Por Paulo Eduardo Pizão*
Março AzulMarinho é o nome da campanha que tem o objetivo de promover a prevenção e o combate ao câncer colorretal, ou câncer do intestino, como é mais conhecido o câncer de cólon e reto (a porção final do intestino grosso).  A importância dessa campanha se justifica por diferentes fatores. Em primeiro lugar, pelos números associados à doença.
Dados da Associação Internacional para Pesquisa em Câncer mostram que o tumor colorretal é o quarto câncer mais comum no mundo, com mais de um milhão de casos novos diagnosticados anualmente. Ainda pelos dados da IARC, no cenário mundial, este tipo de câncer aparece como a terceira maior causa de morte por tumores (aproximadamente meio milhão de óbitos por ano), atrás dos cânceres de pulmão e mama.
Paulo Eduardo Pizão, médico oncologista (Foto: Divulgação)
No Brasil, as estatísticas doInstituto Nacional do Câncer (Inca) mostram que, em 2019, o câncer colorretal provocou a morte de 20.576 pessoas (10.191 homens e 10.385 mulheres). A estimativa do Inca para 2020 foi de cerca de 41 mil casos novos de câncer do intestino grosso.
Informar-se corretamente, um dos objetivos da campanha Março AzulMarinho, nos dá meios para diminuirmos o risco de desenvolvermos o câncer colorretal ou diagnosticá-lo o mais cedo possível. É importante saber, por exemplo, que a probabilidade aumenta com a idade. Este tipo de tumor é infrequente entre os jovens e muito mais comum a partir dos 50 anos.
Por isso, recomenda-se que, quem chegou a esta idade, mesmo que não apresente queixas relacionadas ao hábito intestinal (indivíduo assintomático), converse com um médico ou busque informações nos serviços de saúde, para conhecer as alternativas e disponibilidade dos chamados exames de rastreamento, como pesquisa de sangue oculto nas fezes, retossigmoidoscopia e colonoscopia.
Para quem tem parentes próximos com diagnóstico confirmado de câncer colorretal, para aqueles que têm doenças inflamatórias do intestino, como retocolite ulcerativa ou doença de Crohn, e indivíduos com certas doenças hereditárias, como a polipose familiar, a orientação sobre exames de rastreamento deve ser individualizada e realizada antes dos 50 anos. Em alguns casos, é recomendada a avaliação por especialista em Oncogenética.

Como a nossa alimentação influencia?

Também é importante salientar que determinados hábitos e escolhas podem aumentar nosso risco de desenvolver câncer colorretal. Estudos e pesquisas internacionais demonstraram que o tabagismo, o consumo de bebidas alcoólicas, a alimentação com poucas fibras (frutas e vegetais) e excesso de carnes vermelhas e processadas (salsicha, mortadela, linguiça etc.), estão associados ao desenvolvimento da doença. Além disso, deve-se evitar o sedentarismo e o excesso de gordura corporal.
Conhecer os sinais e sintomas mais frequentemente associados ao câncer colorretal também é relevante. Deve-se buscar avaliação médica, sem demora, no caso de se observar a presença persistente de sangue nas fezes; se as fezes passarem a ter formato fino ou achatado (em forma de fita); se acontecer mudança inexplicável no hábito intestinal, especialmente se forem períodos de diarreia intercalados com períodos em que o intestino para de funcionar; se surgir dor ou desconforto abdominal recorrentes; se detectada tumoração abdominal, anemia, fraqueza e/ou perda contínua de peso sem motivo.
Quando um ou mais desses sinais e sintomas estão presentes e a pessoa passa por avaliação médica adequada, aumentam as chances de que, se for mesmo um tumor do intestino, seja descoberto e tratado em estágio inicial. Nessas circunstâncias, as chances de cura superam 90%.
Por outro lado, apesar de muitos avanços terapêuticos e das constantes pesquisas, o câncer colorretal diagnosticado em estágios avançados ainda exige tratamentos complexos e de alto custo, resultando em prognóstico limitado, com alto risco de toxicidades graves e sequelas indesejáveis. Isso é o que o engajamento na campanha “Março AzulMarinho” procura evitar.
*Paulo Eduardo Pizão (CRM 58.041) é coordenador do Vera Cruz Oncologia

 

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