vive. Nos olhos vermelhos daquela jovem na rua e nos nossos. Viva Marielle!
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