De 2022 para cá, o Lipedema ganhou status de doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mas apesar de afetar de 10% a 11% das mulheres, ainda é pouco conhecido. Algumas personalidades, como Amanda Djehdian, ex-participante do BBB 2015, a ex-paquita Tatiana Maranhão, e Camila Loures, influenciadora digital e youtuber, enfrentam essa condição crônica caracterizada elo acúmulo desproporcional de gordura nas pernas e braços.

O Lipedema afeta milhões de pessoas em todo o mundo – quase que exclusivamente mulheres – e, estima-se, pode atingir cerca de 5 milhões de brasileiras. A doença resulta em dores nos membros afetados e muito desconforto, mas, ao contrário da gordura comum, não diminui com restrições alimentares hipocalóricas ou exercícios físicos e, com o tempo, tende a aumentar em diferentes estágios.

O médico Fábio Kamamoto, diretor do Instituto Lipedema Brasil, e Amanda Djehdian, ex-participante do BBB 2015, embaixada da ONG Movimento Lipedema (Foto: Divulgação)

Junho foi instituído o mês da conscientização do Lipedema. A Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP) aproveita a campanha Junho Roxo para difundir o diagnóstico precoce e também garantir um tratamento adequado para todos aqueles que enfrentam essa condição.

“O lipedema é uma doença bastante comum, que afeta uma em cada dez mulheres. Dependendo da gravidade, essa condição pode ter um impacto significativo na qualidade de vida. Mulheres em idade de reprodução, desde a puberdade até a fase de mudanças hormonais com o início do climatério, são as mais atingidas”,  afirma o cirurgião vascular e presidente da SBACV-SP, Fabio Rossi.

Além da gordura excessiva desproporcionalmente distribuída, os sintomas incluem desconforto, fragilidade capilar, equimoses e edema nas regiões afetadas. lipedema pode causar complicações, como dor crônica, comprometimento progressivo da mobilidade e problemas linfáticos, devido ao inchaço. Em estágios avançados, pode estar associado a quadros psicológicos, como depressão, devido ao impacto na qualidade de vida.

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Caminhada lança campanha ‘Conheça Lipedema’

Para marcar a campanha Junho Roxo, a ONG Movimento Lipedema – formada pela associação de mulheres portadoras da doença crônica – promoveu uma caminhada neste domingo (18/6) no Parque do Ibirapuera, em São Paulo.

Liderado pela presidente da ONG, Gabriela Pereira e pelas embaixadoras do projeto – a empresária e ex-BBB Amanda Djehdian e a influenciadora fitness Gabriela Martinez – o evento teve como objetivo reunir pessoas com esta condição médica para compartilhar informação relevante sobre o lipedema, ainda pouco conhecido.

A influenciadora Gabriela Martinez se prepara para a caminhada no Parque do Ibirapuera (Fotos: Divulgação ONG Movimento Lipedema / Agência KBranding)
Tamiris de Sá, portadora de Lipedema, e a presidente da ONG Movimento Lipedema, Gabriela Pereira (Fotos: Divulgação / Agência KBranding)

Esta é a primeira edição da campanha Conheça Lipedema (www.conhecalipedema.com.br) que vai divulgar mais ações gratuitas como esta ao longo deste mês e até o dia 6 de julho para todas as mulheres que têm a doença. “A ideia é levar conhecimento ao máximo possível de mulheres”, comenta a diretora da ONG Movimento Lipedema, Gabriela Luciana Pereira.

Confira ao final do texto as demais atividades programadas para as próximas semanas. 

Participantes reunidos para a caminhada organizada pela ONG Movimento Lipedema (Fotos: Divulgação / Agência KBranding)

 

Primeiro passo é procurar um especialista

O primeiro passo no tratamento, de acordo com a SBCV-SP, é procurar um especialista angiologista ou cirurgião vascular, que realizará a avaliação dos diagnósticos diferenciais nos casos de sintomas como dor e inchaço nas pernas. O diagnóstico inicial da doença é clínico, e cabe ao profissional detectar a suspeita.

Segundo Fábio Rossi, ao apalpar o tecido adiposo, o médico pode identificar dores e a presença de nódulos e avaliar sua consistência, considerando o lipedema como uma possibilidade. Exames como ultrassonografia, ressonância magnética e linfografia podem ser utilizados para auxiliar no diagnóstico.

“Não existem exames que marquem a presença da enfermidade antes que ela seja clinicamente observável. Os exames (ultrassom, tomografia, cintilografia linfática, bioimpedância) servem para diagnóstico de casos em que há suspeita de associação de problemas”, informa o cirurgião vascular.

Paciente deve ser acompanhado por equipe multidisciplinar

O presidente da SBACV-SP ainda esclarece que em alguns casos onde o tratamento clínico não é suficiente, e são descartadas outras causas para a doença, e que ainda comprometa a qualidade de vida, técnicas de lipoaspiração podem ser indicadas. Porém, as taxas de complicações e os resultados a longo prazo ainda são desconhecidos.

“Esses casos devem ser avaliados por uma equipe multidisciplinar, e a melhor estratégia terapêutica deve ser decidida de forma compartilhada”, explica Dr. Fabio Rossi.

Como o paciente viverá com a condição pelo resto da vida, o acompanhamento médico é fundamental. Ele é realizado de forma multidisciplinar, ou seja, com profissionais de diferentes áreas, sendo os mais recomendados os  cirurgiões vasculares, dermatologistas, fisioterapeutas e nutricionistas.

Uso de meias de compressão pode ser recomendado

O cirurgião vascular Mauro Figueiredo Carvalho de Andrade, membro do Departamento de Doenças Linfáticas da SBACV-SP, explica que pacientes com lipedema são mais suscetíveis a lesões das articulações. Em casos mais avançados, podem ter dificuldades na marcha e consequente atrofia muscular.

Uma das recomendações é o uso das meias de compressão, sugestão que, de acordo como especialista, pode ser recebida com relutância e parte dos pacientes resiste em utilizá-las por experiências prévias malsucedidas devido a prescrições inadequadas.

“As meias normalmente usadas para o tratamento de edemas de membros inferiores (em doenças venosas não avançadas, por exemplo) são meias tecidas com malhas circulares. Em pacientes com lipedema, o uso recomendado – aliado ao acompanhamento médico – são meias elásticas com baixo estiramento (menor elasticidade), obtidas quando o material da fabricação é a malha plana. É um tipo de tecido menos extensível, mais robusto, confortável e se adapta melhor ao formato do membro afetado”, esclarece o médico.

Entenda os tipos e estágios do lipedema

A doença é dividida de acordo com as áreas dos membros que estão afetadas:

Tipo I: acomete a região do quadril;

Tipo II: envolve o quadril e as coxas;

Tipo III: atinge todo o membro inferior, com a formação de “manguito” de gordura nos tornozelos;

Tipo IV: braços – bastante associado aos tipos II e III;

Tipo V: apenas do joelho para baixo.

Existe ainda outra classificação que se refere à evolução e gravidade da doença.

lipedema é classificado em diferentes níveis.

No nível 1, ainda não há alterações na pele, apenas inchaço nas pernas que pode diminuir com a elevação dos membros.

No nível 2, ocorre o surgimento de relevos visíveis na pele, bem como a presença de lipomas, eczema e erisipela. Nesse estágio inicial, também é perceptível o inchaço ao longo do dia, mas melhora apenas parcialmente com repouso.

O nível 3 caracteriza um estágio mais avançado do lipedema, com tecido adiposo endurecido, fibroso, edema evidente e grandes dobras de pele sobrepostas.

No quarto e último nível, as dobras são ainda maiores, pode haver comprometimento do sistema linfático (linfedema) e o acometimento não se limita apenas às pernas, mas também aos braços, peito e tronco.

Dr Mauro explica que a doença progride em quatro estágios, com a possibilidade de afetar o sistema linfático.

“O mecanismo exato dessa lesão linfática não é totalmente claro. Além disso, devido ao comprometimento da musculatura da perna, o sistema venoso das extremidades inferiores pode apresentar um funcionamento inadequado”, afirma o especialista.

  1. Estágio 1: a superfície da pele é normal, ocorre aumento da gordura no tecido subcutâneo e há presença de nódulos de gordura, palpáveis sob a pele
  2. Estágio 2: a pele é irregular, um pouco mais flácida do que o esperado para a idade e com aspecto de celulite, e os nódulos que podemos palpar ficam maiores.
  3. Estágio 3: a pele é significativamente mais flácida, com a presença de dobras de pele. Isso pode causar dificuldade para caminhar e se movimentar. Além dos nódulos, podemos palpar também áreas de fibrose, que são como cicatrizes por baixo da pele causadas pela inflamação crônica.
  4. Estágio 4: todas as alterações descritas no estágio 3, mais o comprometimento do sistema linfático. O linfedema (comprometimento dos vasos linfáticos) pode ocorrer em qualquer estágio, mas é mais frequentemente encontrado no estágio 4, chamado de lipolinfedema.

Agenda Positiva

Campanha Conheça Lipedema 2023

Vídeo sobre lipedema nos cinemas (entre 22/6 e 6/7) O vídeo produzido pela agência KBranding com tom educativo e informativo “Você conhece o lipedema?” será exibido em 37 salas de cinema da capital paulista. Com duração de 30 segundos, conta com a participação voluntária das influenciadoras Tatiana Maranhão, jornalista e assessora da Xuxa, e Amanda Djehdian, empresária e ex-BBB, portadoras da doença.

Caminhão itinerante do lipedema (entre 28 e 30/6) – Durante quatro dias, um caminhão itinerante coberto de painéis de LED percorrerá a cidade de São Paulo para espalhar informação sobre a doença. 

Tenda móvel “Ação Conheça Lipedema” no Parque Villa Lobos (1/7) – O caminhão de LED virará tenda móvel e deverá estacionar no Parque Villa Lobos das 9h às 14h para compartilhar informações sobre a doença de forma humanizada. Uma equipe composta por fisioterapeutas, enfermeiras, nutricionistas e profissionais de educação física voluntários estará disponível para os visitantes que quiserem orientações sobre diagnóstico e tratamento.

Lives gratuitas (21, 26 e 28/6) – Toda semana no perfil do Instituto Lipedema Brasil (@lipedemabrasil) haverá um bate-papo online às 20h que poderá ser acompanhado por pessoas de qualquer região do país. Entre os assuntos a serem discutidos estão a importância do diagnóstico e tratamento precoce; fisioterapia ao longo do tratamento da doença; pós-operatórios, entre outros, com a participação de alguns dos especialistas da equipe multidisciplinar do Instituto, além do diretor Fábio Kamamoto, um dos médicos pioneiros no tratamento da doença no país. 

Com Assessorias

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